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A quinta rodada do Datafolha* mostra empate em 44% entre Roberto Requião e Gleisi Hoffmann na corrida para o Senado, ambos da coligação liderada por Osmar Dias. Se a eleição tivesse sido sexta-feira, dia da conclusão da pesquisa, ambos estariam eleitos, pois são duas as vagas disponíveis. Em terceiro e quarto lugares figuram Gustavo Fruet (21%) e Ricardo Barros (18%), da chapa de Beto Richa.

As tendências apontadas nas quatro rodadas anteriores do mesmo instituto, iniciadas no fim de julho, já prenunciavam o quadro que agora se vê em relação aos dois primeiros colocados. Na primeira, Requião aparecia com 50% das preferências, enquanto Gleisi ocupava a segunda posição com distantes 28%. As rodadas seguintes, no entanto, passaram a desenhar com clareza as linhas de tendência: enquanto Requião perdia regularmente um ponto em cada uma, Gleisi subia com velocidade média de 4 pontos. Deu nisso: ambos agora estão empatados em 44%.

Faltam ainda, a contar de hoje, 13 dias para a eleição – tempo suficiente para, se mantida a mesma tendência, Gleisi terminar em primeiro lugar nas urnas e Requião, se tiver sorte, em segundo. Observa-se que os votos do ex-governador estão sendo diretamente transferidos para Gleisi, que se beneficia também de uma leve diminuição do contingente de indecisos. Há três semanas, os que ainda não sabiam em quem votar para senador somavam 60%, enquanto que a rodada mais recente mediu este contingente em 54%.

O tamanho desse exército de indecisos e a marcha para trás que Requião empreende têm potencial para levá-lo ao 3.º lugar e eleger um dos dois candidatos ao Senado da coligação de Beto Richa. Assim, não se pode descartar a hipótese de que Gustavo Fruet (que agora está em 3.º lugar) ou mesmo Ricardo Barros (em 4.º) venham a suplantar o ex-governador na contagem final, ainda que agora pareçam tão distantes.

Gustavo Fruet percebeu a possibilidade e tenta captar a atenção dos indecisos e dos que se recusam, por rejeição, a votar em Requião. Na sexta-feira, no programa eleitoral da televisão, Fruet valeu-se de uma lenda indígena para comparar o adversário a um lobo raivoso – um perfil que, segundo ele, não é adequado para quem pretende exercer um mandato parlamentar, no qual o diálogo e o respeito são fundamentais – atributos que só se encontram no lobo bom.

Os próximos 13 dias serão decisivos.

* Foram ouvidos 1.246 eleitores em 47 municípios. A pesquisa está registrada no TRE com o número 21.776/2010. Margem de erro de 3 pontos porcentuais.

Potencial pra mais de metro

Você sabia que Curitiba tem uma moeda própria? Não se chama real – chama-se "potencial construtivo". Quem a cria é a prefeitura municipal valendo-se de uma legislação que nasceu para proteger o patrimônio histórico, arquitetônico e ambiental da cidade.

Funciona mais ou menos assim: a prefeitura determina por decreto que sobre um certo imóvel poderiam ser construídos, por exemplo, mais 1.000 metros quadrados se não fossem as restrições impostas pelas leis de preservação. Um imóvel imexível, tombado pelo patrimônio histórico, por exemplo. A esses 1.000 metros virtuais é que se dá o nome de "potencial construtivo", que, na prática, se transforma em um título com valor de mercado.

Quem compra? Há muitos interessados. Normalmente são construtoras que projetam levantar edifícios numa zona em que, pela lei de zoneamento, o limite máximo de área construída seja, por exemplo, de 10 mil metros. Mas se comprarem da prefeitura os mil metros de potencial construtivo, podem acrescentar essa metragem ao novo empreendimento. Então, no lugar de um prédio de 10 mil metros quadrados, pode nascer um de 11 mil.

A prefeitura tem vendido potencial construtivo a cerca de R$ 150,00 o metro quadrado. Assim, 1.000 metros valem R$ 150 mil. Em compensação, quem paga esse valor ganha o direito de construir mais três ou quatro apartamentos de bom tamanho, que vende depois a R$ 600 mil ou mais cada um!

Sem dúvida, um bom negócio para as construtoras e para o mercado paralelo de potenciais construtivos. Mas pode ser péssimo para a cidade, que fica ameaçada de assistir (como já acontece) ao desmanche gradativo da lei do zoneamento e de perder o rumo do planejamento do crescimento urbano.

Pois bem: a prefeitura quer contribuir para o término da construção da Arena da Baixada para ser sede de jogos da Copa do Mundo de Futebol em 2014 com a emissão de 450 mil metros quadrados em títulos de potencial construtivo. Eles poderão ser usados para garantir a operação de financiamento no BNDES pelo Atlético e pela construtora que vier a empreitar a obra.

450 mil metros quadrados equivalem a um terço de tudo quanto Curitiba constrói em um ano. É metro demais que a cidade corre o risco de pagar na forma de excessivas concessões que poderão comprometer a qualidade da vida urbana.

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