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O deputado Tadeu Veneri, do PT, acabou pautando a sessão de ontem da Assembleia. Subiu à tribuna para pedir ao prefeito Beto Richa que esclareça as denúncias que vêm sendo veiculadas a respeito das supostas irregularidades na administração dele. Foi mais longe: anunciou que pedirá à Procuradoria-Geral da República para que investigue se há coincidência entre a liberação de verbas do PAC para municípios da região metropolitana e do interior do estado e a participação da empreiteira Iguatemi como executora dessas obras.

Segundo Veneri, há desconfianças de que existiria um poderoso círculo de influências políticas, com atuação no Paraná e em Brasília, que levam a resultados carimbados em favor da mesma construtora, beneficiária de contratos da prefeitura de Curitiba. "Acho que estamos pegando o fio da meada. Muita gente pode estar enrolada nele", disse o deputado petista.

O pronunciamento de Veneri foi o que bastou para que outros deputados fizessem fila para usar a palavra e para que o assunto escorregasse para o plano político-eleitoral.

Um dos pronunciamentos mais surpreendentes e mais debatidos foi o do deputado Luiz Carlos Martins, líder do PDT, que percebeu exatamente as repercussões eleitorais dos fatos. Para ele, Beto, um nome forte para disputar o governo estadual (embora não tenha ainda se declarado candidato), não pode silenciar diante das denúncias e nem pode aceitar que pessoas que estão à sua volta queiram blindá-lo das críticas. É preciso enfrentá-las com respostas e atitudes, resumiu Martins. "Se ele vestir as sandálias da humildade terá toda a nossa solidariedade se agir assim", disse o deputado.

O deputado lembrou que o prefeito faz parte do mesmo grupo político integrado pelo senador Osmar Dias, também candidato a governador. Por isso o comportamento de Beto é vital para manter a integridade da aliança a que pertence e que o ajudou a se reeleger. "Essa aliança e esse compromisso não podem ser desfeitos pela ação da tropa de ocupação interessada em se aproximar dos que apresentam expectativa de poder e que já começa a se coçar nas cercas do Canguiri ou a se aproximar de um candidato ou outro só para salvar a própria pele."

Martins lamentou a confusão que reina na política do Paraná desde que o presidente Lula emitiu sinais de preferência pelo senador Osmar Dias para representá-lo como candidato ao governo do estado. Ao mesmo tempo, tucanos e peemedebistas se dividem em direções contrárias entre Orlando Pessuti e Beto Richa, porque já não sabem se Requião apoiará Pessuti ou se vai se aliar a Beto, ou se Beto vai romper com Osmar e se este vai ficar com o PT de Lula. "A confusão é muito grande", afirmou.

Martins foi claro, no entanto, ao dizer que não serve a dois ou três senhores: "Meu candidato é o senador Osmar Dias, presidente do meu partido, o nome com o qual essa aliança se comprometeu em 2006." E lamentou que essa confusão esteja instalada quando ainda falta mais de um ano e meio para as definições das candidaturas.

"Nesse tempo, enquanto falta remédio nos postos de saúde, enquanto doentes procuram o programa Paraná sem dor não encontra medicamentos contra dor, nós, políticos, ficamos aqui discutindo eleições."

Tem razão. É melhor voltar às curiosidades do deputado Veneri...

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Olho Vivo

Precatórios 1

O governo do Paraná acumula uma dívida próxima de R$ 10 bilhões em precatórios – isto é, débitos que a Justiça reconheceu como líquidos e certos e que determinou que o estado pague. Tem grandes credores no meio, como empreiteiras, mas a grande maioria é formada por gente simples, como funcionários públicos com direitos trabalhistas ou diferenças salariais a receber, pessoas que sofreram desapropriações, pensões não liquidadas. No entanto, o governo não paga.

Precatórios 2

O que acontece? Como o governo não lhes pagada, premidos pela necessidade de sobrevivência esses credores vendiam seus direitos a terceiros. Recebiam à vista apenas uma parte do valor do crédito. Os que compravam, no entanto, pagavam suas dívidas fiscais à Fazenda Estadual com os mesmos títulos, mas com os valores de face, reais. Um decreto de Requião (418/2007) proibiu esse tipo de negociação. Desde 2007, salvo por ordem judicial, ninguém compra nem vende precatórios no Paraná.

Precatórios 3

O decreto é legal ou ilegal? Esta é a questão que Órgão Especial do Tribunal de Justiça volta a discutir amanhã. Uma decisão do desembargador Antonio Lopes de Noronha – que reconheceu a constitucionalidade do decreto – está sendo questionada. Seu voto poderá ser derrubado para abrir caminho para que, em breve, o TJ inscreva mais um decreto estadual na já longa lista das ilegalidades do governo.

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"A PEC deve ser tomada como exemplo em outros estados. O Paraná vai no caminho certo com a nova medida."

Do senador Pedro Simon, sobre a PEC do emprego proposta por Requião, batendo o costumeiro ponto na lista de aplausos.

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