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Se for preciso escolher um foco para o ecossistema de inovação de Curitiba em 2017 que seja menos pirotecnia e mais resultados sustentáveis. O ano que vai terminando foi um sucesso em quantidade de eventos públicos, com destaque para uma sucessão impressionante de maratonas de programação – os hackathons.

Muitas boas ideias viraram protótipos, estimulando nichos de mercados até então adormecidos e vulneráveis às inovações radicais. Porém, poucos deles continuam a ser desenvolvidos após os eventos e se tornam produtos comerciais viáveis.

Não se está dizendo que os hackathons devem ser deixados de lado. Pelo contrário, devem ser estimulados. Eles cumprem função importante de sensibilização de novos públicos e estímulo à cultura empreendedora, abrem caminhos para a inovação em setores tradicionais e fortalecem laços entre empreendedores e apoiadores do ecossistema de empreendedorismo. O que se está dizendo é que, ao lado desses eventos, é preciso trabalhar mecanismos que os tornem engrenagens eficazes nas impressionantes máquinas de inovação que são as cidades.

Há uma necessidade enorme de se ampliar a base de empreendedores. Isso passa por ações intensivas nas universidades. Sem gente valorizando o empreendedorismo e adquirindo conhecimentos já na graduação, dificilmente uma cultura empresarial evolui.

Por isso é tão relevante a assinatura do Termo de Cooperação Universitária entre a UFPR, a UTFPR, a PUCPR e a Universidade Positivo, que está sendo oficializado hoje. A colaboração para uma agenda comum é crucial para a ampliação dessa base.

De outro lado, é preciso criar mecanismos para que boas ideias se tornem negócios rentáveis, visando, sempre que possível, o mercado global. Hackathons precisam de estratégias que fortaleçam as iniciativas de pós-eventos, seja incubando ou acelerando os times dos protótipos vencedores, seja disponibilizando recursos para que os projetos tenham continuidade. É necessário também criar novas modalidades públicas para gerar inovação, que tenham foco na efetividade do resultado.

O ecossistema tem ganhos consideráveis quando boas ideias se tornam empresas que conseguem fazer seus negócios ganhar escala. E um dos combustíveis para isso acontecer é dinheiro. Por isso a grande relevância de consolidar uma cultura de investimento de risco.

Mas de nada isso adianta se a cidade não for entendida como uma grande plataforma de inovação e empreendedorismo. No artigo “Máquinas de Inovação”, os pesquisadores Richard Florida, Patrick Addler e Charlotte Mellander afirmam que as grandes cidades são sistemas complexos que reúnem empresas, talentos, instituições de apoio e recursos financeiros essenciais para a inovação e o empreendedorismo.

Para eles, o processo urbano ou regional é mais importante que corporações industriais para a criação de empreendimentos inovadores. “As cidades sempre foram motores importantes do crescimento econômico, mas estão assumindo uma importância ainda maior na atual economia de inovação orientada para o conhecimento, onde os ecossistemas baseados em lugares são críticos para o crescimento econômico”, afirmam no artigo. As cidades são infraestruturas que facilitam conexões sociais, estruturando redes e formando combinações inovadoras.

Sob vários aspectos não é fácil desenvolver um ecossistema de inovação. Ao colocar ênfase no resultado evita-se, ao menos, que as métricas de vaidade tomem conta do imaginário urbano. Para o fortalecimento do ambiente de negócios local é necessário que do conjunto de ações da sociedade, instituições de apoio, universidades e governos surjam empresas inovadoras, que gerem considerável receita e contribuam para alavancar todo o ecossistema.

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