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Um telefonema disparado de Genebra, na Suíça, devolveu à estaca zero a angústia que há meses consome as energias da política paranaense. O telefonema DDI foi do ministro Carlos Lupi, presidente licenciado (mas de fato) do PDT, e atendido pelo senador Osmar Dias. A conversa teve o tom de apelo e foi direto ao ponto: "Você tem tudo para ser governador do Paraná. Você fará besteira se se aliar ao PSDB para se reeleger senador", disse Lupi. "Espere mais um pouco", pediu.

Osmar consentiu em atender ao apelo do ministro e deu por suspensos os entendimentos que, na noite de quarta-feira, levaram o prefeito Beto Richa e o presidente estadual tucano, deputado Valdir Rossoni, a acreditar que tinham, enfim, conseguido firmar a aliança com o senador.

O "espere um pouco" contido na súplica do ministro Carlos Lupi foi acompanhado de uma explicação: o presidente Lula ainda não concluiu as conversações com o governador Orlando Pessuti – de cuja desistência à candidatura para manter-se no Palácio depende a formação da grande frente partidária estadual entre PT, PDT e PMDB, a mesma que, em plano nacional, dá sustentação ao projeto de eleger Dilma Rousseff à Presidência.

Se a conclusão será hoje, amanhã ou na semana que vem, não se sabe. O fato é que o PSDB está com sua convenção pendurada no pincel. Amanhã, no Expo­­trade Center, Beto Richa pretendia ser fotogrado e filmado fazendo aquele gesto tradicional de levantar as mãos de um aliado de peso, no caso, lógico, as de Osmar Dias.

Se a indefinição persistir, o brilho da festa será empanado pela ausência de dois lugares vagos na chapa tucana – uma para o Senado, que havia sido oferecida a Osmar, e a outra, de vice-governador, que seria ocupada pelo oferecido deputado Augustinho Zucchi, presidente regional do PDT.

Embora também angustiado com a crescente imagem de indeciso que ameaça marcar sua trajetória, o senador Osmar Dias não teve, digamos, grandes dificuldades para entender a profundidade do apelo do ministro Carlos Lupi. É que, da mesma forma que teme não receber todo o apoio do PT – que acusa de estar mais interessado em colocar Gleisi Hoffmann no Senado do que em ajudá-lo a eleger-se governador –, o senador também desconfia que o PSDB possa fazer coisa semelhante.

O raciocínio que o atormenta é quase cartesiano: os tucanos dispensam agrados a ele porque pretendem apenas tirá-lo da disputa direta com Richa, colocando em risco a vitória do ex-prefeito se o confronto fosse apenas com o peemedebista Orlando Pessuti. Cumprida a tarefa de tirar Osmar do caminho, ele seria deixado ao léu para fazer uma campanha solitária e sem recursos.

Para Pessuti, tudo é relativo

Enquanto isso, em meio às pressões para que renuncie à sua candidatura, o governador Orlando Pessuti, começa a dar sinais mais evidentes de que pode chegar a este ponto. Numa entrevista radiofônica que concedeu em Corbélia, no Oeste do estado, ontem à tarde, relativizou a aparente teimosia com que se referia antes à manutenção de sua candidatura. Veja a transcrição literal de alguns trechos da entrevista:

"Nunca desistimos de nossa proposta [de ser candidato]. O que ocorreu é que fomos chamados a conversar com Osmar e ainda estamos abertos a novas conversas. Nós sempre quisemos e queremos uma base muito forte de apoio para Dilma Rousseff e Michel Temer no Paraná."

"O que pode acontecer é deixar de colocar o meu nome para a disputa se houver o entendimento com o presidente Lula, com os deputados federais e estaduais do PMDB. A pré-candidatura foi estabelecida pela executiva do PMDB e pelos parlamentares. Não é uma opção pessoal de Orlando Pessuti e nós estamos nos estruturando para disputar a eleição."

"Somente nesta semana conversei com o senador Osmar Dias por duas vezes pessoalmente e outras três vezes falei com ele por telefone. Minha candidatura está definida há um ano e nas conversas que tive com o senador disse que teríamos de discutir todas as variáveis."

"Espero que o Osmar seja candidato ao governo e se isso não for possível que ele nos apoie ao governo do estado, una-se a nós mantendo um palanque forte para Dilma Rousseff no Paraná."

"Aguardo ainda um novo contato do senador Osmar Dias para retomar as negociações."

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