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“O direito de nascer” foi uma das novelas mais longas e de maior audiência já produzidas pela dramaturgia brasileira. Apresentada em rádio na década de 1950 e em três versões para televisão nas décadas seguintes, o folhetim contava a história de Albertinho, um menino rejeitado pela família conservadora que não admitia ter sido ele fruto de um amor proibido.

A novela do pedágio no Paraná também já vem de muito longe, mas os protagonistas são outros. Começou em 1997, quando Jaime Lerner firmou os contratos de concessão, e continua até hoje, com momentos ainda eletrizantes – como aquele em que, na campanha de 2002 e nos seus dois mandatos sucessivos, o ator Roberto Requião bombava com o bordão “baixa ou acaba”.

Uma nova versão da novela, agora com o nome de “Pedágio, a missão”, ganhou contornos outros a partir de 2010, quando seu novo roteirista, o candidato e em seguida governador eleito também por duas vezes, Carlos Alberto Richa, prometeu uma guinada sensacional. Nestes seis anos, em grandes lances, os capítulos se desenrolam mais ou menos assim:

Cap. 1 - Beto sepulta o “baixa ou acaba” e promete resolver tudo com diálogo, mais obras e tarifas reduzidas. O script rende até hoje, mas não sai do lugar, como nos tempos de Lerner e Requião, considerados incompetentes. O primeiro, numa canetada, baixou a tarifa pela metade para não perder a reeleição de 1998; o segundo, depois de eleito, inundou a praça com ações judiciais contra as concessionárias, mas deixou tudo como sempre esteve.

Cap. 2 - Nas mãos Beto Richa está agora o poder de sancionar uma lei que transfere para a Assembleia a responsabilidade de decidir o futuro do pedágio. Em 2011 ele suspendeu as ações judiciais herdadas de Requião na esperança de alcançar um acordo amigável, que incluía prorrogar os contratos para além do fim previsto, em 2021.

Cap. 3 - Neste capítulo, levado ao ar na segunda-feira (11), a Assembleia aprovou o projeto em que assume para si a decisão de determinar como será o último capítulo. Quando sancionar a lei, o governador limitará seus próprios poderes e terá de pedir autorização aos deputados antes de tomar qualquer atitude. Nada mais cômodo: não corre o risco de desgastar seu grupo político nas eleições de outubro próximo nem de sofrer do mesmo mal em 2018, quando buscará se eleger senador. De lambuja, passa o abacaxi para quem o suceder no Iguaçu.

Cap. 4 - Acontece que a produção da novela decidiu introduzir um fato novo que embola o roteiro: o presidente interino Michel Temer já enviou ao Congresso uma Medida Provisória que autoriza a prorrogação de todos os atuais contratos de concessão alegando dificuldades do governo em atrair novos investidores, cada vez mais ariscos aos riscos.

A audiência para os próximos capítulos já está garantida, principalmente entre o pessoal do agronegócio que luta pela prorrogação-já como forma de evitar, daqui cinco anos, o lenga-lenga de uma nova licitação – que pode ser tão longa quanto os quase 300 capítulos de “O direito de nascer”.

OLHO VIVO

Cristianização 1

O deputado Ney Leprevost, pré-candidato do PSD à prefeitura de Curitiba, não foi localizado ontem à noite para comentar o que já teria sido uma decisão do deputado e secretário Ratinho Jr., dono simultâneo do PSD e do PSC. De boas fontes, as informações correntes eram de que, diante do resultado da última pesquisa Ibope, Ratinho teria perdido ânimo com a candidatura de Leprevost e que estaria prestes dar o PSC para Rafael Greca, do PMN. Isto é, estaria “cristianizando” o candidato do seu partido.

Cristianização 2

Leprevost apareceu no Ibope com 5%, na quarta posição, abaixo de Greca (21%), Fruet (18%) e Requião Filho (16%). Realizada com 805 eleitores entre os dias 2 e 6 de julho e com margem erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos, a pesquisa foi encomendada pela Rede Massa e registrada no TRE sob n.º PR05852/2016.

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