Até ministro está com a habilitação suspensa

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Um ministro paranaense e três dos 30 deputados federais do Paraná estão na lista de motoristas com a carteira nacional de habilitação suspensa e que ainda não entregaram o documento ao Departamento Estadual de Trânsito do Paraná (Detran), como exige a lei.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e os deputados Abelardo Lupion (DEM), Fernando Giacobo (PR) e Hidekazu Takayama (PSC) ontem apareciam na lista de motoristas com a carteira suspensa que vem sendo divulgada desde a semana passada na internet pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná. Mas os políticos paranaenses alegam que já entregaram o documento ao Detran ou que seu nome não poderia estar na lista.

Paulo Bernardo recebeu 21 multas de trânsito entre 2002 e 2009, a maioria por excesso de velocidade. Ele está recorrendo de oito multas no Conselho Estadual de Trânsito. As infrações totalizam 96 pontos.

A assessoria de imprensa do ministro informou que ele foi notificado no último dia 9 sobre a suspensão da carteira. Na segunda-feira, segundo a assessoria, o documento foi entregue por um procurador do ministro ao Detran. Ele vai fazer o curso de reciclagem, mas isso dependerá de espaço em sua agenda. Até lá, não vai dirigir, segundo a assesoria.

Já Takayama é o recordista de infrações: tem 19 multas e 99 pontos na carteira, contabilizados entre 2001 e 2008. As infrações do deputado incluem direção com fones de ouvido ou telefone celular, avanço do sinal vermelho, excesso de velocidade e tráfego na contramão.

O deputado afirmou que as multas foram cometidas por seus motoristas, que conduziam veículos que estão registrados em seu nome. "Tenho uns sete ou oito carros e ônibus no meu nome, que uso nas campanhas. Mas não sou eu quem dirige", explicou. O parlamentar afirma que mesmo não tendo cometido as multas já entregou a carteira.

O deputado Lupion tem 10 infrações e 45 pontos na carteira – a maioria por transitar em velocidade superior à permitida. Embora esteja com a habilitação suspensa, o deputado está recorrendo da notificação no Conselho Estadual de Trânsito (Cetran). Segundo sua assessoria, Lupion já devolveu o documento ao Detran. A assessoria de imprensa do parlamentar informou ainda que ele já cumpriu o período de suspensão e que ontem teria concluído o curso de reciclagem. Com relação as infrações, a explicação foi a mesma que a de Takayama: elas teriam sido cometidas por funcionários de suas empresas que dirigiam carros registrados em seu nome.

A situação do deputado Giacobo não pôde ser consultada no site do Detran, embora o nome do deputado esteja na relação da secretaria. Segundo o Detran, o parlamentar transferiu o documento para outra unidade da federação. Já no sistema do Detran do Distrito Federal, onde o parlamentar está registrado, não consta pontuação e a carteira aparece como em situação regular.

Giacobo afirmou que nunca recebeu notificação sobre a suspensão de sua carteira e por isso seu nome não poderia constar na relação divulgada pela secretaria. "Há seis anos não dirijo. Não tenho nenhum ponto em minha carteira. Isso pode ser visto no site do Detran. Não há nenhuma irregularidade", disse.

O levantamento feito ontem pela Gazeta na lista do Secretaria de Segurança revela ainda que nenhum senador paranaense, secretário estadual do Paraná e secretário municipal de Curitiba está com a carteira suspensa.

Acidente

O governo do estado decidiu divulgar a lista de motoristas com carteira suspensa e não entregue ao Detran após a repercussão do acidente em que se envolveu o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho. Na colisão, morreram dois jovens que estavam em outro carro. Carli Filho dirigia embriagado em com a carteira suspensa.

Após o acidente, descobriu-se que ao todo 26 dos 54 deputados estaduais do Paraná tinham tido sua habilitação suspensa devido a infrações de trânsito. Na mesma situação estavam nove vereadores de Curitiba.

Após essas denúncias veiculadas na imprensa, o governo decidiu divulgar a relação de motoristas suspensos no Paraná. O objetivo seria incentivar a população a denunciar quem estaria dirigindo de forma irregular. Policiais militares começaram então a ir à casa dos motoristas para recolher a carteira. Caso o visitado se negue a entregar o documento, pode ser preso em flagrante pelo crime de desobediência, cuja pena varia de 15 dias a seis meses de detenção.