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O uberX, a categoria mais barata do serviço, é a que tem mais potencial para concorrer com os taxistas | Hugo Harada/Gazeta do Povo
O uberX, a categoria mais barata do serviço, é a que tem mais potencial para concorrer com os taxistas| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O início do cadastramento de motoristas interessados pela empresa que opera o aplicativo Uber em Curitiba, na última terça-feira (16), gerou alvoroço entre os taxistas da cidade e também preocupação do vereador Chico do Uberaba. Autor de projetos em tramitação na Câmara dos Vereadores que penalizam o transporte de passageiros por veículos não regulamentados, o parlamentar disse ver com “preocupação” a situação e afirmou ter recebido dezenas de mensagens de taxistas horas após a publicação da reportagem em veículos de comunicação. Em comunicado enviado aos motoristas já cadastrados da cidade, a empresa que opera o aplicativo diz que está visando Curitiba para o uberX, a categoria mais barata do serviço e com mais potencial para concorrer com os taxistas.

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“Fiquei sabendo [da procura por motoristas] pela mídia. E isso acabou nos preocupando. É um descaso para com a população. Eu não sou contra o aplicativo, contra inovação, contra tecnologia. Mas tem de ser regulamentado”, afirmou Chico do Uberaba, que diz ter sido procurado por diversos taxistas preocupados com a notícia. Eles conversam por meio de grupos formados em aplicativos para celular.

Desde que o Uber passou a operar em outras cidades brasileiras (já são cinco no total), o vereador do PMN tem apresentado projetos que, de alguma forma, inviabilizariam a presença do aplicativo em Curitiba. O primeiro deles tentava simplesmente barrar o app. O segundo tratou da criação de uma lei que permitiria multa de 1,7 mil a quem fosse flagrado transportando passageiros sem a credencial da Urbs. O terceiro manteve essa multa, mas se tornou um adendo a “lei dos taxistas”, de 2012. A previsão do parlamentar é de que o assunto seja votado em plenário entre março e abril deste ano.

Taxistas ouvidos pela reportagem também se mostraram contra a atuação do Uber em Curitiba antes de uma regulamentação. “É como se eu pegasse o seu bloco de anotações e gravador e saísse por aí fazendo reportagens”, provocou um deles, ao ser indagada pela reportagem sobre o assunto. O profissional preferiu se manter anônimo.

Em nota, a empresa operadora do Uber afirmou que avalia a possibilidade de Curitiba receber o aplicativo em algum momento de 2016 e que a busca por profissionais que queiram atuar como motoristas faz parte desta prospecção – que é realizada em diversas cidades simultaneamente. No email enviado aos motoristas que iniciaram o cadastramento, a empresa diz que está preparando o lançamento do uberX em Curitiba, a categoria mais barata do serviço, com carros de modelos mais simples e corridas mais baratas que na categoria UberBlack, dedicada a carros mais luxuosos.

No comunicado aos motoristas, a empresa também uma renda potencial para quem trabalhar para ela: “Pronto para começar a ganhar até R$ 5 mil por mês”.

O uberX chegou ao Brasil em junho do ano passado. Atualmente, em Brasília, por exemplo, tem como tarifa base R$ 2,70, mais R$ 0,18 o minuto da viagem e R$ 1,25 o km rodado. Em comparação, na mesma cidade, o UberBlack cobrava tarifa base de R$ 4, R$ 0,32 por minuto de viagem e R$ 2,20 por km rodado.

Interesse no Uber

Outro taxista comentou a possibilidade de funcionários de taxistas migrarem para a Uber. “Eles podem até querer. Mas, com essa crise, quem vai arriscar investir em um carro de luxo. Tenho notícias de que 10% dos que conseguiram as novas placas já as devolveram porque se endividaram e não estão tendo retorno”. Ele também pediu para não ser identificado. Em 2014, a prefeitura licitou 750 novas placas na cidade depois de quatro décadas sem incorporar novos carros à frota.

O decreto que regulamenta o serviço de táxi em Curitiba estabelece que os detentores das per­­missões devem dirigir o veículo por pelo menos um terço do período. No restante do tempo é permitido manter funcionários. A prática mostra, porém, que muitos cobram diárias de motoristas que variam de R$ 120 a R$ 200. Reportagem da Gazeta do Povo publicada em 2013 mostrou como funciona o setor.

Não sou contra

Apesar de encabeçar a defesa de taxistas contra o aplicativo, Uberaba não se diz contrário a ferramentas como o Uber. Mas ele argumenta que é necessária uma mudança no Código Brasileiro de Trânsito, o que deveria ser realizado em âmbito federal. Por ora, o executivo municipal de São Paulo tomou a frente do debate e está propondo regras para a operação da ferramenta.

O prefeito Fernando Haddad chegou a sancionar um projeto de iniciativa da Câmara de Vereadores que mais que dobrou a multa para quem for flagrado fazendo o transporte irregular de passageiros (R$ 4,5 mil). A lei também regulou o serviço de taxi solicitado via aplicativos, limitando a atuação desse serviço a empresas com sede na cidade;

Ao mesmo tempo, porém, a prefeitura de São Paulo colocou sob consulta pública uma proposta de regulamentação do Uber. O prazo para colaboração acabava no fim de janeiro último. Um grupo de trabalho foi montado para avaliar as contribuições recebidas.A ideia é que esses aplicativos sejam cadastrados pelas Operadoras de Transporte Credenciadas (OTC) e os operadores adquiram créditos cujos preços iriam variar de acordo com a região e horário.

Colaborou Fabiane Ziolla Menezes
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