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Uma nova espécie habita as pastagens da África do Sul desde ontem. Impo­nen­tes, os elefantes bran­­cos vão trazer boas recordações e um futuro oneroso. Há chances reais de os bichos se reproduzirem, cruzarem o Atlântico e aportarem no Brasil – também em Curitiba.

Belos e caros, boa parte dos estádios da Copa de 2010 não tem sequer time de futebol para abrigar. Em Nelspruit, a situação é ainda pior. A arena para 48 mil torcedores não tem perspectiva de receber qualquer equipe local de qualquer modalidade esportiva.

Durban e a Cidade do Cabo já pos­­suíam espaços para mais de 50 mil pessoas antes da competição. Fo­­ram julgados "inadequados" pe­­la Fifa, que incentivou a construção do Moses Mabida e do Green Point. Juntas, eles custaram R$ 1,9 bilhão.

Ao todo, os dez estádios utilizados na competição custaram dez vezes mais do que o previsto. Em 2003, a estimativa era de R$ 370 milhões, valor que saltou para R$ 3,8 bilhões em julho de 2010. Na Alemanha, em 2006, as despesas aumentaram em 50% sobre o levantamento inicial e ficaram em R$ 3,3 bilhões.

No Brasil, as contas para os 12 es­­tádios começam em R$ 5,3 bi­­lhões. Supondo que os brasileiros sejam bem melhores de cálculo do que os africanos e um pouco piores que os alemães, um acréscimo de 75% jogaria esse valor para R$ 9,3 bilhões. Ou seja, mais que o dobro do que foi gasto no Mundial deste ano.

Os números vêm seguidos de uma interrogação. Vale a pena sediar uma Copa? Na verdade, a melhor resposta é: depende.

A organização de um evento tão grande pode ser encarada como investimento e não como despesa. Primeiro porque envolve uma série de obras de infraestrutura que ficam como legado. Tanto a Copa de 2014 quanto a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, servirão como um catalisador para empreendimentos que são urgentes para o desenvolvimento da economia do país – a situação mais notória é a dos aeroportos.

Além disso, é a chance de o Brasil se mostrar para o mundo como uma nação capaz. O recente crescimento econômico abriu os olhos do mundo para as oportunidades que podem ser geradas aqui. Organizar de maneira competente um evento tão grande será a comprovação dessa tese.

Mas há também os contras, vários deles. O brasileiro é especialmente inebriado pelo futebol. Daqueles capazes de encher a cara antes e durante a festa e só perceber o tamanho da conta no dia seguinte, mais ou menos como aconteceu com os sul-africanos.

E o maior medo é dos espertinhos que surgem no meio do caminho. Por exemplo, parece estranha a recusa definitiva da organização da Copa de 2014 a aceitar o Morum­bi. Será que não tem gente interessada em ganhar os tubos com a construção de um novo estádio no coração financeiro do Brasil?

Em Curitiba, o que deveria servir de orgulho virou drama. Faltam R$ 100 milhões para terminar a Arena. É uma pechincha perto dos R$ 745 milhões que serão gastos no Mané Garrincha, em Brasília.

O problema é que o Atlético só topa dar R$ 33 milhões do próprio bolso. Aí surge a proposta de uma esquisita triangulação entre governo do estado e prefeitura para pagar o resto. Mas o pior é o plano B: a Copel patrocinaria os R$ 66 milhões pelo direito de divulgar a sua "marca" no estádio.

Vale lembrar que a Copel não tem concorrente, logo, não precisa investir nesse tipo de publicidade. Sim, a conta ficaria para todos nós, paranaenses.

Por essas e outras é difícil dizer ao certo o quanto será positivo ou ne­­­­gativo receber a Copa de 2014. As coisas boas são evidentes, sedutoras. Já as más dão um medo de lascar.

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Nos corredores

Contas petistas

A coligação entre PT, PMDB, PDT e PSC nas eleições proporcionais no Paraná levou os deputados federais petistas a gastar os dedos na calculadora. A estimativa de Dr. Rosinha é de que ele precisará fazer cerca de 120 mil votos para se eleger. Nas eleições de 2006, ele recebeu apenas 69.349. Ao todo, o partido elegeu quatro parlamentares. Assis do Couto teve a pior performance, com 63.032 votos.

Herança de Fruet

Apesar das dificuldades da chapa, Rosinha espera ser um dos principais beneficiados com a candidatura de Gustavo Fruet (PSDB) ao Senado. O tucano foi o mais votado entre os 30 deputados federais paranaenses em 2006. Rosinha acredita que ele e Marcelo Almeida (PMDB) devem receber o grosso dos 210.674 mil votos de Fruet, a maioria deles registrados em Curitiba.

Boneco de Lula

Está nas mãos do deputado federal paranaense André Vargas avaliar a "viabilidade comercial" dos bonequinhos de Lula que já estão sendo fabricados em Santa Catarina. O brinquedo, que tem uma versão do presidente vestindo terno azul e outra com a camisa da seleção brasileira, deve custar R$ 5. "Pode ser um bom reforço na nossa campanha", diz Vargas, que é secretário nacional de comunicação do PT.

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