O governador Sérgio Cabral saiu em defesa do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, nesta sexta-feira (6), após críticas à sua declaração de que o "o Rio de Janeiro não é violento" e que "algumas áreas teriam índices de crimes europeus".
"O secretário Beltrame tem estratégia, tem autonomia para administrar a Secretaria de Segurança, fato esse que nunca aconteceu na história do Rio e Janeiro. É evidente que os resultados não são de curto prazo, os resultados são de médio e longo prazo. Mas o secretário Beltrame, sem dúvida, tem o apoio da população do Rio no trabalho que vem realizando", disse Cabral.
A declaração do secretário foi feita na quinta-feira (5), em Brasília, durante audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. A afirmação foi criticada por alguns estudiosos da área de segurança.
O cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), chegou a comparar alguns números de criminalidades dos institutos de referência para tentar encontrar os "índices europeus".
"Não é verdade que o Rio não seja violento. Todos os índices mostram o contrário. E o número de homicídio aqui já é o triplo de São Paulo", ressalta Tadeu.
Segundo ele, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes, fez a comparação em 2005 que revelou a disparidade na comparação das ocorrências de criminalidade da capital carioca com cidades européias.
De acordo com os dados, Paris apresentava 1, 6 homicídio doloso para cada grupo de 100.000 habitantes; Londres, 2,4; Amsterdã, 4,5; e Rio, 39,5, usando o mesmo parâmetro comparativo.
1.636 homicídios de janeiro a setembro
Para Geraldo Tadeu, as áreas com menores índices de violência estão localizadas nos bairros de Copacabana, Gávea, Jardim Botânico, Laranjeiras e Urca. Ele lembra que, de acordo com o Instituto de Segurança Pública, o Rio acumulou 1.636 homicídios dolosos de janeiro a setembro de 2009. Ou seja, 125 casos a mais do que o ano passado.
O sociólogo Ignácio Cano, professor e membro do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, também discordou do secretário Beltrame.
"Acho que ele está tendo uma visão hiperotimista. Nossos índices são muito elevados. A América Latina é a região mais violenta do mundo. O Brasil está em quarto lugar. O Rio e o estado estão entre os primeiros no país. A violência não é mesmo homogênena, mas a média é muito alta. O fato de a violência ser distribuída em núcleos não é um dado positivo", contesta o pesquisador.
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