• Carregando...
Doação teria sido feita para a campanha de Dilma Rousseff | Ueslei Marcelino/Reuters
Doação teria sido feita para a campanha de Dilma Rousseff| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Petrobras

Para Dilma, privatização da estatal é inadmissível

Na véspera de enfrentar uma CPI no Congresso Nacional e sem mencionar os recentes escândalos envolvendo a Petrobras, a presidente Dilma Rousseff declarou que é inadmissível privatizar a estatal, numa estocada aos tucanos durante inauguração da fábrica de amônia em Uberaba, no Triângulo Mineiro, no último sábado. A petista fez uma defesa veemente da Petrobras, afirmando que foi só a partir da chegada do PT ao poder que a empresa recebeu pesados investimentos.

"Quando falo da imensa capacidade da Petrobras em investir, quero destacar que nos últimos anos do governo do presidente Lula até meu governo, o total que a Petrobras investiu foi sete vezes maior. O que nós estamos vendo aqui hoje é uma prova disso. O lucro líquido da Petrobras também cresceu muito, passou de R$ 8 bilhões para R$ 23 bilhões. Tudo isso mostra que é inadmissível vender ou trocar de nome da Petrobras como nós jamais fizemos e repudiamos quem faz. É isso que queria dizer aqui, a Petrobras investe a favor do Brasil", discursou Dilma.

No palanque junto com a presidente, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), reforçou o ataque à oposição, às vésperas da instalação da CPI da Petrobras no Congresso, que deve ocorrer amanhã. "Ela (Petrobras) é hoje vítima de uma minoria, que fala mal dela. Mas enquanto eles falam mal, essa grande empresa nacional trabalha pelo país e por eles também", afirmou Lobão.

Um contrato entre a Pe­­tro­­bras e a construtora Ode­­brecht, firmado em outubro de 2010, período eleitoral, teria sido aprovado após acerto de uma doação equivalente a US$ 8 milhões (R$ 17,7 milhões) para a campanha de Dilma Rousseff, segundo reportagem da revista Época, publicada neste fim de semana. O contrato, no valor de US$ 826 milhões (R$ 1,8 bilhão), previa serviços de segurança, meio ambiente e saúde em unidades da Petrobras no Brasil e no exterior. O contrato é investigado pela PF e pelo MPF.

Segundo a publicação, o lobista João Augusto Hen­­riques afirmou que montara a operação e que a ideia de que a Odebrecht fosse a construtora do projeto era dele. A doação foi acertada com o tesoureiro informal do PT, João Vaccari. Segundo João Augusto, as negociações tiveram início em 2009, época em que funcionava no Senado a CPI da Petrobras. Pelo acordo, o PMDB ajudaria a enterrar a CPI. Em troca, a direção da Petrobras, então comandada por José Sérgio Gabrielli, assinaria com a Odebrecht. E o contrato foi fechado.

Pouco mais de um ano depois, em janeiro de 2012, auditores encontraram irregularidades. No relatório, os auditores diziam que o contrato deveria ser rescindido. Os auditores entenderam que a contratação fora equivocada, por causa do perfil das empresas convidadas e pelo prazo reduzido para apresentação de propostas.

A auditoria preliminar apon­­tava que a Petrobras de­­terminara que os serviços relativos às refinarias de Pasadena, nos Estados Uni­­dos, Bahía Blanca, na Ar­­gentina, e Okinawa, no Japão, deveriam ser submetidos à autorização específica antes de ser feitos. No caso de Pasadena, isso significou um aditivo de US$ 20,3 milhões ao contrato. Para os auditores, a regra não foi respeitada e concluíram que a Odebrecht atribuiu preços elevados a serviços que seriam feitos em maior quantidade durante a execução do contrato. A prática é conhecida como "jogo de planilha", onde a empresa contratada lucra mais e a contratante costuma ficar no prejuízo.

Por causa do relatório, a presidente da Petrobras, Graça Foster, e sua equipe pretendiam anular o contrato. Ao saber disso, João Augusto e o PMDB reagiram. De acordo com a Época, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, procurou Graça Foster para impedir a anulação do contrato e chegou a mencionar as "contribuições políticas" decorrentes do contrato. Em janeiro de 2013, a Petrobras anunciou a redução do contrato: de US$ 826 milhões para US$ 480 milhões. Em nota, a Odebrecht negou a existência de qualquer irregularidade nos contratos firmados com a Petrobras.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]