Com a ameaça de rebelião de seus aliados no Congresso, a presidente Dilma Rousseff prometeu nesta terça-feira (6) ampliar o diálogo com os senadores para discutir projetos de interesse do governo que tramitam na Câmara e no Senado. Serão realizadas reuniões quinzenais no Palácio do Planalto com os aliados em resposta à principal queixa dos congressistas que apoiam o governo Dilma: a falta de diálogo com o Planalto.
Nos dias em que Dilma não puder participar das reuniões, elas serão conduzidas pelo vice-presidente Michel Temer ou pela ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
O mal estar com a base aliada ganhou força durante o recesso parlamentar, quando líderes governistas ameaçaram derrubar vetos da presidente e votar projetos da "pauta bomba" que pode trazer prejuízos financeiros aos cofres da União.Um dos primeiros testes da presidente será a votação de vetos presidenciais em sessão do Congresso, marcada para o dia 20 de agosto. Antes da análise dos vetos, Dilma prometeu promover uma das reuniões com os congressistas para discutir a votação.
"Eu questionei a presidente por que, quando chegam projetos no Congresso sem serem debatidos com o governo, o que digo aos meus liderados? Essas conversas podem reduzir os vetos presidenciais, que são sempre constrangedores para a presidente", disse o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE).
Líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) afirmou que a presidente deu início a uma "fase ampliada" de interlocução com os seus aliados, o que é positivo para o Planalto. "Vamos ter as reuniões para discutir questões estratégicas do governo. Sempre vai estar presente, além dos líderes, o presidente da comissão onde tramita a proposta em discussão", explicou Braga.
Em sinal de que os aliados podem atender ao apelo do Planalto, os líderes do Senado decidiram hoje adiar a votação do projeto que institui passe livre no transporte público. Como ainda não há identificação das fontes de recursos para bancar a gratuidade, a proposta vai tramitar por pelo menos duas comissões antes de seguir para o plenário: a de Constituição e Justiça e a Comissão de Assuntos Econômicos.
O Planalto teme a aprovação da proposta sem a respectiva fonte de financiamentos, o que pode ampliar o déficit da União.
Médicos
Dilma se reuniu no Palácio do Planalto com os líderes aliados no Senado. A medida provisória do programa "Mais Médicos" foi o tema principal da conversa. Além de pedir empenho dos governistas para a aprovação da proposta, a presidente aceitou sugestão dos senadores para a votação de PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que acaba com o regime de exclusividade de médicos nas Forças Armadas --o que permite que sejam enviados para atender cidades do interior.
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) fez uma apresentação sobre a medida provisória aos senadores, que prometeram aprovar a matéria, mas com mudanças a serem impostas pelo Congresso. Uma delas poderá permitir às universidades privadas a aplicação do Revalida a médicos brasileiros formados no exterior, competência que hoje é das universidades públicas.
Outra sugestão dos senadores é ampliar a remuneração dos residentes médicos no interior para estimular a ida para pequenas cidades.
A comissão mista do Congresso que vai analisar a medida provisória deve ser instalada amanhã. Há uma disputa entre o PTB e o PMDB pela presidência da comissão. Na reunião com Dilma, o senador Gim Argello (PTB-DF) reivindicou oficialmente o comando da comissão depois que Eunício Oliveira disse que o cargo era do PMDB.
Dirigindo-se ao líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), Gim disse que o sistema de rodízio de presidentes e relatores das comissões mistas prevê que o cargo seja agora do bloco comandado pelo PTB. Gim quer indicar o senador Eduardo Amorim (PSC-SE), que é médico, para conduzir os trabalhos da comissão. O PMDB, por sua vez, defende a indicação do senador João Alberto (PMDB-MA).
O vice-presidente Michel Temer entrou em cena e pediu para que os líderes definam o impasse no Congresso, e não durante o encontro com Dilma. "É claro que coloquei essa questão na reunião, estavam todos os líderes presentes. Eu disse ao líder Pimentel que deve ter algum engano nessa indicação", afirmou Gim.
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