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Olho vivo

Reação 1

Roberto Requião e Alvaro Dias foram as estrelas do programa de televisão da coligação a "União faz um novo amanhã", na última sexta-feira. Eles apareceram como testemunhas do processo de beatificação do candidato a governador Osmar Dias. Requião apareceu para condenar Beto Richa por usar gravações antigas em que o ex-governador levantava suspeitas graves quanto à compra, por Osmar, de uma fazenda no Tocantins.

Reação 2

Requião disse no programa que, depois das denúncias que fez em 2006 contra o então adversário, o Ministério Público investigou por três anos e chegou à conclusão de que nada havia de irregular ou desonesto na aquisição da terra. Ou seja: o ex-governador confessou que este foi mais um caso típico do que tem sido história: acusar sem comprovar, afirmar sem pensar. Diante disso, não se sabe agora se a aparição na tevê mais ajudou ou prejudicou Osmar.

Reação 3

Alvaro Dias também teve seu momento no programa. Repetiu a declaração de voto em Osmar – atitude que contraria a orientação do seu partido, o PSDB, que tem Beto Richa como candidato. Os laços de sangue falaram mais alto, disse Alvaro: não poderia deixar de assumir uma postura de solidariedade e defesa do irmão diante dos ataques que vem sofrendo do adversário.

Desde que, há duas semanas, a revista Veja detonou o escândalo Ere­­nice Guerra, os institutos de pesquisa passaram a medir eventuais efeitos sobre a candidatura de Dilma Rousseff, amiga e antecessora da defenestrada chefe da Casa Civil de Lula. E, aparentemente, o prejuízo co­­meçou a aparecer, conforme apontou o Datafolha divulgado na última sexta-feira, conduzido exatamente para relacionar uma coisa com a outra.

No Brasil, na primeira semana de setembro, Dilma estava 23 pontos à frente de José Serra, ao passo que na última sondagem a diferença era de 21. Pequena, como se vê – abaixo até da margem de erro de três pontos admitida pelo instituto. No Paraná, contudo, o prejuízo foi bem maior. A distância entre os dois principais candidatos era de 13 pontos antes da crise e caiu para quatro depois da crise. Em Curi­­tiba, nem se fala: Dilma tinha 36% e Serra 35%, mas agora o tucano soma 39% e Dilma desceu para 29%, uma inversão dramática: o ponto favorável à Dil­­ma virou uma vantagem de dez para Serra.

Tudo isso leva a pensar como ficam os dois candidatos ao go­­verno do Paraná apoiados pelos dois à Presidência. Se Dilma caiu tanto no Paraná e em Curi­­tiba e se, ao contrário, Serra reverteu a queda e diminuiu a desvantagem nesses dois territórios – essa movimentação teria produzido efeitos sobre as candidaturas de Beto Richa e Osmar Dias? Pois, como se sabe, o primeiro é apoiado por Serra e segundo está colado em Dilma.

Suspensas

Taí uma pergunta difícil de ser respondida porque as pesquisas de opinião que poderiam esclarecer o eleitorado foram sonegadas do público por iniciativa de Beto Richa, que recorreu à Justiça Eleitoral para que três rodadas que estavam previstas para a semana passada fossem suspensas. Richa, justamente, seria o candidato que, presume-se, poderia ser o beneficiário da crise que afetou Dilma e, por consequência, poderia afetar também Osmar Dias em sentido contrário.

São os tais fatos novos que, no decorrer de uma campanha, podem influir sobre as tendências do eleitorado. Se antes a tendência de Dilma Rousseff era a de ampliar ainda mais sua distância de Serra, o fator Erenice Guerra levou uma parte do eleitorado a pensar em mudar seu voto. Daí a explicação para que a verde Marina Silva passasse a crescer como opção e que Serra conseguisse estancar a sangria que vinha sofrendo.

Teria também havido algum movimento de mudança de tendências em relação a Beto e Osmar? É algo que, talvez, só se saberá se a Justiça Eleitoral mu­­dar seu entendimento e liberar as pesquisas.

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