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Os professores decidiram ontem, em assembleia geral, acabar com a greve que já durava um mês e voltam às salas de aula nesta quinta-feira. Neste período, todos os motivos que os levaram a deflagrar o movimento paredista foram revogados pelo governo, que se comprometeu a cumprir toda a pauta de reivindicações da categoria. O acordo foi selado na última sexta-feira sob as bênçãos de um desembargador que intermediou as negociações finais.

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Quer dizer: o professorado só acreditou nas promessas quando elas receberam o selo do Poder Judiciário. Por este acordo, o governo desistiu de fazer quase tudo do que pretendia:

• manteve o direito aos quinquênios do funcionalismo;
• pagou (ou assinou que pagará) atrasados salariais, rescisões e terços de férias;
• recontratou professores que tinham sido demitidos;
• as salas de aula não mais serão superlotadas de alunos;
• merendeiras e outros funcionários voltarão à ativa;
• não se mexerá nos fundos da Paranaprevidência antes de uma profunda discussão com “o conjunto da sociedade civil organizada”.
• a Assembleia revogou a comissão geral do seu regimento.

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Muito bem: se o governo (e a Assembleia) podia capitular em tudo, por que, então, achava antes que tudo era necessário? Daí se pode concluir que: a) o pacote de maldades, que se queria impor à força de um camburão, não era assim tão imprescindível para sanear as finanças estaduais; b) que o estado, ao recuar, não conseguirá sair do atoleiro e o Paraná se manterá na pasmaceira. Qual das alternativas é a correta? Ah! E por que mesmo 1 milhão de alunos perderam 30 dias do ano letivo se nada do que o governo queria fazer fará?

A Paraná Pesquisas foi às ruas no fim do mês passado e constatou, com números, que a presidente Dilma Rousseff e o governador Beto Richa vão muito mal das pernas. Seus governos, respectivamente, são aprovados tão somente por 18% e 20% da população – índices ruins jamais imputados aos governantes de plantão nestas plagas. Agora é a vez de o prefeito Gustavo Fruet entrar na roda dos mal avaliados pela população.

Também em parceria com esta Gazeta, o instituto entrevistou eleitores curitibanos e constatou que a administração de Fruet só detém a simpatia de 29,6%. Claro, está melhor do que os outros dois citados, mas o dado que mais chama a atenção é o de que, em dezembro, há apenas três meses, seu índice de aprovação era de 44,2% – uma queda de 14 pontos no período. A desaprovação subiu de 50,3% para 65,5%.

Para a queda de Beto e Dilma (que em dezembro detinham índices, digamos, pouco mais confortáveis) as explicações são claras. Para o primeiro, anote-se a péssima repercussão do “pacotaço”, com aumento de impostos, tentativas de acabar com direitos do professorado e de servidores, atrasos em pagamentos para fornecedores e funcionários, greves prolongadas e, para coroar, o desgastante espetáculo do camburão carregado de deputados. Graças a isto, a aprovação de Beto despencou de 65,4% para pífios 19,9%. Para a presidente, aumentos da carga tributária, da gasolina, energia e, sobretudo, a contradição entre o discurso de campanha e a realidade.

O prefeito também foi protagonista de fatos que o desgastaram de dezembro para cá – um deles, o aumento do ônibus (de R$ 2,85 para R$ 3,30) e o anúncio da desintegração do transporte metropolitano. Diante disso não poderia mesmo ver crescer a aprovação da administração – até porque foram pouco notados os eventuais fatores positivos.

Sem dúvida, também, Fruet foi incluído na crescente e quase generalizada rejeição que os brasileiros (e paranaenses e curitibanos) passaram a devotar aos políticos e aos gestores públicos. O clima é de descrença ampla e irrestrita.

Há um outro dado na sondagem da Paraná Pesquisas com o qual o prefeito precisará se preocupar. Em abril de 2013, quatro meses após assumir o cargo, 78% dos eleitores diziam que Fruet estava fazendo uma administração igual ou melhor do que esperavam. A taxa de expectativa positiva está agora em apenas 41% – caiu quase pela metade.

Se estes dados negativos (queda na aprovação e na frustração das expectativas) refletirem uma tendência para os próximos meses, o projeto de reeleição estará comprometido. Outros candidatos poderão tomar-lhe a dianteira.

A favor de Fruet (mas não se sabe até quando) conta o fato de que ele ainda sai às ruas sem ser vaiado e sem ouvir panelaços – ao contrário de Dilma, que evita aparecer em público, e de Richa, que no auge da sua crise se recolheu ao recôndito Chapéu Pensador.

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