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Gleisi e Paulo Bernardo: casal alega que só usou aviões fretados na campanha | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Gleisi e Paulo Bernardo: casal alega que só usou aviões fretados na campanha| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Oposição

"É fácil de ser esclarecido", diz Alvaro Dias

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, disse ontem que as dúvidas sobre o uso do avião de um dos donos da Sanches Tripoloni pelos ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo pode ser esclarecida de maneira "fácil". "A Infraero [estatal que controla os aeroportos brasileiros] normalmente requer dos pilotos a lista de passageiros dos voos. Isso vai mostrar se eles realmente viajaram na aeronave e quando viajaram", afirmou.

Parlamentares da oposição no Senado e na Câmara dos Deputados confirmaram ontem que vão solicitar as informações. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) também vai apresentar um requerimento para que Paulo Bernardo seja convocado para dar explicações na Comissão de Fiscalização e Controle. Alvaro reforçou que só após as declarações do ministro das Comunicações será possível dizer se a convocação de Gleisi também será necessária.

"Só não sabemos se os requerimentos serão aprovados. Se o governo quiser atrapalhar, atrapalha", afirmou o tucano. Já Paulo Bernardo não quis comentar a movimentação da oposição no Congresso. (AG)

Ministro diz que é injusto ser "padrinho de problema"

Uma das obras viárias mais caras em andamento no Paraná, o Contorno Norte de Maringá está sendo executado pela Sanches Tripoloni. As duas etapas do empreendimento, que começou em 2009, vão custar mais de R$ 300 milhões. A segunda foi questionada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou um sobrepreço de aproximadamente R$ 10,5 milhões na proposta – a empreiteira já aceitou reduzir o valor.

Ontem, Paulo Bernardo negou a existência de qualquer tipo de conluio em relação à obra. "É preciso contextualizar bem essa história: tudo começou com uma emenda da bancada do Paraná em 2008. A movimentação a favor do contorno foi legítima", disse o ministro.

Lamentos

Ele lamentou, contudo, ser vinculado aos problemas do empreendimento, que posteriormente foi incorporado ao Programa de Aceleração do Crescimento. "Você resolve a situação, amanhã dá um problema e daí eu viro padrinho desse problema? Nós liberamos o recurso, mas isso não quer dizer que está liberado para haver irregularidade", complementou Paulo Bernardo. (AG)

Brasília - Os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações) rebateram ontem informações sobre o uso de um avião particular de um dos donos da empreiteira Sanches Tripoloni. Reportagem publicada pela revista Época desta semana cita que os dois teriam viajado em uma aeronave de Paulo Francisco Tripoloni em 2010, quando ele era ministro do Planejamento e ela pré-candidata pelo PT ao Senado. Com sede em Maringá, a construtora tem 30 contratos de obras rodoviárias com o governo federal nos últimos nove anos, sete deles no Paraná.

"É uma matéria completamente leviana", disse Paulo Bernardo à Gazeta do Povo. A acusação da revista sobre a utilização de um turboélice King Air é amparada pelos depoimentos de dois congressistas (um de oposição e outro governista), cujos nomes não foram revelados. "Tem gente que confunde imunidade parlamentar com impunidade", completou o ministro.

Ele e Gleisi divulgaram notas oficiais sobre o caso. O texto distribuído pela assessoria da Casa Civil reforça que ela não utilizou aviões de particulares durante exercício de cargo público. Além disso, justifica que, ao longo da campanha ao Senado, ela utilizou aeronaves fretadas, "com contrato de aluguel firmado". A revista Época, porém, diz que ela utilizou o avião de Tripoloni durante a "pré-campanha". Ou seja, no período em que os comitês eleitorais não estão formalizados e não executam gastos.

A prestação de contas de Gleisi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cita pelo menos três despesas com empresas de táxi aéreo. A Hércules Ltda. recebeu R$ 52,3 mil e a Helisul Ltda. R$ 4,68 mil. Como não era ministra à época, mesmo que tivesse usado a aeronave a petista não teria cometido uma ilegalidade – a restrição está prevista no Código de Conduta da Alta Administração Federal.

Já Bernardo não descarta a hipótese de ter realizado alguma viagem com o avião da empreiteira, mas garante que "jamais" solicitou ou recebeu a oferta de "qualquer meio de transporte privado em troca de vantagem na administração pública federal". Na nota, ele explica que participou, nos fins de semana, feriados e férias, da campanha de 2010 no Paraná. Nessas viagens teriam sido utilizados apenas aviões fretados pelo comitê eleitoral de Gleisi ou do PT.

"Não tenho, porém, condições de lembrar e especificar prefixos e tipos, ou proprietários, dos aviões nos quais voei no período", diz o texto. Em entrevista, o ministro declarou que entrou em contato com a Sanches Tripoloni para buscar mais dados da aeronave. "O advogado deles me falou que o avião nunca foi alugado."

A reportagem contatou a em­­­­preiteira para checar as informações, por e-mail e telefone, mas não obteve resposta até o fechamento da edição. À revista, a empresa informou que "não tem conhecimento sobre o trans­­­porte das autoridades em questão".

Na campanha ao Senado em 2010, Gleisi recebeu R$ 510 mil em doações de três sócios da empreiteira – Antonio Sanches, João Sanches Junqueira e Francis­­­co Tripoloni. Ao todo, eles doaram como pessoas físicas R$ 1,29 milhão. Já a Sanches Tripoloni distribuiu, como pessoa jurídica, R$ 4,73 milhões, sendo R$ 2 milhões apenas para a direção nacional do PR, que comandava o Ministério dos Transportes até julho de 2010.

Procurada para comentar as doações no mês passado, a empresa enviou nota à Gazeta do Povo na qual informou que "sempre acreditou na democracia repre­­­­sen­­­tativa e plural e que todas as contribuições foram devidamente registradas no TSE".

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