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Manifestação pela paz no trânsito: caso Carli uniu curitibanos e conscientizou sobre os riscos de misturar álcool e direção | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Manifestação pela paz no trânsito: caso Carli uniu curitibanos e conscientizou sobre os riscos de misturar álcool e direção| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Perfil

Homens jovens são os mais envolvidos

Homem entre 18 e 29 anos: o perfil do motorista que mais se envolveu em acidentes em 2009 não é nenhuma surpresa. As porcentagens variam muito pouco ano a ano e ficam geralmente em torno de três homens para cada mulher e um jovem a cada três condutores. Características culturais do gênero e da idade tornam essa a faixa de risco para acidentes, diagnostica a psicóloga de trânsito Iara Thielen. "Os homens dessa idade têm uma crença de que estão no controle das situações à sua volta e por isso se sentem inatingíveis e andam além do limite da segurança", analisa. "Além disso, nessa idade eles bebem muito e não pesam as consequências", completa. (PC)

Estatística

IML registra 317 mortes no trânsito

Aline Peres

Os dados do BPTran sobre mortes em trânsito são sempre menores do que os do Instituto Médico-Legal. É que o IML computa, além dos mortos no local do acidente, os feridos que morrem depois. De acordo com o IML, 317 pessoas morreram no trânsito de Curitiba.

Mesmo o número de vítimas no local, porém, também foi diferente no ano passado, segundo as duas instituições. Para o BPTran, houve 71 casos. Para o IML, 115. O subcomandante do batalhão, major Sidney Michelowski, atribuiu a discrepância a diferenças na coleta de dados do IML e do BPTran, mas não soube especificar quais são essas diferenças.

  • Veja as estatísticas da violência no trânsito

Curitiba atravessou 2009 com uma queda significativa na violência no asfalto. O número de acidentes com vítimas caiu em um terço na comparação com 2008. O total de feridos e mortos no local da colisão também caiu 22% e 28%, respectivamente. Os dados são do Batalhão de Polícia de Trânsito de Curitiba (BPTran), coletados pelos policiais no momento do atendimento. Dados sobre os acidentes sem vítimas devem ser consolidados no fim do mês, uma vez que muitos só são registrados na delegacia.

O resultado contraria a expectativa de que, com o distanciamento do início da lei seca, a violência no trânsito voltaria a subir. No primeiro semestre do ano passado – quando a tolerância zero para a combinação entre álcool e direção ainda estava para completar um ano – o número de acidentes com vítima caiu 23% na comparação com o mesmo período de 2008. E o de óbitos foi 28% menor. A tendência de queda nos acidentes não só se manteve no segundo semestre, como se intensificou: a redução foi de 40% no caso das colisões com mortos ou feridos.

Para o subcomandante do BPTran, major Sidney Michelowski, isso é uma prova de que o efeito da lei seca é permanente. "Existe uma relação direta entre a bebida e os acidentes com vítimas, pois o motorista alcoolizado se envolve em colisões mais graves", explica. De acordo com Michelowski, o trabalho de fiscalização da lei foi constante ao longo do ano, com a realização de no mínimo duas blitzes por dia. Em 2009, foram adquiridos novos bafômetros, o que permite a realização de operações especiais sem a necessidade de remanejar os equipamentos. "Em fins de semana e feriados chegamos a fazer quatro blitzes sem ter de desfalcar as viaturas que fazem atendimento ao local", ressalta.

A repercussão do acidente envolvendo o então deputado estadual Fernando Carli Filho, em maio, também pode ter tido um efeito educativo sobre a população. É o que considera a coordenadora do Núcleo de Psico­logia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná, Iara Thielen. "Esse caso colocou a violência no trânsito como um dos principais assuntos debatidos pela sociedade. Houve uma comoção que foi benéfica para alertar sobre o perigo da alta velocidade e da bebida na direção", observa. No momento do acidente, Carli Filho trafegava acima da velocidade permitida e o exame realizado no hospital apontou a presença de álcool no sangue. O acidente também levou a RPC a criar a campanha "Trânsito – Respeito ou Morte".

Desconfiança

Especialistas consultados dizem que os dados do BPTran ainda necessitam de confirmação de outras estatísticas, consideradas mais precisas. O fato de a lei seca ter reduzido o número de acidentes com vítimas na cidade em apenas 1,1% no ano em que entrou em vigor torna mais difícil relacioná-la a uma queda em 2009, dizem. "É difícil acreditar que as pessoas foram dormir em 2008 e acordaram em 2009 menos violentas. A redução é muito drástica para debitarmos numa mudança de comportamento que não vimos no ano anterior", afirma a psicóloga de trânsito Alessandrwa Bianchi. "Se fôssemos considerar esses números como confiáveis, o grande motivador seria a fiscalização policial, mas não vemos um aumento dela no dia a dia."

O especialista em segurança no trânsito Coca Ferraz ressalta o fato de os dados desconsiderarem como vítimas as pessoas que morrem no hospital em decorrência de acidentes, depois do atendimento. "Só poderemos comemorar essa redução com certeza quando ela aparecer nas estatísticas do SUS, daqui a alguns meses", estima.

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