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Nos corredores

No Vale do Silício

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, passou a semana passada em missão oficial nos Estados Unidos. Viajou a convite do Instituto para o Desenvolvimento da Tecnologia da Informação, que congrega as principais empresas do Vale do Silício, na Califórnia. Por lá, visitou gigantes do setor como Apple e HP, além de fazer uma palestra sobre oportunidades no Brasil.

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A viagem coincidiu com a decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de punir as operadoras TIM, Oi e Claro. O ministro, no entanto, fez questão de frisar que deixou a presidente Dilma Rousseff avisada sobre o que ocorreria. "Não queria que ela ficasse sabendo disso pelos jornais." Ele tinha na cabeça até o horário da ligação que fez para o Planalto – 16 horas da última quarta-feira.

Ideli agradece

A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ligou para líderes de partidos da base aliada para agradecer a aprovação de medidas provisórias de interesse do governo e da Lei de Diretrizes Orçamentárias na semana passada – entre eles, o paranaense Alex Canziani (PTB). "Havia uma sensação de dificuldade", admitiu Canziani. Agora, as votações importantes só devem voltar em outubro, após o primeiro turno das eleições municipais.

Políticos são seres com um instinto de sobrevivência impressionante. Pulam da oposição para a situação sem o menor pudor, posam para fotos sorrindo ao lado de velhos inimigos, não se envergonham de agir como metamorfoses ambulantes. Nessa toada, uma nova modalidade adaptativa está prestes a ser resgatada: a fusão de partidos.

Três dias depois de o Brasil parir sua 30.ª legenda, o Partido Ecológico Nacional (PEN), o presidente do PMDB, Valdir Raupp, vazou à imprensa as negociações sobre a união de seu partido com outros seis. Matreiro, o senador rondoniense fez questão de não abrir o bico sobre quem são eles. Um, com certeza, é o DEM.

Os outros seriam PP, PR e mais dois nanicos ainda não identificados. Há suspeitas de que o sexto elemento é o PSDB. Na semana passada, o líder dos tucanos no Senado, Alvaro Dias, confirmou que ouviu a história entre a cúpula do partido.

Fazendo contas rápidas, isso significa que os peemedebistas podem simplesmente dizimar a oposição ao governo Dilma Rousseff. Sem o PSDB e o DEM, sobrariam apenas nove deputados federais do PPS e três do PSol para se contrapor à presidente. Ou seja, uma relação absurda de 43 governistas para cada oposicionista (hoje essa proporção é de quase um para seis, o que também não é lá muito saudável).

Nos bastidores do Congresso, as opiniões sobre esses acordos são parecidas: é notícia para preencher espaço nos jornais durante o recesso parlamentar. No meio, é difícil acreditar que os caciques de partidos tradicionais vão topar compartilhar poder, por menor que ele seja atualmente. Por outro lado, nos corredores do Parlamento sabe-se bem que cada notinha vazada para os repórteres tem um fundo de verdade.

Nesse caso, a realidade é que muita gente ligou o sinal de alerta máximo. Minado pelos escândalos Arruda e Demóstenes, o DEM (ex-PFL) não para de encolher. Partidos médios, PP e PR também estão fadados a perder espaço.

Na luta pela sobrevivência, sobram duas alternativas. A primeira é lançar novas siglas, como o PSD e o PEN, e esvaziar as outras até que elas virem "fantasmas". A outra é a fusão.

Nenhuma delas leva muito em consideração o espírito público ou a consolidação dos valores democráticos. As fusões, no entanto, parecem bem mais racionais porque eliminam os rabichos de legendas que continuam em funcionamento apenas para abocanhar mais um pouquinho de dinheiro público. Além disso, são um choque de realidade.

Afinal de contas, qual a diferença ideológica entre todos esses partidos? O PP, herdeiro legítimo da Arena, deveria ser o oposto do PMDB, que é filho do MDB velho de guerra. Mas ambos estão lado a lado como reles acessórios de uma gestão petista.

"Ninguém aguenta mais tanto partido político no Brasil", disse Valdir Raupp, justificando os planos de união. Ele tem toda razão. Não que o modelo bipartidário norte-americano seja o ideal para o país, mas o sistema ficaria bem mais são com no máximo oito siglas.

Menos partidos também significaria menos barganhas, menos vendas de apoios eleitorais e, por consequência, de coligações "Frankenstein". Também seria, é claro, um processo de despoluição do debate de ideias. Só isso já vale a aposta de fundir-se à vontade.

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