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Não adiantaram os esforços do governador Beto Richa de se ver livre das garras do Superior Tribunal de Justiça. Seu pedido para que o STJ desconsiderasse a delação premiada de um auditor fiscal de Londrina que indicou sua campanha de reeleição como beneficiária das propinas foi negado pelo ministro João Otávio de Noronha.

Richa queria também que seu primo distante Luiz Abi e o amigo co-piloto Marcio Lima fossem dispensados de novos depoimentos. Tudo negado. Com esta decisão, Richa se torna o primeiro governador do Paraná, em pleno exercício do cargo, a responder em tribunais superiores por suspeita de corrupção. Este caso se refere apenas à Operação Publicano, que investigou desvios próximos de R$ 1 bilhão da Receita.

Interesse por eleição de prefeito perde para Lava Jato e impeachment

A hecatombe política em que o Brasil vive nestes dias de Lava Jato e de providências aceleradas para o impeachment da presidente da República deixa em segundo plano a política municipal. Estamos em ano eleitoral, quando se renovam os mandatos de prefeitos e vereadores. O clima, já a estas alturas, deveria estar quase entrando em temperatura de ebulição – mas é visível que o interesse nos assuntos nacionais está deixando a política local em segundo plano.

O caso curitibano é típico do esfriamento do interesse pelo que mais de perto afetaria os habitantes da cidade. É claro que partidos e candidatos se preparam para a disputa das eleições de outubro próximo, mas até mesmo as articulações – que, em tempos normais, já estariam em ritmo acelerado – recolhem-se diante da expectativa dos graves dias que o país atravessa.

É hoje, por exemplo, que o PMDB nacional tomará uma decisão que não pode ser tomada como banal. O partido, em encontro nacional, tende a “desembarcar” do governo federal, abandonar a aliança com o PT e largar os cargos que detém na administração. Ainda que se trate de uma ação marcada pelo fisiologismo às avessas – na medida em que não briga por cargos mas busca apenas salvar a própria pele – o PMDB abre as portas do precipício para Dilma.

Ao contrário das previsões que indicam um fim a ser contado em semanas, o processo de impeachment pode se alongar por meses. Há pela frente incontáveis recursos regimentais, apelos e decisões judiciais, negociações políticas, manifestações de ruas e tudo o mais que se possa imaginar capazes de prolongar a agonia ainda por meses, aproximando-se ou mesmo se confundindo com o período das eleições municipais.

É por isto que a eleição do prefeito de Curitiba vem sendo tratada com uma desimportância que não se via há muito tempo. Estão aí colocados os pretensos candidatos, dentre os quais o próprio prefeito Gustavo Fruet – que deverá pleitear a reeleição – e a meia dúzia dos mesmos nomes e sobrenomes que nas últimas quatro décadas se alternam no comando da política curitibana. De Greca a Ducci, de Ratinho Jr. a Leprevost e Requião Filho, todos são fregueses de caderno do eleitorado curitibano, quer por herança quer por iniciativa própria. Nenhum deles, até agora, aparenta muita disposição para ir à luta – mesmo porque recursos escassos e fontes generosas refreadas pela Lava Jato os inibem de cair na rua buscando aliados e eleitores. E também porque estes não se mostram muito entusiasmados a escutá-los.

E assim, ao que tudo indica, prosseguirá a carruagem municipal – ao menos até o momento em que o nó federal se desate de vez.

Na cabeça do eleitor habitam outras prioridades. Ainda que insatisfeito com a segurança pública, com os buracos das ruas, com o transporte, com a saúde ou com a falta de creches, assumem maior relevância temas que lhe parecem distantes dos problemas e dramas tipicamente urbanos. Corrupção, recessão, emprego.

Em tempo: Curitiba faz aniversário hoje.

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