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A primeira rodada de pesquisas sobre as eleições no Paraná colocou em discreto alvoroço os candidatos e os assessores que os acompanham. O Datafolha (*) divulgado na edição de sábado deste jornal apresentou o que o próprio instituto definiu como um "empate técnico" entre o tucano Beto Richa e o pedetista Osmar Dias – o primeiro com 43% e o segundo com 38% – tendo em vista que a margem de erro admitida numa amostra de 1.225 entrevistados é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos.

E, se é empate, a pesquisa Datafolha coloca ambos em posição que se assemelha àquela dos atletas olímpicos que disputam os 100 metros rasos – isto é, com os pés apoiados, músculos retesados e ouvidos atentos ao tiro com que o juiz dá o sinal da partida. É a partir desse momento inicial, portanto, que se vai medir as forças de suas pernas.

Pesquisas, como se sabe, não podem ser analisadas isoladamente. É preciso três ou mais sondagens sucessivas em relativo espaço de tempo para que se possa medir as tendências do eleitorado. É a curva das tendências que permite aos analistas prever com certa facilidade o resultado final. Portanto, apenas a primeira e até agora única pesquisa realizada no início efetivo da campanha não autoriza ninguém a fazer prognósticos seguros. Nem o que se apresenta ligeiramente à frente tem o direito de se ufanar, nem o segundo pode se sentir muito seguro por estar tão perto dos calcanhares do concorrente.

Por isso, há sinais de preocupação nas duas frentes, a despeito das frases otimistas que delas se ouviram logo após a divulgação da pesquisa. Não se preocupam exatamente com os números secos deste primeiro Datafolha, mas com a igualdade ou com a estreita proximidade que os separa. Não há margem para erros, cujos efeitos podem persistir ou serem de difícil reparação. E tão importante quanto não cometer deslizes que desagradem o eleitorado, é ter estratégias prontas para responder, com a eficiência de uma vacina, os ataques aos seus pontos fracos.

Por outro lado, a campanha, ainda em estágio tão inicial, em que o uso de meios massivos como o rádio e televisão ainda não está ao alcance dos candidatos, não permitiu ao eleitorado distinguir com clareza as diferenças entre um e outro. E são exatamente as diferenças – é óbvio! – que farão que um ganhe do outro.

O esforço, portanto, das campanhas de cada um será o de mostrar o quão diferente e melhor seu candidato é do que outro. Identificar pontos de diatinção que sensibilizem o eleitorado e determinem tendências favoráveis é o que de mais notável acontecerá de agora em diante ou, principalmente, a partir dos programas eleitorais do horário gratuito e dos debates televisivos. E isso vai depender do comportamento dos candidatos e da competência dos marqueteiros que contrataram. Deles depende o desempate.

(*) Pesquisa encomendada pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC) ao iInstituto Datafolha, realizada de 20 a 23 de julho. Foram ouvidas 1.225 pessoas. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com o número 20.158/2010.

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Olho vivo

Continuidade 1

O ex-governador Roberto Requião, agora candidato ao Senado, inaugurou um discurso que pode trazer prejuízos para Osmar Dias. Irritado com o governador Orlando Pessuti, a quem frequentemente acusa de desmontar a filosofia e as ações do seu governo, Requião passou a identificar Osmar como o candidato da continuidade. Isto é, que, se eleito governador, o pedetista seguirá a mesma cartilha que inspirou os sete anos de sua administração.

Continuidade 2

O nome de Requião é indiscutivelmente forte. Não se desdenha a possibilidade de vir a ser eleito senador, até com alguma facilidade. Mas também é dono dos mais altos índices de rejeição em quaisquer sondagens de opinião que se realize. Na medida em que faz afirmações de que Osmar Dias, se eleito, tenderá a fazer um governo parecido ou igual ao seu, poderá transferir ao neoaliado a rejeição que lhe atinge.

Continuidade 3

Ainda no sábado, em seu Twitter, Requião escreveu: "Osmar Dias: continuidade, defesa das empresas públicas e avanços das políticas sociais no Paraná". Não que, em si mesmas, tais políticas sejam negativas. Mas a frase vem carregada pelas cores da repetição de um estilo que grande parte da população, principalmente a mais esclarecida, condena. Numa eleição que se afigura apertada, trata-se de um motivo de preocupação para Osmar e de festa para Beto Richa.

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