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Paulo Bernardo: montagens divulgadas nas redes sociais ironizam relação do ministro com empresas de telecomunicação | Roberto Dziúra/ Gazeta do Povo
Paulo Bernardo: montagens divulgadas nas redes sociais ironizam relação do ministro com empresas de telecomunicação| Foto: Roberto Dziúra/ Gazeta do Povo

Entrevista

Paulo Bernardo (PT), ministro das Comunicações

"O setor da telefonia já é privado há 15 anos"

Euclides Lucas Garcia

Como o senhor tem recebido as críticas do PT às suas últimas decisões à frente do ministério?

Tenho a obrigação de conviver com críticas (risos).

O senhor concorda com a análise dos petistas a respeito da desoneração concedida às teles?

Isso é um equívoco. Estamos fazendo um esforço para diminuir os impostos e, assim, aumentar os investimentos no setor e baratear os custos para o consumidor. Tudo pelo simples fato de que as teles pagam imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, enquanto o restante fica para o consumidor. Quando se fala em desoneração, é para beneficiar o consumidor.

E quanto à regulação da mídia? É possível chegar a um denominador comum?

Tomara que seja. Não tenho discordância nenhuma quanto ao que se fala, da necessidade de se fazer um marco regulatório para o setor. A discussão que falta talvez seja de detalhamento de propostas, prioridades, prazos. Mas, às vezes, acham que seria para regular veículos impressos, o que não está previsto na Constituição. Estamos falando de rádio e televisão. Mesmo porque, para casos específicos em que alguém se sinta ofendido com uma reportagem, há o direito de resposta.

O que o senhor achou do quadrinho em que o senhor aparece conversando com o ex-presidente FHC e diz "privatizo mesmo"?

Seria engraçado se tivesse algum fundo de verdade. Primeiro, que eu nunca falei aquilo. E segundo, o setor da telefonia já é privado há 15 anos.

O senhor já conversou com a presidente Dilma Rousseff sobre essas polêmicas?

Estava com ela até agora há pouco, mas não conversamos sobre isso. Mas a incumbência que ela me deu é de fazer um plano para aumentar os investimentos das teles em infraestrutura de maneira geral. A desoneração é uma parte preparatória da construção desse plano. Nesses termos, ela está cobrando um serviço de melhor qualidade, mais abundante, com concorrência, para beneficiar o cidadão.

Militantes do PT e ativistas da área de comunicação social abriram uma ofensiva contra o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que também é petista. A guerra tem como munição notas públicas e ironias em redes sociais. O motivo do descontentamento são as isenções fiscais concedidas a empresas de telecomunicações, previstas no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) – criticado, inclusive, em resolução do PT aprovada no início do mês em reunião da direção do partido em Fortaleza.

No texto da resolução, petistas cobram que a pasta reconsidere as isenções e reinicie o "processo de recuperação da Telebrás", empresa pública de telecomunicações desativada durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O clima entre o ministro e petistas se acirrou após entrevista de Bernardo ao jornal O Estado de S.Paulo, publicada na quarta-feira, na qual o ministro diz ser "incompreensíveis" as críticas do partido à tentativa do governo de baixar impostos.

"Incompreensível, por qual motivo? Em nossa opinião, o ministro considera ‘incompreensível’ porque, em sua concepção das coisas, ele separa o que faz parte do mesmo universo. Não é mais possível, no mundo da convergência digital, discutir democracia na mídia sem discutir as teles. Teles que oferecem um péssimo serviço, mas serão beneficiadas com desonerações e isenções", escreveu em seu blog Valter Pomar, dirigente da corrente petista Articulação de Esquerda.

O próprio Pomar divulgou imagem nas redes sociais em que ironiza a ligação de Bernardo com as empresas de telecomunicações. A imagem mostra empresários da área, como o mexicano Carlos Slim, segurando uma placa com os dizeres: "Sou Carlos Slim, dono da Claro, NET e Embratel. Paulo Bernardo me representa". Em outra montagem sugere uma conversa entre Bernardo e FHC em que o ex-presidente diz ter "inveja" do ministro de Dilma Rousseff por privatizar a infraestrutura do setor de telecomunicações no país.

O ministro tem pedido um debate menos apaixonado sobre a questão. Ele disse que chegou a pedir correção no documento do PT que criticava as isenções. O motivo foi o valor estimado pelo partido para o alívio fiscal: R$ 60 bilhões. Segundo o ministro, porém, o valor é de R$ 6 bilhões em cinco anos.

Panos quentes

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, colocou panos quentes ontem na polêmica. Ele disse que "não há crise" entre o partido e o ministro. "O governo acha que é importante facilitar a implantação da banda larga pelas desonerações, o partido achava que não. Ponto", afirmou, numa tentativa de minimizar a divergência.

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