Requião solto, um perigo

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O PT paranaense está numa grande encruzilhada: seguindo uma orientação já transmitida pelo próprio presidente Lula, o partido trabalha para fazer do senador Osmar Dias o seu candidato a governador, mas ao mesmo tempo precisa atrair o PMDB do governador Roberto Requião. Unir todas as forças possíveis faz parte da estratégia nacional já definida pelo partido, cuja prioridade número um é colocar a ministra Dilma Rousseff na cadeira de Lula.

O PT paranaense tem procurado conversar com todos os partidos que considera da base nacional. Já firmou compromissos, por exemplo, com o PSC, e já se reuniu também com o PDT de Osmar Dias. Acredita que não terá dificuldades com o PTB, mas vê problemas com o PSB local, aqui dominado pelo vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, tido até agora oficialmente como fiel à candidatura de Beto Richa. Mesmo porque, tendo de renunciar à prefeitura para candidatar-se, Beto daria a Ducci um mandato de quase três anos.

Encontro

E com o PMDB? Segundo a presidente do PT, desde fevereiro seu partido pede um encontro formal, mas até agora sequer houve resposta. A aproximação com os peemedebistas é importante sob o ponto de vista do projeto Dilma. Eles detêm um terço das prefeituras, um sem-número de vereadores e dispõem de diretórios estruturados na maioria dos municípios. Sem o PMDB, a candidatura de Dilma perde poder de fogo no Paraná.

Mas, além disso, há outro perigo não mencionado pela presidente petista: é muito perigoso deixar Requião solto. O único partido disposto ainda a obedecer à sua voz de comando é o seu próprio. É melhor tê-lo por perto e o mais comprometido possível para diminuir as chances de que ele repita a estratégia personalista de que sempre se utilizou: aliar-se com quem mais vantagens lhe oferecer – até com o diabo, como já disse diante de câmeras uma vez – para garantir-lhe a eleição para o Senado, já não tão segura quanto se prenunciava.

Por estas e por outras, a ideia que continua mais promissora para o PT é a de manter o namoro com Osmar Dias visando a um casamento formal em futuro próximo. O noivo só exige um dote: que haja reciproco e poderoso apoio por parte do PT à sua segunda tentativa de chegar ao Palácio Iguaçu. O presidente Lula, pai da ideia, já mandou dizer ao senador de que está disposto, sim, a pagar o dote.

Lula lá

O presidente Lula vai cumprir agenda no Paraná no próximo dia 22. Vai a Congonhinhas de helicóptero. Voará até o município a 70 quilômetros de Londrina para comemorar a superação de 2 milhões de ligações em todo o país do programa Luz para Todos, que integra o PAC.

Depois vai a Londrina, onde participará do lançamento do Plano para a Safra Agropecuária 2009-2010, na Sociedade Rural do Paraná, às 15 horas. Acompanharão o presidente, os ministros paranaenses Reinhold Stephanes, da Agricultura, e Paulo Bernardo, do Planejamento.

Lula terá oportunidade de aferir diretamente a temperatura política no Paraná. Lá estarão, além de Requião, também Osmar Dias e outros interessados na montagem do quadro sucessório paranaense.