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Marcelo Odebrecht será julgado nesta terça-feira (19). | Antônio More/Gazeta do Povo
Marcelo Odebrecht será julgado nesta terça-feira (19).| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Às vésperas da sentença, a defesa do empresário Marcelo Odebrecht tenta uma cartada final para evitar uma possível condenação do empreiteiro acusado de participação no esquema de corrupção da Petrobras. Em petição encaminhada ao juiz Sérgio Moro, o criminalista Nabor Bulhões acusa a força tarefa da Operação Lava Jato de manipular a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

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Bulhões afirma que, por “deslealdade processual”, os investigadores omitiram um trecho do depoimento de Costa onde ele isenta o executivo do esquema de pagamento de propina na estatal. O suposta omissão teria ocorrido no termo 35 da delação de Costa. Nele, o ex-diretor narra como funcionava o sistema de cartel das obras na estatal e quem participava. Ao citar a Odebrecht, Costa diz os nomes dos ex-executivos Marcio Faria e Roberto Araújo. O interrogador pergunta sobre Marcelo Odebrecht e Costa é enfático:

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“Uai, eu conhecia ele, tive algum contato com ele, mas nunca tratamos de nenhum assunto desses diretamente com ele”, diz o ex-diretor

O investigador então pergunta novamente se ele realmente não tinha tratado com ele e Paulo Roberto Costa diz:

“Eu conheço ele porque fui do conselho da Braskem que é uma empresa da Petrobras e da Odebrecht, ele era o presidente e eu o vice-presidente do conselho... então assim, eu conheço ele, mas nunca tratei de nenhum assunto desses (propina) com ele, nem põe o nome dele ai porque com ele não, ele não participava disso.”

O termo de delação, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não faz menção a Marcelo Odebrecht. Na quarta-feira, o criminalista Nabor Bulhões atacou o Ministério Público Federal (MPF). Ele afirmou que houve uma “manipulação” na delação do ex-diretor o que teria prejudicado “diretamente” o julgamento do empresário. Bulhões afirmou que se essa informação já fosse pública, a situação do seu cliente não seria a mesma. Marcelo Odebrecht está preso desde 19 de junho do ano passado.

“Houve uma manipulação da prova. Isso é grave. Isso foi omitido. Os investigadores só soltam para imprensa elementos manipulados e deturpados”, afirmou Bulhões.

Depoimento

Apesar de não constar no termo 35 da delação, a declaração do ex-diretor Paulo Roberto Costa isentando o empresário Marcelo Odebrecht consta na denúncia do MPF contra o empresário na Justiça. Diferente do que disse ao jornal O Globo a defesa de Marcelo Odebrecht, as declarações de Costa não foram omitidas do conhecimento do juiz Sérgio Moro. Elas constam na página 33 da peça acusatória:

“Importante referir, ademais, que o réu colaborador Paulo Roberto Costa, quando de seu depoimento perante as autoridades policiais em 14/07/2015, consignou que, a despeito de não ter tratado diretamente o pagamento de vantagens indevidas com Marcelo Odebrecht, acordo de pagamentos de propina”, ressalta a denúncia feita pelo MPF.

O jornal O Globo voltou a questionar a defesa do executivo sobre a divergência da acusação feita de manipulação da informação a constatação do fato está narrado na denúncia final contra o empresário. Em nota, a assessoria da Odebrecht disse que para a defesa, a juntada do depoimento na denúncia não altera o fato de ter havido uma “grave omissão”: “o episódio, na visão da defesa de Marcelo, lança uma nuvem de sombra e de dúvida sobre todo o restante do material”.

A defesa pede a inclusão de todos os vídeos na íntegra na ação e retorno ao período de instrução processual. Com isso, o julgamento de Marcelo Odebrecht, previsto para ser encerrado nas próximas semanas, poderá voltar a estaca zero.

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