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Olho vivo

Sinal 1

Diante dos insistentes boatos de que já teria um vencedor a licitação para escolha da nova produtora da TV Sinal, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni, decidiu tornar pública a abertura dos envelopes que definirá o vencedor final. Será às 10h de hoje. No quesito técnico, a TV Icaraí, do empresário Joel Malucelli, está meio ponto à frente da GW, a atual produtora, e só lhe basta apresentar hoje o melhor preço para ser declarada a vencedora.

Sinal 2

O diretor de comunicação da Assembleia, jornalista Hudson José, nega que tenha havido manipulação para que a Icaraí obtivesse a melhor pontuação. "Tudo foi decidido tecnicamente", disse ele. Como há dúvidas a este respeito, mandados de segurança correm na Justiça para esclarecê-las.

Até que ponto um bem votado político, líder de prestígio reconhecido, consegue transferir votos para seus afilhados? E até que ponto o eleitor que terá de escolher um prefeito se sentirá influenciado a votar neste ou naquele candidato só porque ele é apoiado por um terceiro famoso, benquisto e recordista nos índices de popularidade?

As pesquisas de opinião pública têm demonstrado que, para a maioria dos eleitores, apoios do tipo não interferem de maneira decisiva na hora do voto. Basta cruzar alguns dados dessas pesquisas para comprovar o quão fluídica é a tese em que muitos acreditam de que prestígio se transfere.

Querem um exemplo: o alto prestígio do governador Beto Richa e o excelente desempenho eleitoral que sempre teve em Curitiba não apresentaram ainda sinais de que possam favorecer a candidatura à reeleição do prefeito Luciano Ducci, de quem é o principal sustentáculo. Richa teve 77% dos votos dos curitibanos quando se reelegeu prefeito em 2008; em 2010, candidato a governador, emplacou 67% dos votos sa capital. Tanto prestígio, no entanto, não tem se refletido na performance de Ducci (PSB), que figura no 3.º lugar nas pesquisas divulgadas até agora, suplantado por Gustavo Fruet (PDT) e Ratinho Jr. (PSC). Ao contrário, os magros resultados de seu governo e as denúncias que atingem Richa, principalmente quanto ao descontrole administrativo na área da segurança, podem até agravar a situação do seu candidato.

Dito isto, indaga-se: teria muito sentido a sofreguidão com que Ratinho Jr. (PSC) e seu pai, dono da Rede Massa, afiliada do SBT, vêm agindo para neutralizar os supostos efeitos eleitorais do recente encontro entre Lula e Gustavo Fruet? Por que a ênfase de Ratinho em divulgar que contaria com a simpatia do ex-presidente Lula – líder inconteste em termos nacionais, mas de duvidosa referência entre os eleitores curitibanos? Ou até que ponto Lula de fato ajudará eleger Gustavo Fruet, o candidato que, sob suas bênçãos, o PT abraçou como seu?

O melhor para os candidatos é municipalizar a eleição e defender as próprias qualidades

A pergunta é pertinente diante do fato de que, se existe dúvida sobre a vantagem de ser apoiado por um bom líder nacional ou estadual, não há nenhuma dúvida sobre os prejuízos que um mal avaliado apoiador pode causar. Neste sentido, tornou-se clássico o exemplo protagonizado pelo ex-senador Osmar Dias em 2010, inicialmente considerado vencedor em todas as pesquisas. Bastou, no entanto, que se juntasse à sua campanha a rejeição do ex-governador Roberto Requião para que seus índices desabassem e acabasse sendo derrotado já no primeiro turno por Beto Richa. De prejuízo parecido pode sofrer também o candidato do PMDB, Rafael Greca, que tem em Requião o seu principal patrocinador, pois a tendência é que se somem as suas duas altas rejeições.

Vai daí que, seguindo-se tal diapasão, é impossível deixar de fora um fato novo que vem agitando a opinião pública nas últimas semanas. O fato novo é o desgaste político de Lula diante das versões correntes – verídicas ou não – de que teria tentado influenciar ministros do STF a adiar o julgamento dos réus do mensalão. Empíricas observações, sem ainda aferições científicas de institutos de pesquisa, levam à crença de que seu prestígio despenca desde então, principalmente junto à classe média. A lambança da CPMI do Cachoeira tem servido para aprofundar a percepção negativa.

Na dúvida, o mais prudente para os candidatos é, a partir de agora, "municipalizar" ao máximo a campanha, desligando-se o quanto puderem de seus padrinhos reais ou virtuais que habitam nos planos estadual e federal. O melhor que têm a fazer é difundirem as suas próprias qualidades. Qualidades pessoais que os diferenciem em relação aos seus adversários diretos. Richa, Lula e Requião não aparecem neste momento como os melhores cabos eleitorais.

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