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Cada andar da Torre Biônica funcionaria como um bairro: projeto autossustentável | Divulgação
Cada andar da Torre Biônica funcionaria como um bairro: projeto autossustentável| Foto: Divulgação
  • O projeto espanholda pretende implementar o conceito de cidade vertical

Uma torre com 1.228 metros de altura, projetada para abrigar 100 mil pessoas em 300 andares e autossustentável, capaz de gerar sua própria energia usando recursos naturais, como radiação solar, vento e chuva. Esse é o conceito de cidade vertical por trás do audacioso e futurístico projeto batizado de Be-Bionic City Tower ou Torre Biônica, cuja inspiração veio de experiências da natureza. Por enquanto, a ideia está apenas no papel e não há definição do local em que será implantada. Mas, de acordo com o diretor de projetos do escritório de arquitetura espanhol Cervera & Pioz Architects, José Enrique García, há negociações com diversos países. Cidades como Xangai e Hong Kong, na China, já se mostraram interessadas em acolher a Torre Biônica, mas nada oficial.

De concreto, sabe-se que se trata de um projeto controvertido pela altura que pretende alcançar (400 metros a mais que o prédio mais alto do mundo, o Edifício Burj Khalifa, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos) e pelo conceito de cidade vertical que quer implementar. "O crescimento horizontal da cidade é ultrapassado", diz García. Segundo os cálculos do arquiteto, em um espaço de quatro quilômetros de raio é possível acomodar mil habitantes em uma cidade horizontal. O mesmo número de pessoas poderia ser agrupado em um espaço de 1 quilômetro de raio numa cidade vertical.

É neste contexto que o Be-Bionic City Tower se insere. Uma cidade vertical, autossustentável e independente. Cada seção do edifício seria equivalente a um bairro. Haveria áreas residenciais, comerciais, rurais, etc. E para se locomover entre um bairro e outro: superelevadores, que substituiriam carros, ônibus e motos usados nas cidades convencionais. Bem ajustados, os elevadores poderiam pôr fim a um dos maiores problemas das grandes cidades: os congestionamentos.

De passagem por Curitiba para participar do 2.º Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo, García conversou com a Gazeta do Povo sobre o projeto inovador, logo após a apresentação da palestra "Arquitetura biônica como ferramenta para a inovação no desenho das megacidades".

O que é arquitetura biônica?

Em poucas palavras, significa aproveitar a experiência da natureza em benefício humano. Por que não aproveitar toda a experiência acumulada de milhões de anos da natureza para apontar soluções para distintas necessidades? Esse é o conceito básico de arquitetura biônica.

Como surgiu o projeto da Torre Biônica?

Nasceu como proposta para um congresso internacional realizado em 1997, em Londres, sobre formas de impulsionar o desenvolvimento das estruturas verticais. Naquele ano, propusemos um novo conceito: investigar as estruturas vegetais e aplicar esses conceitos em estruturas arquitetônicas verticais.

Em que pé está o projeto? Já há previsão de implementação?

Não está pronto. É um projeto ainda em construção e que está constantemente nos meios de comunicação. Nós entendemos que a originalidade da proposta é que o faz tão midiático e tão conhecido. Atual­mente, estamos em conversação com diversos promotores para financiá-lo. Construir a Torre Biô­nica exige uma certa complexidade. Necessita um consórcio de em­­presas muito grande. Enten­demos também que a torre não deve ser construída em um único período. Teremos que planejar um desenvolvimento por partes, de modo que a energia que seja gasta na fase inicial possa ser recuperada na fase seguinte, durante o processo construtivo. Como uma planta, a torre iria crescendo com o tempo. Via­bi­lidade existe. Num futuro não muito distante é provável que se tenha uma torre biônica construída.

Há uma estimativa de custo?

Não é possível estimar um custo. Estamos falando de uma cidade. Isso é fundamental entender. A Torre Biônica não é um edifício. É uma cidade que se desenvolve na vertical. Tem de ser entendido como um projeto urbano em contínuo desenvolvimento. Não é possível estimar o custo também porque não existe ainda um modelo definitivo real.

Quanto tempo levaria para ser construída?

Precisamos trabalhar ainda num projeto de concreção muito grande para resolver problemas estruturais, o que deve levar ao menos dois anos. Em dois ou três anos poderia se finalizar esse projeto e fazer um projeto definitivo. Não se pode precisar quanto tempo levaria para construir, pois teria de ser feita por partes. Não se edifica tudo de uma vez. A primeira parte da construção – a base e alguns dos primeiros bairros – poderia levar cerca de cinco anos. Essa primeira parte não é realmente singular em relação à altura, estamos falando em 200, 300 metros.

Como o transporte aconteceria nesta cidade vertical?

Por 352 elevadores. Alguns não parariam em todas as alturas. Haverá hierarquia entre eles. Estamos falando de uma estrutura como se fossem ruas, mas são tubos urbanos verticais.

O grande problema das grandes cidades é a mobilidade. Seria o fim dos congestionamentos?

A Torre Biônica acaba de solucionar ao menos o problema dos automóveis dentro da cidade. Para resolver o problema, precisamos ajustar para que o movimento de pessoas seja fluído e aconteça sem problema. Cada uma das seções da torre teria o tamanho de um estádio de futebol, que conterá um verdadeiro espaço urbano. Entendemos que isso racionaliza a distribuição. Não teremos mais carros dentro da cidade, somente no perímetro, na cidade inferior, abaixo.

Serviço:

O 2.º Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo ocorre até hoje no auditório do bloco Bege, na Universidade Positivo, em Curitiba.

Mais informações sobre o evento no site www.simposiosustentabilidade.com.br

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