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A presidente Dilma Rousseff desistiu nesta sexta-feira (26) de anunciar mais ministros que farão parte de seu governo. Havia a expectativa de que nessa leva fossem divulgados os cargos que ficariam com petistas, mas a pressão de correntes internas da legenda insatisfeitas com a perda de espaço no Planalto foi um dos motivos que levaram ao adiamento. A presidente retorna de Salvador (BA), onde descansa na Base Naval de Aratu, na segunda e deverá finalizar as negociações dos últimos nomes da equipe. Ela ainda precisa anunciar quem comandará 22 ministérios a partir de 1º de janeiro, e, nos últimos dias, os nomes definidos para as pastas reservadas ao PT têm gerado tensão entre a presidente Dilma e as correntes do partido ligadas ao ex-presidente Lula, que acha que está tendo um esvaziamento no Planalto.

Na última terça-feira, Dilma passou a maior parte do dia reunida com auxiliares mais próximos discutindo as vagas que ficarão com o PT. Essas conversas se estenderam para a manhã de quarta-feira, antes dela embarcar para a Bahia.

Embora já tenha decidido indicar o atual comandante da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ricardo Berzoini, para as Comunicações, como queria o partido e era de interesse do próprio ministro, petistas ainda resistem à escolha que Dilma fez para a SRI, pasta responsável pela articulação política do governo: o deputado Pepe Vargas (PT-RS).

Além de considerarem que Pepe não tem perfil para a função, o ex-presidente Lula e a principal corrente petista, a Construindo um Novo Brasil (CNB), estão contrariados com a perda de espaço no Palácio do Planalto. Pepe é da ala interna Democracia Socialista, que atua em conjunto com a segunda maior corrente petista, a Mensagem. Já Berzoini é próximo de Lula e pertence à corrente majoritária do PT, a CNB.

Outra baixa na turma do ex-presidente será a troca de Gilberto Carvalho por Miguel Rossetto na Secretaria-Geral da Presidência. Rossetto também é da Democracia Socialista, mesma corrente de Pepe e pessoa de confiança de Dilma, de quem é próximo desde quando a presidente trabalhava no Rio Grande do Sul.

Ao lado da política econômica, a articulação política é uma das áreas mas sensíveis do governo. A escolha de Pepe para a SRI surpreendeu o PT. Ele é um deputado de pouca expressão política e não é considerado à altura da função por Lula nem por dirigentes petistas. Antes de deixar o MDA percorreu o País distribuindo tratores e caminhões junto com Dilma.

O ex-presidente prevê um cenário difícil para o governo no Congresso no próximo ano, com uma oposição mais aguerrida; uma base aliada pouco fiel; a eventual eleição do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara; e com possíveis turbulências decorrentes do escândalo de corrupção na Petrobras.

O enfraquecimento da CNB e do grupo de Lula ocorre justamente no momento em que o partido cobrava maior participação e influência no governo. O sucesso do segundo mandato de Dilma é considerado fundamental pelo partido para fazer seu sucessor em 2018, após 16 anos no comando do governo federal e seu consequente desgaste.

PDT continuará no Trabalho

Além de ter perdido os ministérios da Educação e da Fazenda, o PT não deve conseguir o Ministério do Trabalho, como desejava para fortalecer a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Dilma chegou a oferecer ao presidente do PDT, Carlos Lupi, que o partido trocasse essa pasta, comandada atualmente pelo partido, pelo Ministério da Previdência, o que não foi aceito. O ministro Manoel Dias (Trabalho) deve permanecer no posto. Já o deputado André Figueiredo (PDT-CE), que aspirava ao cargo, deve assumir a liderança da bancada do PDT na Câmara.

Na última quarta-feira, Berzoini se reuniu com Dilma e ficou praticamente acertado que ele deve ir para as Comunicações. Não está definido, no entanto, se essa pasta vai incorporar a Secretaria de Comunicação Social, que faz a gestão das verbas publicitárias do governo. Nesse mesmo dia, Dilma acertou com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), a transferência do ministro Gilberto Occhi, atualmente no Ministério das Cidades, para Integração Nacional. O PP preferia permanecer nas Cidades, mas não teve escolha. A pasta foi destinada a Gilberto Kassab (PSD).

Entre os nomes que devem ser anunciados na próxima segunda estão o do deputado eleito Patrus Ananias (PT-MG) para o Desenvolvimetno Agrário e do vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) para Transportes. O mais cotado para a Cultura é o petista Juca Ferreira. A presidente deve anunciar ainda a permanência dos ministros Ideli Salvatti (Direitos Humanos), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Tereza Campello

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