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Vacarezza: desafio para que o promotor prove as acusações | Rodolfo Stuckert/Ag. Câmara
Vacarezza: desafio para que o promotor prove as acusações| Foto: Rodolfo Stuckert/Ag. Câmara

São Paulo - Pode ultrapassar a cifra de R$ 100 milhões o total do desvio de recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), calcula o promotor de Justiça José Carlos Blat, da 1.ª Promotoria Criminal de São Paulo. "A movimentação sob suspeita indica que o rombo supera R$ 100 milhões", disse Blat, após análise parcial de 8,5 mil extratos bancários da cooperativa, relativos ao período de 2001 a 2008. O promotor está convencido de que uma fatia desse montante foi destinada a campanhas eleitorais do PT , inclusive para a campanga da primeira eleição presidencial de Lula, em 2002. O promotor não apontou valores exatos que teriam tomado esse rumo porque, alega, depende de outras investigações.

Na sexta-feira, Blat requereu a quebra do sigilo bancário e fiscal de João Vaccari Neto, que presidiu a cooperativa até fevereiro deste ano, quando deixou o cargo para assumir o posto de tesoureiro do PT. Também foi pedida uma devassa nos investimentos de dois ex-diretores da entidade, Ana Maria Érnica e Tomás Edson Botelho Fraga. O promotor quer agora o bloqueio das contas da Bancoop.

De acordo com reportagem da revista Veja desta semana, a direção da Bancoop movimentou R$ 31 milhões em cheques para a própria cooperativa. Esse tipo de movimentação seria uma forma de não revelar o destino do dinheiro. Segundo a denúncia, dirigentes da cooperativa teriam criado empresas fantasmas que prestavam serviços superfaturados e faziam doações não contabilizadas ao PT. Para Blat, há indícios de caixa 2, uma vez que os recursos repassados ao partido não constam dos registrados da Justiça Eleitoral.

"Os dirigentes da cooperativa transformaram-na em negócio lucrativo, utilizando os benefícios da lei para lesar milhares de cooperados que aderiram, através de contratos, para a construção de moradias. Uma parte desse dinheiro foi para o PT, outra parte para o enriquecimento ilícito de ex-dirigentes da Bancoop", afirma o promotor.

Vaccari Neto nega as acusações de Blat e faz um desafio ao promotor. "Blat tinha que colocar o que diz nos autos. O fato é que não existe nenhum processo contra dirigentes da Bancoop na época, nem contra mim, nem contra outros. Ele (promotor) faz agitação eleitoral, mas não coloca nada disso nos autos. É inalienável o direito de defesa de qualquer cidadão."

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), também desafiou o promotor. Vacarezza disse que, se o Blat comprovar que houve saques em dinheiro, o petista renuncia ao seu mandato na Câmara.

Para o advogado da Bancoop, o criminalista Pedro Dallari, "é maluquice" a estimativa do promotor sobre desvio superior a R$ 100 milhões. "Eu não sei nem de onde ele tirou isso. Hoje a cooperativa é credora, ela tem a receber dos cooperados." O criminalista também nega desvios.

Troca

Devido às denúncias envolvendo o novo tesoureiro do partido, setores do PT já cogitam contratar um "executivo" para comandar as finanças da campanha da ministra Dilma Rousseff ao palácio do Planalto. Dirigentes da sigla procuraram afastar qualquer possibilidade de Vaccari exercer as duas funções e assim contaminar a campanha de Dilma.

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