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Quem um dia poderia imaginar que o Paraná ficasse igual ao Maranhão? Pois é: a agência de risco Moody’s não vê diferença entre os dois estados quando compara o grau de confiança que suas respectivas finanças inspiram. Aqui e na Sarneylândia, a nota de risco caiu para Ba1, enquadrando-se no que se chama de “grau de não investimento especulativo”, o oposto do “grau de investimento”, que confere total confiabilidade nas finanças.

No caso do Paraná, que até recentemente exibia nota Baa3 (ainda no grau de investimento), a queda para Ba1 assemelha-se à situação de um aluno cujas médias baixaram ao ponto de levar os professores a duvidar que ele possa ser aprovado no fim do ano letivo.

Operação Cida 1

Operador político que, se fosse jogador de futebol se daria bem tanto na ponta esquerda quanto na direita, o deputado federal Ricardo Barros (PP) trabalha em silêncio para fazer da mulher – a vice-governadora Cida Borghetti – sucessora de Beto Richa em 2018. Embora mais acostumado a jogar no ataque do que na zaga, Barros tem sido até agora feliz em evitar que Cida (Pros) seja contaminada pela crise política que o governador tem dificuldades em superar.

Operação Cida 2

O que já é um grande feito, dadas as circunstâncias. Se assumir o governo nos nove meses finais da atual gestão (caso Richa renuncie para disputar outro cargo eletivo), Cida pode chegar ao pleito sem rejeições e pronta para enfrentar os adversários que até agora só existem no plano virtual: Osmar Dias (PDT), Alvaro Dias (talvez já fora do PSDB), Ratinho Jr. (PSC) e Roberto Requião (PMDB).

A Moody’s é uma das mais acatadas agências internacionais de que se servem os investidores para medir a confiança que devem depositar nos países, estados, municípios e até mesmo empresas. Ontem, ela divulgou os “ratings” do Brasil, rebaixado na última terça-feira (11) para Baa3, o que significa que o país – como o Paraná até 2013 – ainda apresenta um “risco de crédito moderado” e conta alguns elementos de proteção contra as intempéries econômicas globais.

Vamos traduzir de maneira diferente a situação pintada pela Moody’s. Digamos que você vá ao banco fazer um papagaio; o gerente exige garantias de que tem toda a capacidade de pagar inteiro e em dia o empréstimo. Sua ficha é boa e seus outros compromissos não prenunciam um eventual calote. Nesse caso, o gerente fica feliz em emprestar a grana e lhe cobra juros baixos. Se, ao contrário, o banco vir que você é um cliente duvidoso, até pode liberar a grana, mas a um juro escorchante.

Tanto o Maranhão quanto o Paraná, assim como Minas Gerais e Belo Horizonte, ficaram naquela faixa dos clientes duvidosos, com alto risco de levarem um “não” do gerente ou serem obrigados a pagar altas taxas. São os clientes ditos “especulativos”: como o risco que os investidores correm ao negociar com eles é maior, maior também a remuneração que vão exigir.

A Moody’s explica porque deixou de considerar o Paraná um estado onde os investidores poderiam colocar seu rico dinheirinho quase de olhos fechados. É porque o balanço do estado em 2014 mostrou uma grande deterioração e porque a agência perdeu confiança nos dados fornecidos pelo Paraná: foram notadas “pedaladas” nas informações, por exemplo, relativas aos gastos com a folha de pagamentos. Ora era um número, ora outro. Além disso, chegou ao fim de 2014 devendo muito aos seus fornecedores.

A agência mantém-se pessimista com relação ao Paraná, pois à nota Ba1 acrescentou um “viés de baixa”. Isto é, a nota pode cair ainda mais no futuro próximo se o estado não der sinais mais evidentes de recuperação. O ajuste fiscal empreendido pelo governo desde o início do atual mandato quem sabe possa afastar esse perigo, já que os impostos e taxas subiram absurdamente e os gastos supostamente subirão menos, uma vez que setores do funcionalismo público – professores, principalmente – receberam reajustes salariais menores do que a inflação.

Mas quem diria que o Paraná, quinta maior economia do país, maior produtor agropecuário, detentor de um parque industrial invejável, maior gerador de energia, grande exportador e, apesar dos pesares, contando com uma infra-estrutura razoável, viria agora a ser comparável ao Maranhão – o mais atrasado estado brasileiro – quando analisada a segurança de suas finanças públicas?

Essa decadência certamente não aconteceu como resultado de um fenômeno de geração espontânea. Também não combina com o tal “choque de gestão” que nos foi prometido há quatro anos. Então, o que teria dado errado? Por quê? Quem teria comprado a passagem de ida para a Sarneylândia? E quem comprou a de ida pode garantir logo a de volta?

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