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Imagem de Bolsonaro, da última quinta-feira (21), censurada por Facebook e Instagram.
Imagem de Bolsonaro, da última quinta-feira (21), retirada do ar por Facebook e Instagram.| Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro não poderá postar conteúdos em seu canal do YouTube por sete dias. A plataforma de vídeos informou na noite desta segunda-feira (25) que se trata de uma punição em razão da live semanal do presidente, da última quinta-feira (21), conter informações que ela considera incorretas sobre a Covid-19. O vídeo da live foi removido, mas os demais conteúdos e o próprio canal seguem no ar.

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Na live, o presidente disse que um estudo no Reino Unido afirmava que 70% dos mortos com Covid estavam vacinados, mas não mostrou a fonte da informação. O presidente alertou ainda, a partir de um texto do site "Before it's news", que "os totalmente vacinados [contra a Covid-19] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids] muito mais rápido que o previsto". Leia abaixo a declaração de Bolsonaro sobre o caso.

Em nota, o YouTube afirmou: "Removemos um vídeo do canal de Jair Bolsonaro por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a COVID-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas. As nossas diretrizes estão de acordo com a orientação das autoridades de saúde locais e globais, e atualizamos as nossas políticas à medida que a orientação muda. Aplicamos as nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem for o criador ou qual a sua opinião política".

A assessoria do YouTube informou ainda que a punição ocorreu nesta segunda-feira pelo fato de Bolsonaro já ter “violado as diretrizes” da plataforma anteriormente. Em julho, segundo o YouTube, o presidente teria sido alertado que havia publicado um vídeo com informações imprecisas sobre a Covid. Diante disso, além de não poder publicar novos conteúdos, Bolsonaro não terá acesso a algumas ferramentas - incluindo aquela que permite fazer lives - também pelo período de sete dias.

Mais cedo, Facebook e Instagram também decidiram remover a live semanal de Bolsonaro. O Facebook, responsável também pela plataforma Instagram, justificou a retirada do conteúdo dizendo que "nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas”.

A live do presidente fez com que o senador Alessandro Vieira (Cidadania) protocolasse um requerimento pedindo que a CPI da Covid analise as declarações. No documento, o senador sugere que o conteúdo da fala seja enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Vacinas e Aids

A associação das vacinas contra a Covid-19 com a Aids não é um assunto novo. Em outubro de 2020, o tema foi tratado pela revista Science, quando um grupo de pesquisadores desaconselhou o uso das vacinas em locais que apresentem epidemia de Aids, como a África do Sul. Segundo eles, o mecanismo de ação das vacinas nas células de organismos mais debilitados pode facilitar a infecção pela Aids. Outro artigo, publicado na The Lancet, aborda o mesmo problema.

No mundo, há um caso de suspensão do uso da vacina por esse motivo: na Namíbia, o governo deixou de distribuir a russa Sputnik, depois que a agência de regulação sanitária da África do Sul apontou a mesma preocupação. Os fabricantes do imunizante negam a relação e dizem que a Sputnik seria segura.

Após as declarações de Bolsonaro, a UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS no Brasil - divulgou nota de esclarecimento no domingo (24) e aconselhou as pessoas com HIV a se vacinarem contra a Covid-19.  “O UNAIDS vem a público para esclarecer que as vacinas aprovadas pela ANVISA e disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) são a forma mais eficaz de controle da pandemia de COVID-19. Aconselhamos a todas as pessoas que vivem com HIV e tenham tomado a 2ª dose em 28 dias ou mais a buscar a dose de reforço, disponível em um posto de saúde mais próximo à sua residência, segundo Nota Técnica do Ministério da Saúde N043/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS.”

O Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) também divulgou nota e afirmou que:

"1) Não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a Covid-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida;

2) Pessoas que vivem com HIV/aids devem ser completamente vacinadas para Covid-19. Destacamos inclusive a liberação da dose de reforço (terceira dose) para todos que receberam a segunda dose há mais de 28 dias.

3) Repudiamos toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente".

O que diz Bolsonaro

Sem falar da exclusão da live, o presidente afirmou que apenas citou a matéria de uma revista em sua transmissão e que, dois dias depois, a própria publicação afirmou que ele estava divulgando fake news. “Dois dias antes da minha live, a revista Exame fez uma matéria sobre vacina e Aids. Eu repeti essa matéria na minha live e dois dias depois a própria revista Exame falou que divulguei fake news”, afirmou o presidente.

“Foi a Exame que falou da relação de HIV com vacina. Eu apenas citei a matéria da revista e ela me acusa de ter feito um fake news. A gente vive com isso o tempo todo. Certos órgãos de imprensa são fábrica de fake news. Quando eu erro, como já errei no ano passado, eu me desculpo. Faz parte da regra do jogo deles. Nós queremos sempre a verdade”, disse Bolsonaro. A matéria citada por Bolsonaro abordava um artigo publicado na The Lancet".

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