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Sérgio Souza: acusado por ex-ministra de fazer pressão por indicação política, ele nega. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Sérgio Souza: acusado por ex-ministra de fazer pressão por indicação política, ele nega.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Citado nas investigações da Operação Carne Fraca e acusado de ter feito pressão por indicação política para o Ministério da Agricultura, o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR) foi eleito na manhã desta quinta-feira (23) presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal. Embora tenha sido citado nas investigações, o deputado paranaense não é alvo da operação.

Souza anunciou que sua primeira medida no comando da Comissão de Agricultura será convocar uma audiência pública para discutir as implicações da Operação Carne Fraca. Segundo a assessoria de imprensa do deputado paranaense, o objetivo da reunião será discutir questões técnicas e comerciais. O deputado também defendeu as investigações e punições de quem tiver responsabilidade comprovada no esquema apurado pela Carne Fraca.

Ex-assessor de Souza presta depoimento ‘espontâneo’

O ex-assessor Ronaldo Troncha, que trabalhou com o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), prestou depoimento espontaneamente nesta quinta-feira, à Polícia Federal. Investigado na Operação Carne Fraca, Troncha teria feito revelações sobre o núcleo político do esquema alvo da operação.

Às 16h04 desta quinta, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal, autorizou a apreensão do aparelho de telefone do ex-assessor do deputado, que aparece nos grampos da Carne Fraca. O depoimento ainda não foi tornado público.

Ronaldo Troncha trabalhou com o deputado Sérgio Souza entre abril de 2015 e outubro de 2016.

Segundo a Carne Fraca, Ronaldo Troncha atuaria em conjunto com Daniel Gonçalves Filho, que atuou como Superintendente Regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Paraná, entre 25 de julho de 2007 a 19 de fevereiro de 2014, e de 19 de junho de 2015 a 11 de abril de 2016, quando foi exonerado.

Ronaldo teria recebido duas transferências de R$ 10 mil entre 2009 e 2011. O fiscal agropecuário nega que tenha cometido qualquer irregularidade.

Acusações e citações

Sérgio Souza, juntamente com o ministro da Justiça e deputado licenciado Osmar Serraglio, foi acusado na terça-feira (21) pela senadora e ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu (PMDB-TO) de ter feito “pressão nunca antes vista” para manter Daniel Gonçalves Filho na superintendência da Agricultura no Paraná. Gonçalves Filho é apontado pela investigação da Carne Fraca como chefe do esquema de corrupção na fiscalização agropecuária.

Souza e Serraglio negam ter feito pressão. Souza ainda afirmou, em nota, que a indicação de Gonçalves Filho foi feita pela bancada do PMDB do Paraná e que a decisão final sobre nomeações coube à então ministra.

Sérgio Souza também é citado no despacho judicial que autorizou a Operação Carne Fraca, feito pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva. Souza aparece no despacho porque um dos alvos da investigação é um ex-assessor parlamentar do paranaense, Ronaldo Troncha.

Em nota, Sérgio Souza informou que Troncha não é mais seu assessor desde o ano passado e que os fatos investigados pela Carne Fraca não se referem ao período em que ele trabalhou em seu gabinete.

Indicação do PMDB

A Câmara instala nesta quinta-feira suas 25 comissões permanentes. Os nomes dos comandantes de cada uma são indicados pelos partidos. No caso da Comissão da Agricultura, a indicação cabia ao PMDB. O colegiado que será comandado por Sérgio Souza é composto por 48 deputados.

Parlamentar também aparece em grampo

O deputado paranaense também teve seu nome citado em um dos grampos da Operação Carne Fraca como tendo recebido “muito dinheiro” do fiscal apontado como líder do esquema criminoso no Ministério da Agricultura e preso pela PF, Daniel Gonçalves Filho. Na conversa, o representante de uma cooperativa agrícola chega a afirmar ainda que o parlamentar teria “rabo preso”.

O nome de Souza surgiu em um diálogo de 11 de abril de 2016 entre o ex-superintendente regional do Paraná e que estava lotado no Serviço de Vigilância Agropecuária no Porto de Paranaguá (PR) até a deflagração da operação, Gil Bueno de Magalhães, e um interlocutor identificado como Francisco e que representa a Cooperativa Agroindustrial Castrolanda, em Castro (PR).

Apesar da menção a parlamentares nos grampos, a PF não identificou suspeitas de crimes envolvendo os políticos com foro privilegiado. Desde novembro, a Procuradoria da República no Paraná compartilhou com o procurador-geral da República Rodrigo Janot os resultados dos grampos.

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