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A ordem da presidente Dilma Rousseff para que sejam adotados critérios técnicos na distribuição de recursos para prevenção e combate a enchentes nos estados é um gesto alentador.

Traduz atenção e conexão com o que se passa no país, ainda que a chefe de Estado esteja em férias, além de marcar positivamente mais uma distinção comparativa com o governo antecessor, que preferia ignorar ou brigar com as más notícias.

Dilma reagiu à revelação, feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, de que 90% das verbas de prevenção e combate a enchentes do Ministério da Integração Nacional foram destinadas para Per­­nambuco – onde o ministro Fer­nando Bezerra será candidato a governador.

Desalentador, porém, é o fato de que a ação da presidente tenha caráter meramente simbólico, uma vez que a determinação para que as liberações passem a ser feitas sob o crivo da Casa Civil não anula a prática da influência política.

A força do governador Eduardo Campos, como aliado de primeira linha, junto ao Palácio do Planalto, não será por isso minimamente abalada e, portanto, o potencial de desequilíbrio no tratamento dado a este ou àquele estado permanece inalterado na prática. Tanto que, segundo o ministro, a liberação foi devidamente discutida na Casa Civil e no Planejamento, com o conhecimento da presidente.

Além disso, só a necessidade de existir uma ordem expressa da presidente para que sejam observados critérios técnicos na distribuição de recursos já diz quase tudo sobre a distorção do modelo de coalizão governamental em vigor.

A rigor, os protocolos administrativos servem para serem seguidos como regra geral e não para que o administrador seja lembrado de que não podem ser exceção e chamado às pressas das férias para dar explicações a respeito.

Nada contra o socorro a Pernambuco ou a qualquer outro estado necessitado, mas a concentração de verbas configura um evidente privilégio e é a expressão material do sistema de loteamento que transforma o ministério em extensão dos partidos.

Vida que segue

Eles perdem os anéis, mas conservam os dedos em perfeito estado. Dos seis ministros obrigados a deixar os cargos por ação ou omissão em algum tipo de atividade suspeita, cinco tocam a vida sem enfrentar qualquer consequência.

Antônio Palocci (Casa Civil) voltou às consultorias e à atividade de bastidor no PT. Pedro Novais (Turismo) é deputado federal, Alfredo Nascimento (Transportes) é senador, Orlando Silva (Esportes) é candidato a vereador e Carlos Lupi comanda a máquina do PDT.

O único com contas a prestar é Wagner Rossi (Agricultura), indiciado pela Polícia Federal em inquérito sobre fraude em convênio com a PUC.

Não sobra um

Dos partidos governistas com assento no Ministério, só o PSB até agora não tinha sido pego na curva dos desvios.

Com o gentil patrocínio do pernambucano Fernando Bezerra, titular do Ministério da Integração Nacional, na concessão de 90% das verbas contra enchentes para o estado no qual se candidatará a governador, o partido de Eduardo Campos entra na roda e fecha o círculo.

Nenhuma legenda da coalizão saiu ilesa no primeiro ano de governo, mas nem por isso deixarão de compartilhar o poder nos próximos três anos.

Mão de obra

Uma grande e urgente contribuição do setor privado de serviços ao pacote de medidas para estimular a vinda, e facilitar a vida, dos turistas estrangeiros que o governo vai lançar em breve seria o investimento pesado no treinamento de mão de obra.

Aí incluídos atendentes de lojas, restaurantes, aeroportos, taxistas etc. E não é só o idioma. É, sobretudo, o padrão de comportamento, a maneira leniente e pouco profissional no trato com a clientela.

Com gente displicente e desqualificada não se pode nem pensar em receber bem a quantidade de visitantes esperados para a Copa e a Olimpíada.

Isso sem falar nos preços escorchantes cobrados no Brasil.

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