O mundo encantado que o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, apresentou à Assembleia Legislativa como sendo o ‘novo’ Paraná que ele agora governa não foi até agora percebido como tal pelo povo. O ajuste fiscal empreendido desde o fim de 2014, segundo afirmou na audiência sobre as contas do quadrimestre, já teria conseguido a façanha de devolver o azul ao caixa do governo. Já em 2016, prometeu o secretário, os paranaenses ficarão maravilhados com investimentos de R$ 6,8 bilhões em obras – coisa de 13% ante receitas previstas em R$ 54 bilhões.
Belmiro
Já era noite em 28 de março de 2014 quando o professor Belmiro Valverde dedilhou no computador a última frase do livro que vinha escrevendo há meses – 250 páginas de leitura mais que oportuna, como se vê já pelo título: “Empresa brasileira e globalização – Transformando ameaças em lucros”. Na noite seguinte, 29, o ex-secretário de Planejamento, doutor em Administração Pública, morria de enfarte aos 73 anos. Um ano e meio após sua morte, o livro foi editado e posto à venda nas livrarias. A renda será revertida para o Centro Educacional João Paulo 2º, escola-modelo que acolhe crianças carentes de Piraquara – obra social a que Belmiro se dedicou nos últimos anos de vida. “Não vamos fazer lançamento; seria muito doloroso”, escreve Elizabeth, que hoje dirige a instituição criada pelo marido.
Roupa suja
Não fosse uma decisão do STJ , é bem possível que a Copel tivesse sucumbido à obrigação de indenizar em R$ 540 milhões a Ivaí Engenharia. A empreiteira e a estatal caminhavam para um acordo quando o STJ anulou a condenação que obrigaria a Copel a pagar a conta com juros sobrepostos. A dívida se referia a obras de construção de uma hidrelétrica nos anos 90. Ainda cabe recurso.
“Fanfarronice”
O ex-governador Orlando Pessuti passa este fim de semana reunido com advogados para estudar medidas para anular o ato do PMDB que o expulsou da sigla. Além de irregularidades formais – como a ausência de possibilidade de defesa –, Pessuti anota que o ato foi ‘mais uma fanfarronice’ do seu desafeto, o senador Requião, para ‘exercitar seu autoritarismo’ às vésperas da convenção marcada para o dia 31.
E o que o povo pensa disso? O povo acha que Beto Richa passou a ser um bom governador e que já está merecendo aprovação? Uma sondagem do instituto Paraná Pesquisas, encomendada pela Federação das Indústrias (Fiep), divulgada na última sexta-feira, dá a resposta: o povo ainda não percebeu nada, já que 73% reprovam o governo e apenas 25% o aprovam. Mais ou menos o seguinte: se Beto Richa fosse aluno de uma escola pública, sua nota no exame não passaria de 2,5, menor, portanto, do que a sofrível média de 3,8 obtida no Ideb pelo ensino fundamental do Paraná.
O governador pode encontrar consolo na situação enfrentada por Dilma Rousseff: ela está pior do que ele na avaliação dos paranaenses. Segundo a pesquisa, 88% dos entrevistados reprovam sua administração e somente 9% o consideram bom. Se a a presidente fosse colega de Richa na mesma escola, sua nota seria menor que 1. Mas a melhor maneira de avaliar a percepção dos paranaenses quanto ao desempenho do governador é olhar outro item da sondagem – aquele que pergunta se a atual gestão está melhor, pior ou igual à do mandato passado. As respostas predominantes foram ‘pior’ (67%) e ‘igual’ (27%). Os que acham que está melhor somam 4,7%. Os índices da sondagem Fiep/Paraná Pesquisas servem de medida do prestígio político e da admiração que a população devota aos seus dirigentes. A coisa está feia para ambos.
A semelhança de alguns dos eventos que marcaram a trajetória mais político-administrativa de Dilma e Richa explica por que ambos apresentam agora notas sofríveis. Por exemplo: os dois fizeram propaganda enganosa durante a campanha de reeleição em 2014. Até então, Paraná e Brasil iam muito bem, obrigado. Mas, passada a eleição, veio a revelação da tragédia: as contas estavam em pandareco e, para consertá-las, tascaram mais impostos, confiscos e arrochos. As medidas duras teriam sido melhor aceitas e compreendidas se os causadores do desequilíbrio não fossem os próprios gestores, que antes o escondiam. Na hora da verdade e do desespero, sobraram insatisfações generalizadas a serem divididas com o contribuinte. No Paraná, apelou-se até para a violência policial, como bem exemplificou o memorável massacre do Centro Cívico.
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