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É bom ter dinheiro. Ganhar mais. Poder manter a subsistência – casa e comida, com dignidade – e, quem sabe, se dar ao luxo de comprar algo mais. Para alguns, um aparelho de televisão novo; para outros, uma viagem ao exterior, ou um carro, ou o financiamento da casa própria.

Se você gosta de ter dinheiro na mão, deveria compreender que os outros também são assim. Que é normal que essas pessoas valorizem os momentos em que ganharam mais; e que temam ter de enfrentar novamente os períodos de penúria.

Faz sentido? Então, como explicar o preconceito e a raiva destilada contra pessoas que votaram em Dilma Rousseff na eleição presidencial?

O voto tem inúmeras motivações diferentes. Alguns eleitores escolhem seus candidatos por afinidades ideológicas; outros, por simpatia; outros, como forma de protestar contra tudo que está aí; há aqueles que elegem seus "padrinhos" políticos; e por aí vai. Vamos considerar os eleitores que votaram em Dilma. Dentre estes, pode-se dizer que muitos a escolheram porque ela representa o período em que eles mais prosperaram.

Uma observação: aqui não se está discutindo o escândalo atual na Petrobras, nem escândalos anteriores de mensalão, de mensalão mineiro ou de compra de votos para a emenda da reeleição. Tampouco se trata de uma comparação para dizer qual gestão foi melhor – PT ou PSDB. A intenção é apenas discutir uma decisão consciente de votar neste ou aquele candidato. Se for uma decisão motivada pelo dinheiro no bolso, qual o problema? Afinal, melhor o ter do que não ter.

Então, vamos sim falar de diferenças entre PT e PSDB, mas focando apenas nesse ponto específico: dinheiro no bolso. Para isso, vamos usar os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) sobre rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais. O conceito desse rendimento é: "soma do rendimento mensal de trabalho com o rendimento proveniente de outras fontes". Ou seja: por meio de emprego também, não só possíveis auxílios governamentais.

Os dados estão disponíveis a partir de 1996. Nesse ano, o rendimento médio mensal do brasileiro era de R$ 560. Em 2002, caiu para R$ 539. Bem ruim, não é? Isso, obviamente, não quer dizer que se o PSDB voltar à Presidência o rendimento médio vai cair. Mas mostra que foi um período ruim para as famílias brasileiras. E se alguém não quer votar em Aécio Neves por causa disso, o que se há de fazer?

A partir de 2003, a situação mudou. O ano come­­çou mal: o rendimento mé­­dio do brasileiro já tinha caído para R$ 438. Mas, em 2009, saltou para R$ 745, um aumento de 70%. Outra obviedade: o PT não é o senhor da razão, e nunca houve garantia alguma de que a renda continuaria a crescer no mesmo ritmo com o partido na Presidência da República. Tanto que já houve desaceleração. Entre 2003 e 2009, a renda no Brasil cresceu 10% ao ano; entre 2011 e 2013, o crescimento anual foi de 8%.

Há muitos fatores a considerar aí, principalmente a conjuntura internacional, que favoreceu enormemente o mandato de Lula. Mas, observando apenas a questão do "dinheiro no bolso", os mandatos do PT foram mais eficazes do que os do PSDB.

E isso foi ainda mais forte no Nordeste. Lá, a renda mensal aumentou em patamar superior à média nacional. E é a região onde o PT conseguiu mais votos. Você, que não vota na Dilma, pode achar o que quiser do partido, com razão ou não. Mas que tal considerar que os eleitores dela estão fazendo uma escolha consciente, baseada, talvez, na questão financeira (entre tantas outras)? E esses eleitores não são seus inimigos. São brasileiros como você, com desejo de prosperar e ter uma vida confortável.

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