Grupo político facilita a permanência de tucano, diz especialista
A continuidade de uma mesma pessoa no poder normalmente é questionável e pode comprometer a democracia, mas no caso do vereador João Cláudio Derosso (PSDB), avalia o cientista político Adriano Codato, professor da Universidade Federal do Paraná, o sistema que ele representa é o principal culpado para este continuísmo. Derosso deve ser reeleito pela sétima vez consecutiva para presidência da Câmara de Curitiba.
O vereador João Cláudio Derosso (PSDB) vai concluir em janeiro o sexto mandato consecutivo ou 12 anos ininterruptos como presidente da Câmara Municipal de Curitiba. É o parlamentar que está há mais tempo no cargo na história do Legislativo curitibano. Mas o tucano quer mais. Fontes da Câmara garantem que o nome de Derosso já é dado como certo para mais uma vez ocupar a presidência da Casa. Além do poder político, o cargo garante um salário mensal de cerca de R$ 15 mil, valor 66% superior ao vencimento dos demais veradores (R$ 9 mil). A eleição vai acontecer no dia 2 de janeiro, quando as chapas serão apresentadas para votação aberta dos vereadores. Eleição simples: vence quem tiver mais votos.
A principal "promessa de campanha" é a reforma do prédio histórico da Câmara. "Está em andamento um estudo para calcular os gastos desta obra, que deve durar dois anos (tempo do mandato como presidente). É uma obra delicada porque o prédio é tombado e há a necessidade de manter as características da edificação", conta Derosso.
O tucano, no entanto, pode ter um concorrente. Nada que impeça a reeleição, garantem vereadores ouvidos pela reportagem. O recém-eleito vereador Professor Galdino é quem promete medir forças contra o atual presidente. "É um projeto que o partido está articulando. Quero ser presidente para acabar com este continuísmo. A Câmara só diz amém para o prefeito (Beto Richa). É preciso discutir os rumos da cidade com a sociedade", afirma Galdino. Derosso prefere adotar o discurso de cautela. "Estamos articulando a composição da chapa. Conversando com todos os partidos."
A chapa que Galdino pretende apresentar ainda não está definida. "O partido (PV) está conversando com os vereadores. Mas aqui (Câmara) tem o velho jogo da barganha. Vence quem dá mais", diz. Apesar da indefinição, o PT, conta Galdino, teria se manifestado a favor da idéia. Na formatação da chapa encabeçada por Derosso teria apenas uma indefinição. O PDT, que pode ficar com a primeira-vice-presidência, ainda conversa de acordo com fontes da Câmara de forma mais acalorada para indicar um nome. O mais cotado é Tito Zeglin, que já ocupa o cargo. Nos demais postos da Mesa, os nomes já estariam definidos: além de Derosso e Zeglin, podem permanecer como integrantes da Mesa os vereadores Sabino Picolo (DEM) que deixa a 3ª-secretaria para assumir a 2ª, e Celso Torquato (PSDB) que se mantém na 1ª-secretaria. Da atual composição, deixariam os cargos: Ademir Manfron (PP), 2º-vice, Sérgio Ribeiro (PV), 2º-secretário, e Pastor Gilso de Freitas (PSDB), 4º-secretário. A renovação da atual Mesa se daria com a entrada de Zé Maria (PPS) na 2ª-vice-presidência, Aladim Luciano (PV) na 3ª-secretaria, e o petista Pedro Paulo, na 4ª-secretaria.
Apesar do favoritismo e do recorde de tempo à frente da presidência do Legislativo municipal, Derosso afirma que esta deve ser sua última eleição na Câmara. "Em 2010 vou lançar minha candidatura para deputado federal", adianta. Para trás ficarão, ao que tudo indica, 14 anos de presidente da Câmara de Curitiba.
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