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A presidente Dilma Rousseff convocou nesta segunda-feira (5), no Palácio do Planalto, uma reunião com 21 ministros para desconstruir o discurso de economistas e as críticas recentes desferidas contra sua política econômica.

O ministro Marcelo Neri (Secretaria de Assuntos Estratégicos) apresentou ao alto escalão do governo dados que subsidiam o argumento de que, apesar de os dados econômicos mostrarem desaceleração da economia, há, nos últimos onze anos, crescimento na renda dos brasileiros.

As informações foram coletadas a partir da Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, e organizadas sob o nome "Desenvolvimento Inclusivo Sustentável? - As Novas Transformações Brasileiras". Após a audiência, o ministro explicou parte dos números apresentados.

Segundo Neri, "os dados mostram que a desigualdade cai e continua caindo. E a renda média das pessoas continua subindo, independente da situação macroeconômica"."O brasileiro em suas casas está tendo um desempenho bem acima do desempenho que as contas nacionais e a maior parte dos economistas analisa. Em qualquer dimensão", disse.

Ele afirmou que a desidratação do PIB (Produto Interno Bruto), que serve para quantificar o crescimento da economia a partir da soma dos valores de tudo que é produzido no país, não é suficiente para analisar o desempenho econômico do governo.Em vez disso, deu ênfase à variação anual da renda, que cresceu em média 3,5% desde 2005. A renda mediana, isto é, que abrange o valor central da amostragem, cresceu 7,1%.

"Não diria que é um erro [analisar a economia só pelo PIB]. O mercado está preocupado em precificar ativos. Agora, se o seu objetivo é entender como que vai a vida das pessoas, de fato acho que há uma análise incompleta", disse o ministro. A ideia defendida pelo ministro é que há uma contínuo "descolamento", conduzido durante os anos de governo Lula e Dilma, entre a renda e o mercado de trabalho e o desempenho econômico.

"O descolamento continua. Vejo as pessoas fazendo a análise nos últimos anos dizendo que vai descolar, vai desacelerar, mas o mercado de trabalho [não desacelera]. Para mim, a grande prova de resistência dessa nova classe média é a classe média continuar crescendo apesar do desempenho pior da economia. Até agora, não existe evidência."

InflaçãoSegundo os dados expostos pelo ministro, houve, durante o primeiro semestre de 2013, queda no crescimento da renda da população -- o que ajuda, segundo ele, a explicar o fenômeno das manifestações de junho. Os gráficos mostram que, a partir de fevereiro de 2013, houve perda na renda domiciliar per capita de -0,54%. Em junho, havia recomposição de 1,28%, depois de uma sequência de perdas.

Questionado se a inflação poderia ter contribuído para esse cenário de queda e se isso poderia explicar as manifestações, disse: "Eu acho que o fenômeno das manifestações é um fenômeno bem complexo, ele tem múltiplas dimensões (...). Eu acho que a economia e principalmente a economia que importa às pessoas, o dinheiro no bolso, o trabalho, o poder de compra da renda das pessoas, de fato teve esse tropeço no primeiro e no segundo trimestre do ano passado, os dados mostram com clareza", disse.

"Isso em parte capta o efeito da inflação, você teve a renda real que cresceu menos do que a inflação cresceu, acelerou naquele período. (...) Mas acho que não é só isso, eu acho que, além disso, você tem um fenômeno redes sociais (...). Mas eu diria que é um conjunto grande de fatores, mas, vamos dizer, o PIB não ajuda a explicar. Ele dificulta", continuou.

EfetivaçãoNeri, que foi efetivado no cargo de ministro hoje, afirmou que já sabia de sua promoção desde o fim do ano passado, quando, em um jantar em dezembro no Palácio da Alvorada, Dilma avisou que tornaria sua condição de chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) definitiva.

Questionado se o erro na pesquisa do Ipea, órgão associado à SAE, que, em março, divulgou números equivocados sobre pesquisa de violência contra a mulher, não depôs contra sua permanência, disse que o fato adiou a nomeação. No entanto, minimizou o ocorrido: "Estou sendo promovido. Virar ministro é uma promoção. Acho que mostra a qualidade do meu trabalho", disse.

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