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A avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva piorou em setembro por causa da crise no Senado, da maneira como o Executivo tem lidado com a questão da gripe suína e do escândalo envolvendo a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

As intenções de votos em um eventual segundo turno da ministra Dilma, candidata de Lula pelo PT à sua sucessão, também recuaram por conta desses motivos.

"São três variáveis que implicam essa queda de popularidade. Primeiro, a postura do presidente de chamar crises institucionais para si, como a forma que aconteceu com Sarney (José Sarney, presidente do Senado) e Lina", explicou a jornalistas o responsável pela pesquisa, o diretor do Instituto Sensus Ricardo Guedes.

"Segundo, o episódio Lina Vieira e Dilma Rousseff, que envolve o Senado. Em terceiro, é a questão da percepção sobre o preparo do sistema de saúde do país no combate à gripe suína", acrescentou. "Estatisticamente, a principal variável é a saúde."

A avaliação positiva do governo caiu para 65,4 por cento ante 69,8 por cento no final de maio, mostrou a pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta terça-feira.

A avaliação negativa do governo passou para 7,2 por cento, em comparação com os 5,8 por cento anteriores, enquanto para 26,6 por cento dos entrevistados o governo é regular, ante 23,9 por cento da sondagem de maio.

A aprovação do desempenho pessoal do presidente Lula também caiu, passando para 76,8 por cento, ante 81,5 por cento.

"O índice de aprovação continua significativamente alto mas há uma queda efetiva", comentou Guedes.

O grupo de pessoas que considera adequadas as ações do governo para combater o vírus H1N1 caiu para 52,4 por cento de 61,0 por cento. Para 42,1 por cento as medidas não são adequadas, ante 33,5 por cento apurados em maio.

Eleição

O levantamento mostrou como líder das intenções de voto o governador paulista, José Serra (PSDB), com 39,5 por cento, enquanto Dilma (PT) aparece com 19,0 por cento.

A novidade no cenário principal foi a inclusão da senadora Marina Silva, que no mês passado trocou o PT pelo PV, e que surge com 4,8 por cento, ainda bem atrás de Heloísa Helena (PSOL), com 9,7 por cento.

Em um embate contra o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), Dilma se sairia melhor. A ministra teria 23,3 por cento, contra 16,8 por cento do tucano, 13,5 por cento de Heloísa Helena e 8,1 por cento de Marina Silva.

"Marina pode ajudar a ter um segundo turno, como Heloísa Helena fez no passado", disse o responsável pela pesquisa.

"Marina aparece como uma possibilidade que pode crescer, mas a tendência é uma eleição polarizada entre PT e PSDB."

Num eventual segundo turno entre os dois principais candidatos, Serra ficou estável em 49,9 por cento --uma variação positiva de 0,2 ponto percentual. Já Dilma caiu para 25,0 por cento, ante 28,7 por cento.

Segundo Guedes, a pré-candidatura de Dilma também foi afetada pelo episódio Lina Vieira. A ex-secretária da Receita Federal afirmou que recebeu um pedido da ministra para agilizar as investigações sobre um filho de Sarney.

Lina disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que interpretou a demanda como uma ordem para beneficiar o filho do presidente do Senado. A ministra nega que tenha tratado desse assunto com a então secretária.

Para o diretor do Instituto Sensus, a entrada de Marina Silva na disputa teve um papel menor na redução de intenções de votos da ministra.

"Dilma perde um pouco (para Marina), mas não é nada significante. A queda dela se dá mais a fatores políticos", disse, referindo-se ao caso Lina Vieira.

Segundo a pesquisa, apenas 41,5 por cento dos entrevistados acompanharam ou ouviram falar do assunto. Desse grupo, 35,9 por cento acreditam que a ex-secretária da Receita esteja falando a verdade, contra 23,6 por cento que apoiam Dilma. Os 40,4 por cento restantes não sabem ou não responderam.

A sondagem mostra ainda que Dilma está próxima do montante de votos que o presidente Lula pode transferir a um candidato na próxima eleição, uma vez que 20,8 por cento dos entrevistados responderam que votariam apenas em quem o presidente indicar. Em maio, esse índice foi de 21,5 por cento.

Além disso, a pesquisa mostra que a rejeição a Dilma (37,6 por cento) é maior do que a de Serra (29,1 por cento), o que pode ser decisivo num segundo turno.

Não votariam no governador de Minas Gerais 26,3 por cento das pessoas consultadas, taxa de rejeição menor do que as apresentadas por Heloísa Helena (43,0 por cento), Ciro Gomes (39,9 por cento), Marina Silva (39,0 por cento) e Antonio Palocci (45,8 por cento).

O ex-ministro da Integração Nacional e deputado federal Ciro Gomes (CE) é cotado para concorrer à Presidência pelo PSB, já o nome do ex-ministro da Fazenda e deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) passou a ser citado com maior frequencia depois que a Justiça arquivou denúncia contra ele sobre sua suposta participação na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. O parlamentar pode disputar o governo de São Paulo.

De acordo com Ricardo Guedes, o candidato que apresenta uma rejeição superior a 40 por cento não tem chances de ganhar uma eleição, já que historicamente só 80 por cento dos votos são válidos devido a abstenções, votos nulos e brancos.

A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro com 2.000 entrevistados em 136 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.

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