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Presidente Dilma Rousseff ainda não sabe se fará uma reforma ministerial nos próximos dias. | Ueslei Marcelino/Reuters
Presidente Dilma Rousseff ainda não sabe se fará uma reforma ministerial nos próximos dias.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Da frieza ao descontrole, integrantes do governo atravessaram de formas diferentes a primeira semana de agosto, que se caracterizou como um dos períodos mais agudos da crise política que paralisa a gestão da presidente Dilma Rousseff, sete meses após sua reeleição. Em meio a tanta tensão, os ânimos mudaram e o estado de espírito dos personagens do Palácio do Planalto também.

Na volta do recesso parlamentar, quando a base aliada se esfacelou, Dilma repetiu que “aguenta pressão”. Com “nervos de aço”, manteve suas voltas de bicicleta matinais e uma aparente tranquilidade, angustiando parte de seus apoiadores. Mas a partir do final daquela semana, ela subiu o tom e, em discursos, passou a defender seu mandato de forma mais veemente.

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Enquanto isso, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) andou “descontrolado”, nas palavras de integrantes do governo. Um dos motivos é que o clamor por reforma ministerial começa por ele, considerado um problema pela base aliada e pelo próprio PT. Contrariando sua personalidade, ele “desceu do salto”, no último dia 5, ao participar de audiência pública na Comissão de Minas e Energia do Senado. Admitiu que o governo cometeu erros – sem dizer quais – e pediu apoio da oposição para o que chamou de responsabilidade fiscal. O ministro foi elogioso ao PSDB, lembrando que a gestão tucana foi marcada pelo controle da inflação, e pediu apoio suprapartidário às questões que envolvem política de Estado.

“O Mercadante é um dos problemas. Quando se fala em reforma ministerial, ela indubitavelmente passa por ele. Não tem outra saída”, disse um deputado do PT.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria que Dilma substituísse Mercadante na Casa Civil pelo ministro Jaques Wagner (Defesa), considerado mais habilidoso pelo ex-presidente. Ministros que integram a coordenação política do governo, no entanto, consideram esse movimento difícil.

“Ninguém é indispensável, mas ninguém tem a memória, os dados do governo que o Mercadante tem. No máximo ele sai da Casa Civil e continua no palácio. Ou na chefia de gabinete ou na Secretaria Geral”, afirmou um ministro.

Apesar da pressão da base aliada, Dilma resiste em fazer uma reforma ministerial neste momento. E o próprio Lula, em conversa com senadores do PT na última terça-feira (11), defendeu que ela seja pontual, trocando apenas ministros contestados por seus respectivos partidos.

No calor da crise, a declaração do vice-presidente Michel Temer de que a situação é “grave” e que “alguém” precisa unir o país caiu como uma bomba no PT. Em reuniões internas, ministros petistas acusaram o vice de querer derrubar a presidente.

Os ministros Edinho Silva (Comunicação Social) e José Eduardo Cardozo (Justiça) estão entre os que ficaram alarmados e irritados com a declaração de Temer. Já os ministros Jaques Wagner (Defesa) e Ricardo Berzoini (Comunicações) fizeram papel de “bombeiro”. “Não é o Temer que está conspirando, os fatos é que estão”, disse Wagner, segundo relatos.

Apesar do mal-estar, todos acabaram saindo publicamente em defesa do vice, temendo um desembarque do PMDB. Desde então, o vice não para de dar explicações e assegurar sua lealdade ao governo. O peemedebista se justificou, por exemplo, com a própria Dilma e o ex-presidente Lula.

Temer, que já foi chamado pelo então presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) de “mordomo de filme de terror”, surpreendeu parlamentares ao perder a pose e o controle, no último dia 5, na fatídica semana de volta ao trabalho no Congresso. Ele começou aquela quarta-feira em reunião com senadores, que o acharam “chateado”. Seguiu para reunião com deputados, quando perdeu a paciência, foi incisivo e até levantou a voz. Esse dia culminou com Temer dando a polêmica declaração na qual pediu à Câmara “responsabilidade com o país”.

Já o presidente do PT, Rui Falcão, parece não se abalar com o terremoto político. A quem se surpreende com sua aparente serenidade, ele diz, segundo pessoas próximas: “E ficar nervoso adianta?”

A cada recrudescimento da crise, a resposta preferida de um ministro palaciano ao ser questionado sobre o que o governo vai fazer é: “Rezar!”

Depois do susto tomado na volta do recesso parlamentar, quando o “clima de velório” imperou entre os governistas, a semana passada foi de alívio. A avaliação é que o ambiente político melhorou, principalmente com a reaproximação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que virou tábua de salvação do Planalto. Dilma conseguiu também adiar o julgamento de suas contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

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