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Olho vivo

Estocolmo

Os dois secretários que o PT tem incrustrados no governo Requião – o da Agricultura, Walter Bianchini, e da Ciência e Tecnologia, Lygia Pupatto – divulgaram nota ontem para avisar que vão obedecer a decisão do partido para que deixem seus postos. Mas, pelo que se lê, o farão muito contristados, pois, dizem eles, "temos orgulho muito grande da nossa participação neste governo". Quando vão deixar o governo? Não definiram data, pois ainda estão empenhados em preparar "uma transição responsável para a continuidade dos projetos e programas de nossas secretarias". Ah, bom!

Alívio 1

O povo curitibano respira aliviado: caiu pela metade o número de assassinatos na cidade neste último fim de semana (da noite de sexta à noite de domingo) em relação ao mesmo período de duas semanas atrás. Em vez das 39 mortes violentas daquele final de semana, neste foram registradas "só" 18. Segundo o secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, isto se deve à operação "Cidade Segura", lançada há uma semana.

Alívio 2

Foi impressionante a eficácia da operação: naqueles locais onde ocorriam mais mortes, os assassinos passaram a se comportar de maneira mais civilizada e deixaram de matar – graças à notável presença das polícias Militar e Civil nas zonas mais conflituosas. O povo quer saber se, já no próximo final de semana, os homicidas vão manter o mesmo espírito de colaboração.

O PMDB do Paraná está dividido em dois grupos bem distintos. Há o grupo dos "com votos" e o grupo dos "sem votos". Fazem parte do primeiro 136 prefeitos, 750 vereadores, 16 deputados estaduais e sete federais. Do segundo, fazem parte, dentre outros – em ordem alfabética, porque são iguais em importância – Doático Santos, Eduardo Requião e o secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari.

Assim como são diferentes do ponto de vista eleitoral e de influência política, as duas facções são diferentes também em relação às preferências quanto aos candidatos ao governo estadual. Ofi­­­cialmente, todos, de um grupo e de outro, juram fidelidade ao candidato do partido, o vice Orlando Pessuti. Nas sombras, porém, os dois grupos não conseguem esconder que se dividem entre Beto Richa e Osmar Dias.

A descrição desse quadro, com a clareza com que foi feita à coluna por um experiente operador da política peemedebista, não chega a ser uma revelação. Mas sem dúvida contém subsídios para abrir aos observadores uma melhor compreensão do cenário de preparação para a campanha eleitoral que se avizinha. O que, imediatamente, leva também à compreensão do porquê da cupidez com que Beto Richa e Osmar Dias correm atrás do apoio do PMDB para suas respectivas candidaturas.

Para se ter melhor ideia: apenas cinco dos 16 deputados estaduais da legenda detêm o "comando" político de cerca de 200 prefeituras do estado. São os "com votos" Luiz Cláudio Romanelli, Caíto Quintana, Alexandre Curi, Nereu Moura e Artagão Júnior. Assim, obter o apoio desses parlamentares pode representar um balaio considerável para ajudar na campanha.

E com quem estão os "com votos" do PMDB? Se perguntarem a eles, especialmente se houver uma câmera e um microfone na frente, dirão que seu candidato se chama Orlando Pessuti. Sem microfones e câmeras, a resposta é outra: estão todos com Beto Richa.

Na outra trincheira, mesmo sem a aquiescência formal do senador Osmar Dias, encontra-se Eduardo Requião – um dos líderes dos "sem votos" – articulando em favor do candidato do PDT. Não tem voto algum – até pelo contrário, se anunciar essa posição, o ex-superintendente do Porto de Paranaguá espalhará má-vontade até mesmo entre os que estavam dispostos a batalhar por Osmar.

O enigma é o próprio governador Roberto Requião. Embora seja do grupo dos "com votos" e oficialmente também se declare pró-Pessuti, só espera o dia em que vai declarar sua independência em relação a Richa e Osmar – sem, contudo, se comprometer com Pessuti.

Não vai apoiar nenhum deles. Vai mesmo é fazer sua campanha de senador, seguro de que não precisará se alinhar com ninguém para se eleger. Bastar-lhe-á apenas o prestígio pessoal – apesar de algumas pesquisas confiáveis lhe mostrarem que a corrida solitária contra dois grupos de candidatos a uma cadeira no Senado (os da chapa de Osmar e os da chapa de Richa) poderá lhe custar o primeiro lugar ou até mesmo a derrota.

Conclusão do anônimo – mas poderoso – peemedebista ouvido pela coluna: o PMDB quase inteiro vai de Beto e só espera que o próprio Pessuti tome a iniciativa de desistir. Em tempo: a fonte dessa análise avisa que não é infalível.

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