• Carregando...

Faltando duas semanas para o recesso parlamentar, deputados federais fazem greve parcial. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou que não haverá votações em plenário até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida sobre o rito do processo do impeachment. Com que direito ele faz isso não se sabe, mas certamente ele tem na ponta da língua uma alínea de algum artigo mal escrito do Regimento Interno que permite tal coisa.

É chantagem. Mais uma. Cunha é chantagista e picareta. E é acusado de cometer outros crimes. Não deve permanecer no cargo. É claro que o processo de impeachment ficará contaminado com ele na presidência da Câmara. Fica tão contaminado que abre espaço para questionamentos, como o feito pelo PCdoB ao STF, que gerou a decisão liminar de suspender o processo do impeachment.

No dia 16, faltando quatro dias para o recesso forense, o plenário do Supremo se reúne e vai ter que analisar a constitucionalidade de alguns pontos da lei que regula o impeachment, que é de 1950. O PCdoB questiona 20 artigos da norma. Provavelmente os ministros não terão tempo hábil para finalizar a análise neste ano. Voltam dia 7 de janeiro.

Enquanto isso, o Congresso estará de recesso? Não há motivo para convocação extraordinária se o processo de impeachment ficar em suspenso no aguardo de uma decisão do Supremo e não houver votações em plenário.

Enquanto isso, a inflação e o desemprego no Brasil vão continuar subindo? Os representantes eleitos estão tomando alguma medida para evitar isso? O governo de Dilma Rousseff, que tanto errou na condução da economia, estava conseguindo no Congresso aprovação para uma agenda mínima de ajuste fiscal, passo fundamental para o país voltar a crescer (ou parar de cair).

Agora a Câmara não vota mais nada, e terminaremos 2015 sem definição de orçamento, sem definição das metas para 2016, das políticas públicas que precisam ser mantidas ou das que precisam ser cortadas...

Um novo ingrediente para a salada do impeachment é o papel nada figurativo que Michel Temer teve como presidente interino. Ele assinou decretos que liberaram créditos suplementares entre 2014 e 2015 que somam R$ 67 bilhões. Seria um caso de pedalada exatamente como o que baseou o pedido de impeachment de Dilma? Para o senador Alvaro Dias (PSDB), há indícios de que as situações são iguais, o que motivaria também um pedido de impeachment de Temer, caso ele assumisse a cadeira de Dilma.

Mas se o processo de Dilma vai se arrastar meses, quantos mais levariam para se fazer a discussão sobre os atos de Temer?

A classe política acha que o Brasil aguenta até quando? Os parlamentares têm subsídios, verbas de representação, de gabinete, e tudo isso mesmo neste momento de greve parcial – na Câmara, pelo menos. Esquecem-se da vida real, das dificuldades econômicas do cidadão.

O processo de impeachment, até para seguir todos os trâmites legais, será longo, e dolorido. Não é o que o Brasil precisa agora, mas, infelizmente, é o caminho que temos de percorrer. O que será de grande ajuda é a destituição de Eduardo Cunha do cargo de presidente.

Uma sondagem feita pelo jornal Folha de S. Paulo com 15 empresários de grandes empresas: querem que a presidente Dilma Rousseff deixe o cargo, mas temem apoiar um processo de impeachment tocado pelo peemedebista. Temem ser chamados de golpistas, já que entendem que Cunha abriu o processo contra Dilma por revanche. Entenderam bem.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]