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Há tempos se discute no Brasil a possibilidade de extinguir os pequenos partidos políticos, muitas vezes usados apenas como mercadoria em épocas de eleição. O maior argumento contra essa extinção coletiva sempre foi a existência de partidos menores que tinham uma causa a defender. Não eram legendas de aluguel. Pelo contrário: se não crescem, muitas vezes é justamente por se manterem fiéis a seus princípios, não aceitando o poder a qualquer custo.

O Partido Verde costuma entrar nesta lista de bons exemplos, ao lado de PCdoB, PSol e outros do gênero. Mas a levar em consideração o comportamento do partido em Curitiba nos últimos tempos, os verdes se encaminham para outra direção. E não se trata de uma melhoria, muito pelo contrário.

A descoberta de que o partido usa os gabinetes de seus vereadores para acomodar funcionários que não trabalham para os parlamentares – e sim para o próprio partido – foi só um exemplo do que ocorre no PV curitibano. A célebre ponta do iceberg. E qual é o tamanho da montanha de gelo navegando sob as águas?

A origem do problema está na mosca azul. O PV decidiu crescer. E para isso passou a achar mais e mais filiados. E passou a aceitar em seus quadros gente que tinha pouco ou nada a ver com a doutrina da legenda. O objetivo foi alcançado: o partido, que não tinha nenhum vereador em Curitiba, hoje tem três – mesma quantidade que DEM e PT; mais do que o PMDB.

O problema é que os vereadores eleitos pelo partido têm tanto a ver com o PV quanto José Sarney tem a ver com o antigo MDB. Aladim jogou num time de uniforme alviverde – eis sua ligação mais famosa com a cor defendida pelo partido. Roberto Aciolli apresenta um programa policialesco, daqueles que saciam a vontade do povão em ver o sangue alheio esparramado pelas ruas. E o professor Galdino...

Galdino foi o estopim do atual problema do PV. O vereador não se conformou em ter de contratar gente que não trabalharia na Câmara, e levou o esquema a público. Como acontece sempre na política, o partido decidiu punir quem estava certo – pelo menos nesse caso.

Depois que a imprensa caiu em cima, o líder da legenda, Melo Viana (que sai regularmente candidato contra o governador Requião, só para depois aceitar um emprego público oferecido pelo próprio Requião, num exemplo grandioso de ética), veio a público dizer que não. Que Galdino não estava sendo expulso por não aceitar contratar funcionários indicados pelo partido. E, sim, por ser acusado de assédio sexual.

Ah, bom. Mas, pensando bem, há alguns problemas nisso. Primeiro, a mulher que se diz vítima do assédio não trabalhava para Galdino, o que dificulta a configuração de assédio. Segundo, não se conhecem provas de que o vereador tenha realmente feito alguma proposta indecente a alguém. O partido diz que houve outros casos, mas, de novo, não apresenta provas.

Mesmo que as provas existam, no entanto, o comportamento do partido continua, no mínimo, obscuro. Afinal, Accioli não apenas é acusado de homicídio. Ele próprio confessou ter atirado contra um homem. Apenas alega que foi em legítima defesa. Accioli não foi julgado ainda. Pode-se dizer que o partido tem razão em esperar o que diz a Justiça antes de tomar alguma atitude. Mas Galdino, nesse caso, não merecia o mesmo tratamento?

Espera-se que o PV curitibano trate logo a mordida da mosca azul e volte a ser o que era. Um partido ideológico, com uma causa. Um partido respeitável, afinal.

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