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Nos corredores

Mestre e aluno

Os tucanos Beto Richa e Flávio Arns vão inverter os papéis na eleição de outubro. Nos anos 1980, o senador foi professor do ex-prefeito de Curitiba no Colégio Bom Jesus. Hoje, na cabeça da chapa para o governo do estado, será Beto quem orientará o antigo mestre. Arns já demonstrou que tem segurança na nova relação. "O Beto é uma pessoa aberta ao diálogo", definiu.

Provocação ou defesa?

O deputado federal André Vargas (PT), tradicional rival do senador Alvaro Dias (PSDB) em Londrina, foi um dos poucos parlamentares paranaenses a sair em defesa do tucano depois de ele ter sido preterido para o cargo de vice de José Serra. Segundo escreveu no Twitter, o deputado Índio da Costa (DEM-RJ) não tem currículo nem para "engraxar a chuteira" de Alvaro.

No shopping

Entre as várias reuniões que definiram sua substituição na vice, na quarta-feira passada, Alvaro saía da casa do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, quando uma senhora parou o carro para gritar que votaria em Serra por causa dele. Vários repórteres acompanhavam e comentaram a popularidade do senador. "Isso não é nada, vocês não viram o que acontece quando eu vou ao shopping", disse.

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Foram dez dias que abalaram o Paraná. Entre 21 de junho e 1.º de julho de 2010, o estado entrou pela primeira vez no mapa das grandes decisões políticas nacionais. Entrou, mas não permaneceu. De olho nos 7,5 milhões de eleitores paranaenses, caciques dos maiores partidos do Brasil se mobilizaram em torno da disputa ao Palácio Iguaçu. Fizeram um jogo limitado a fechar e abrir espaços, vencido "de virada" pelas legendas que apoiam o presidente Lula. E graças ao empenho pessoal dele. Foi Lula quem entrou em cena no momento mais crítico das negociações, quando Osmar Dias (PDT) parecia estar muito mais perto de concorrer à reeleição no Senado do que a governador. O presidente atuou como avalista e deu as garantias de um palanque sólido para o pedetista. Era o empurrão que faltava para jogar a candidatura de Alvaro Dias (PSDB) a vice-presidente ladeira abaixo.

Durante algum tempo, talvez até para sempre, ninguém vai saber com certeza o que levou os tucanos a trocar Alvaro pelo inexpressivo deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ). Por enquanto, a desculpa oficial foi a candidatura de Osmar.

Segundo o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, o pedetista teria dito "mais de 40 vezes" que sairia ao Senado na coligação do ex-prefeito Beto Richa e depois roeu a corda.

A hipótese mais provável, no entanto, é uma conjunção de fatores. Nas contas de José Serra, colocar os irmãos Alvaro e Osmar do mesmo lado de Richa poderia render a ele na disputa presidencial até 2 milhões de votos a mais. Um arranjo fundamental em uma campanha tão apertada, mas imponderável.

No fundo, dois outros pontos pesaram para valer contra Alvaro. Em primeiro lugar, o amadorismo (ou infantilidade mesmo) de todo bloco de oposição na escolha do vice. Havia sim um consenso em torno de Alvaro, que foi desfeito porque o presidente do PTB e pivô do mensalão de 2005, Roberto Jéfferson, vazou a escolha do paranaense pelo Twitter – suspostamente antes de um comunicado oficial ao DEM.

Os democratas sempre souberam das intenções do PSDB quanto a Alvaro, mas usaram a trapalhada de Jéfferson para fazer escândalo. Acuado por uma chantagem que não levaria a lugar algum (o DEM jamais sairia da chapa tucana), Serra cedeu e definitivamente trocou os pés pelas mãos. Aceitou na marra indicar Índio da Costa, congressista de primeiro mandato que teve seus minutos de fama como relator do projeto Ficha Limpa.

Exaltar esse feito, aliás, mostra a falta de conteúdo da nova escolha. A proposta de impedir a candidatura de políticos com problemas na Justiça é de iniciativa popular, logo, não tem pai no Parlamento. Além disso, o novo vice da oposição foi apenas um dos cinco parlamentares que compuseram o texto. Na Câmara, o comentário é que as mudanças mais substanciais no projeto foram feitas por José Eduardo Cardozo (PT-SP). O petista ficou famoso por ter desistido da carreira de deputado e não disputará qualquer cargo nas eleições de outubro. Ao cobrar (e receber) mais poder, o DEM expôs todas as fragilidades do grupo de apoio a Serra. Não que a escolha do vice seja preponderante no resultado da eleição ou em uma proposta de governo. Nem Índio da Costa nem o parceiro de Dilma Rousseff, Michel Temer (PMDB) serão grandes puxadores de voto. A questão é o significado das escolhas. Fica a imagem de que se Serra aceitou pressão antes de ser eleito, imagina quando tiver de escolher o ministério. Azar dos cotados que dependerem de um irmão político.

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