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Alvaro Dias ficou isolado na tese do pedido de impeachment de Lula durante as denúncias do mensalão, em 2005 | Felipe Barra/Ag. Senado
Alvaro Dias ficou isolado na tese do pedido de impeachment de Lula durante as denúncias do mensalão, em 2005| Foto: Felipe Barra/Ag. Senado
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Os coadjuvantes

Dr. Rosinha (PT, foto)

• Suplente da CPI dos Correios. Não concorda com a existência do mensalão, diz que o delito praticado foi o de caixa dois.

• Nascido em Rolândia, No norte do Paraná, em 1950, é médico e fez a carreira política em Curitiba.

• Foi vereador em Curitiba, deputado estadual e está no quarto mandato consecutivo como deputado federal.

Alvaro Dias (PSDB)

• Titular da CPI dos Correios. Afirma que o mensalão era "parte central do projeto de poder petista".

• Nascido em Quatá (SP), em 1944, fez carreira política no Norte do Paraná.

• Foi governador do estado, deputado estadual e federal e está no terceiro mandato como senador.

Nelson Meurer (PP, foto)

• Titular da CPI dos Correios. Não acredita na existência do mensalão, diz que episódio está ligado a repasses de campanha.

• Nasceu em Bom Retiro (SC), em 1942. Fez carreira política no Sudoeste do Paraná.

• Está no quinto mandato consecutivo como deputado federal.

Flávio Arns (PSDB)

• Suplente da CPI dos Correios, quando era senador pelo PT. Acabou não se dedicando à investigação.

• Nasceu em Curitiba, em 1950, onde fez carreira como professor e político.

• É vice-governador do Paraná. Exerceu dois mandatos como deputado federal e um como senador.

Em 11 de agosto de 2005, o governo Lula esteve à beira do precipício. Em uma rara crise de popularidade, o Datafolha mostrava pela primeira vez que ele não se reelegeria em uma disputa contra o tucano José Serra, a quem havia derrotado três anos antes. No mesmo dia, o publicitário Duda Mendonça compareceu espontaneamente à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos Correios, que investigava o mensalão. Confirmou que recebeu cerca de R$ 15,5 milhões via caixa dois pelos trabalhos prestados à campanha do petista em 2002, dos quais R$ 11,9 milhões foram pagos pelo publicitário Marcos Valério em uma conta nas Bahamas.

O depoimento ainda acontecia quando o senador paranaense Alvaro Dias (PSDB) foi à tribuna do Senado para ressuscitar um trauma nacional: 13 anos após o afastamento de Fernando Collor, ele defendia o impeachment de Lula. Ficou sozinho. Hoje, às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, ele afirma que não ter insistido na queda do presidente "foi o erro histórico da oposição".

"Se lançássemos a tese do impeachment naquela hora, ela poderia crescer nos próximos meses entre a opinião pública", diz o senador, que admite que a medida não contava com apoio popular. Segundo ele, a oposição adotou uma estratégia equivocada ao acreditar que o PT naturalmente não resistiria às proporções do escândalo. "Apostou-se na capacidade de indignação da população e se perdeu a aposta."

Um dia depois, Lula fez um pronunciamento na Granja do Torto – residência oficial da Presidência – em que disse ter sido "traído por práticas inaceitáveis das quais não tinha conhecimento". Nos meses seguintes, o presidente conseguiu descolar a imagem do escândalo.

Serra, então prefeito de São Paulo, acabou fora da disputa em 2006. O escolhido pelos tucanos foi o governador Geraldo Alckmin. Apesar de todos os percalços, Lula se reelegeu com 5,5 milhões de votos a mais do que em 2002.

Nem a CPI nem a denúncia do Procuradoria-Geral da República sobre o mensalão apontaram envolvimento do presidente com o caso. "Eu acho que tinha chance juridicamente, mas não politicamente", avalia o relator da comissão, deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), para quem o processo poderia desencadear uma "guerra civil".

Do outro lado, a hipótese de afastamento de Lula fortalece a ideia de que o mensalão era um "golpe"."A realidade é que não havia provas contra o presidente", afirma o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que foi suplente da comissão.

Apesar de ficar isolado, Alvaro diz que seu posicionamento foi "fundamental" para que o relatório final apresentado por Serraglio em abril de 2006 fosse aprovado. O tucano lembra que tinha preparado um relatório em separado no qual pedia o impeachment do presidente. "O governo acabou optando por aprovar o relatório do Serraglio para evitar o desgaste de discutir o meu."

Sob protestos de setores da bancada petista no Congresso, a comissão aprovou por 11 votos a 4 o relatório de Serraglio. O texto pedia o indiciamento de mais de 100 pessoas, entre elas o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e do ex-presidente do PT, José Genoino. Delas, 36 são réus no julgamento do mensalão pelo STF, que começa na quinta-feira.

Seis paranaenses fizeram parte da CPI dos Correios

Dos 64 integrantes da CPI mista dos Correios, realizada entre 2005 e 2006, seis eram do Paraná. Além do relator, Osmar Serraglio (PMDB), e do sub-relator Gustavo Fruet (na época no PSDB, hoje no PDT), eram titulares Alvaro Dias (PSDB) e Nelson Meurer (PP). Completavam a lista o deputado Dr. Rosinha (PT) e o então senador Flávio Arns (na época no PT, hoje no PSDB), que eram suplentes.

Entre todos eles, apenas Arns não teve grande participação nas investigações. Atual vice-governador do Paraná, ele informou pela assessoria de imprensa que, como era apenas suplente, preferiu tratar de outras tarefas. Suplentes votam apenas na ausência do titular, mas têm o direito de participar das sessões em geral.

Já Meurer, que viu o PP envolvido em denúncias de ter se beneficiado do mensalão ao longo das investigações, diz que tem a mesma opinião de Lula sobre o episódio. "Nunca houve uma mesada para aliados que se transformava em mensalão. O que havia era uma ajuda de campanha, ou caixa dois." Dos três deputados federais cassados posteriormente no plenário da Câmara por suspeita de envolvimento com o mensalão, um era do PP, o pernambucano Pedro Corrêa.

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