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Olho vivo

Destinos 1

A Sanepar não esperou o balanço de 2013 para distribuir os dividendos entre seus acionistas. Houve uma razão para isso: a antecipação serviu para o governo fazer o caixa necessário para complementar suas obrigações com as folhas dos servidores do fim do ano ano. A estimativa é de que a providência rendeu perto de R$ 60 milhões.

Destinos 2

Mas servidores da própria Fazenda Estadual alertam: o resultado final para o Tesouro será muito menor do que esse se os demais Poderes exigirem imediatamente o que lhes é de direito. Isso porque os dividendos ingressos no Tesouro integram o conceito de "receita corrente líquida", tornando-se obrigatórias as seguintes distribuições constitucionais: Judiciário, 9,5%; Ministério Público, 4,%; Legislativo, 5%; educação, 30%; saúde, 12%; ciência e tecnologia, 2%; precatórios, 2%. No total, 64% já têm seus destinos carimbados. Ou seja, apenas 36% poderiam ser destinados ao suprimento da folha de pessoal.

Destinos 3

Como a premência de pagar a folha era grande, tudo leva a crer que o estado não fez (ou não fará) as transferências e aplicações constitucionais, utilizando-se de interpretações heterodoxas para se eximir da obrigação. Os entes públicos que não virem pingar em suas contas suas cotas-partes que lhes correspondem têm endereço certo para reclamar ou buscar explicações – a Secretaria da Fazenda.

Conforme noticia o jornal O Estado de S. Paulo, dez praças de pedágio do Rio Grande do Sul foram extintas e cinco outras, que eram exploradas pela iniciativa privada desde 1998, foram repassadas à recém-criada Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Entre os gaúchos, o bordão "ou baixa ou acaba" encontrou um meio termo: pedágio que não baixou passou a ser controlado pela estatal criada pelo governo petista de Tarso Genro; e o que passou para o controle do governo, baixou em cerca de 25%.

Se essa providência trará bons resultados para o público usuário e para a economia riograndense, só se saberá no futuro. O fato é que a longa pendenga em tudo semelhante àquela que se trava no Paraná chegou a um final – contrariamente ao caso paranaense. Aqui, um governador não chegou a lugar nenhum com seu radical "baixa ou acaba" e outro, que o sucedeu, também não obteve resultados conhecidos com as anunciadas negociações que estaria fazendo com as concessionárias.

Transpostas para o território paranaense, as discussões que no Rio Grande do Sul culminaram com a saída da iniciativa privada da exploração rodoviária foram praticamente idênticas, com todos os condimentos políticos, ideológicos e eleitorais que o Paraná está cansado de acompanhar.

Lá, segundo a Agência Reguladora dos Serviços Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), as concessionárias arrecadaram R$ 5,5 bilhões durante 15 anos. Deles, R$ 3 bilhões foram investidos nas rodovias e R$ 2,5 bilhões foram revertidos em gastos operacionais, impostos, equipamentos e lucros das empresas.

Apesar dos números, o governador gaúcho fez campanha crítica contra o antigo regime de concessão. Disse Tarso Genro: "Aqui temos um exemplo dos problemas daquele sistema de pedágio. Milhões de reais circulavam nesta praça e não havia sequer o compromisso de fazer acostamento".

Tarso é rebatido pelo presidente da Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias (AGCR), congênere da ABCR que representa as seis empreiteiras que atuam no Paraná desde 1997. Diz Egon Schunck Junior: "O discurso do governo é político e ideológico. No Rio Grande do Sul, ao contrário do resto do mundo, a opção é a estatização". As queixas são também parecidas: "Embora não tenhamos recebido apoio do estado, que em sucessivos governos descumpriu contratos, fizemos investimentos pesados e criamos mais de 30 mil empregos". Claro, não foi assim tão pacífico o fim das concessões no Rio Grande do Sul. Tal como se dá no Paraná, ações judiciais se multiplicaram, entremeadas por tentativas – como se deu no governo de Yeda Crusius (PSDB) – de devolver a administração das rodovias ao governo federal. O que Lula não aceitou.

Aqui, como parte das negociações com as concessionárias para antecipar obras e reduzir tarifas, o governo paranaense buscou uma alternativa diferente – a de prorrogar os contratos por mais alguns anos, desde que a União concorde.

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