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Cunha em meio a deputados: críticas a delator. | J.Batista/Câmara dos Deputados
Cunha em meio a deputados: críticas a delator.| Foto: J.Batista/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu na tarde desta quinta-feira, 16, à informação de que o delator da Operação Lava Jato Júlio Camargo disse à Justiça Federal que ele teria pedido US$ 5 milhões em propina por contrato.

PGR rebate Cunha e diz que não tem influência sobre depoimento de lobista

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que o depoimento prestado, nesta quinta-feira, 16, pelo lobista Júlio Camargo à Justiça Federal do Paraná “não tem qualquer relação” com as investigações em trâmite no Supremo Tribunal Federal, onde há inquéritos abertos para apurar participação de parlamentares, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), no esquema de corrupção na Petrobras. A PGR destacou que não tem “ingerência” sobre o depoimento.

“A PGR não tem qualquer ingerência sobre a pauta de audiências do Poder Judiciário, tampouco sobre o teor dos depoimentos prestados perante o juiz”, informou a procuradoria-geral da República em nota.

Em depoimento, o lobista, que é um dos delatores da Lava Jato, declarou à Justiça que o suposto operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, disse que estava sendo pressionado por Cunha para o pagamento de propina e os valores teriam saído de compras de navios-sonda.

Cunha reagiu dizendo que Camargo foi “obrigado a mentir” pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Ele também questionou o fato de o depoimento ter sido prestado ao juiz na primeira instância. A PGR esclareceu em nota que a audiência referente à ação penal na primeira instância foi marcada pelo juiz federal Sergio Moro a pedido da defesa de Fernando Baiano.

Após reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tratar da agenda legislativa do segundo semestre, Cunha disse que Camargo foi obrigado a mentir pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

“O delator foi obrigado a mentir. E acho muito estranho ser na véspera do pronunciamento que estou citando e em uma semana que a parte do Poder Executivo envolvido no cumprimento dos mandados judiciais tenha agido com aquela fanfarronice toda. Ou seja, há um objetivo claro de constranger o Poder Legislativo e que pode ter o Poder Executivo por trás em articulação com o procurador-geral da República”, acusou.

Cunha disse achar “estranho” que, num período de aprofundamento de discussão de um eventual pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, queiram, nas suas palavras, “constranger o Poder Legislativo”. “Acho isso um absurdo e não vou aceitar ser constrangido”, avisou.

O peemedebista criticou o “estardalhaço” feito na Operação Politeia, “com helicóptero em prédio de senador”. O presidente da Câmara disse que não se deixará fragilizar pelo episódio.

Sobre o depoimento de Camargo, Cunha reiterou que se trata de “ilação” e que sua fala não traz nenhum fato concreto. “Esta delação que foi feita dele não existe. Ela é nula porque foi homologada por autoridade incompetente. Se eu faço parte da delação dele, não é o juiz que poderia homologá-la”, concluiu.

Cunha terá um pronunciamento em cadeia de rádio e TV amanhã e não pretende alterar seu discurso. Ele explicou que o pronunciamento será sobre as atividades da Casa e não para sua defesa pessoal.

Ele se dispôs a retornar na CPI da Petrobras para prestar esclarecimentos, se for necessário. Também se colocou à disposição para participar de acareação com o delator, que já foi convocado. “Eu faço olho no olho com quem quiser, não tenho dificuldade nenhuma de rebater quem quer que seja. Quem não deve não teme. E ele está mentindo. E o delator tem que provar sua mentira. O ônus da prova é de quem acusa”, afirmou.

O peemedebista não demonstrou preocupação com os depoimentos dos representantes da Mitsui e da Samsung Heavy Industries, que estavam marcados para esta semana e serão reagendados. “Que investiguem tudo”, disse.

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