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Intoxicações por medicamentos são comuns do Brasil: uso abusivo | Giuliano Gomes/ Gazeta do Povo
Intoxicações por medicamentos são comuns do Brasil: uso abusivo| Foto: Giuliano Gomes/ Gazeta do Povo

O hábito de usar analgésico ao primeiro sinal de dor deve ser visto com cautela. Um dos medicamentos mais famosos do mundo, o paracetamol, aumenta a propensão a problemas respiratórios. Estudo do Instituto de Pesquisa Médica da Nova Zelândia aponta que adolescentes que tomam o medicamento pelo menos uma vez por mês têm o dobro de risco de desenvolver asma.

O paracetamol também afeta o fígado, se tomado em doses elevadas (acima de 4 mil miligramas por dia) ou em conjunto com bebidas alcoólicas, segundo o farmacêutico e pesquisador do Centro Brasileiro de Infor­mações sobre Medicamentos (Cebrim), Rogério Hoefler. O acetilsalicílico existente na fórmula pode provocar úlceras e hemorragias gastrintestinais, mas apenas em pessoas que façam uso com álcool.

"Todos os medicamentos oferecem risco de efeitos adversos. A gravidade depende de fatores como características genéticas do usuário, componentes da droga, dosagem e associação com álcool e outros remédios", ressalta. Segundo Hoefler, analgésicos como a dipirona, por exemplo, podem desencadear reações alérgicas e queda de pressão.

Apesar dos estudos, Hoefler frisa que o paracetamol é hoje o analgésico e antipirético mais seguro do mercado e que a maior parte das reações ocorre por alta dosagem e associação com bebidas. A médica-supervisora do Centro de Controle de Envenenamentos de Curitiba, Marlene Entres, acredita que o estudo neozelandês possa ter interação com o uso de outras drogas. "Provavelmente eram pessoas predispostas a desenvolver doenças respiratórias." Marlene lembra que a intoxicação pelo analgésico pode ocasionar necrose do fígado, levando a pessoa a ter de realizar um transplante.

No Brasil, entre os acidentes com agentes de intoxicação, os medicamentos estão no topo dos casos que constam no Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas. Cerca de 28% dos registros anuais são por causa de remédios. Em 2008, foram 26.384 casos no país; 7.345 na Região Sul e 1.234 no Paraná. Marlene alerta que muitos casos são ocasionados pela automedicação. A pessoa começa a tomar um remédio e muitas vezes não se dá conta da quantidade diária, ou a dose terapêutica fica muito próxima da quantidade para envenenamento. "Por isso o ideal é não tomar remédio sem orientação."

Gestantes

Grávidas que fazem uso do paracetamol devem tomar apenas a dosagem indicada pelo médico e verificar se queixas comuns, como dor de cabeça, não são indicativo de crise hipertensiva. "Na gestação é a droga mais segura. Mas na gravidez quanto menor o uso de remédios, melhor para mãe e filho", diz o obstetra e ginecologista da Maternidade Mater Dei, Carlos Rogério Temporal. Uma dose segura, segundo o médico, é de 2,5 miligramas a cada seis horas. "Problemas surgem com uso indiscriminado. O importante é utilizar remédios com responsabilidade", ressalta.

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