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Richa e Alvaro saem do prédio em que mora Sérgio Guerra, em Brasília: sorrisos, apesar das rusgas | Wenderson Araújo/Gazeta do Povo
Richa e Alvaro saem do prédio em que mora Sérgio Guerra, em Brasília: sorrisos, apesar das rusgas| Foto: Wenderson Araújo/Gazeta do Povo

Data-limite

22 de fevereiro, o dia D

Euclides Lucas Garcia

A executiva estadual do PSDB agendou uma reunião do diretório local para o próximo dia 22, quando será indicado "em caráter irrevogável"o nome do pré-candidato tucano ao governo do Paraná. A reunião, no entanto, tende a ser apenas uma formalidade, já que ontem todos os membros da executiva reiteraram o apoio à indicação do prefeito Beto Richa como o pré-candidato tucano.

A decisão foi tomada em um encontro de dirigentes estaduais do partido. Eles reclamaram com o presidente da legenda no Paraná, deputado estadual Valdir Rossoni, de que vêm sendo intensamente cobrados no interior do estado sobre a razão de Richa ainda não ter sido oficializado como candidato.

"Tenho um respeito muito grande pelo Alvaro (Dias), mas ele está atrapalhando a candidatura do PSDB. Ele sabe que o nome do Beto é irreversível", declarou o deputado estadual Francisco Bührer. "Uma vaidade pessoal não pode prejudicar o PSDB. É o momento do Beto."

Apesar de pressionado pelos companheiros de partido, Rossoni alegou que, por prudência, o partido não poderia tomar qualquer decisão ontem sem consultar todo o diretório. Por isso, marcou a reunião para o dia 22, quando o PSDB espera homologar o acordo entre Beto e Alvaro – se ele tiver ocorrido até lá. Caso contrário, escolherá Richa.

- Brasília - A disputa entre o prefeito Beto Richa e o senador Alvaro Dias pela candidatura do PSDB ao Palácio Iguaçu passará pelo aval do governador de São Paulo e pré-candidato tucano à Presidência, José Serra. Os paranaenses estiveram reunidos ontem em Brasília com o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), que vai le­­­var a questão a Serra. A resposta de­­­ve sair até amanhã.

"O país e o PSDB são bem maiores do que eu sozinho", disse Guerra, justificando a decisão de estender a negociação ao governador paulista. De acordo com a avaliação interna do partido, o Paraná transformou-se em um estado fundamental na provável e cada vez mais acirrada disputa presidencial polarizada com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). "Seria decisivo somar o maior número de votos entre os paranaenses para compensar uma possível derrota no Norte do país", afirmou Alvaro.

Apesar dos rumores de que haveria uma intervenção branca da cúpula nacional tucana no estado, Guerra procurou valorizar a a direção estadual e disse que não haverá interferência nas decisões locais. "A executiva do estado tem autonomia para fazer o que bem entender", afirmou o presidente do partido. Ele também considerou o encontro de ontem positivo porque retirou "mais algumas barreiras" para a construção de um acordo entre os dois pré-candidatos.

O posicionamento pela não intervenção favorece Richa, que tem apoio da maioria da executiva local e do presidente estadual do partido, deputado estadual Valdir Rossoni. Após a reunião, ficou definida a realização de um encontro do diretório paranaense para o próximo dia 22. A ideia é que o evento referende a decisão que será anunciada amanhã (leia mais sobre esse encontro no quadro ao lado).

Por outro lado, a protelação do anúncio do candidato prejudica Richa, que terá de renunciar ao mandato de prefeito até o dia 3 de abril, por determinação da Lei Eleitoral. "Não digo que é minha questão. É a base do partido que já não aguenta mais esperar e está cobrando uma definição", disse o prefeito.

Desgaste

A reunião de ontem foi mais um episódio do conflito entre o prefeito e Alvaro, que competem pela indicação tucana desde dezembro do ano passado. Ambos aparecem com performances similares nas pesquisas de intenção de voto em comparação com os mais prováveis adversários – o senador Osmar Dias (PDT) e o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB). A vantagem deles para Osmar varia entre quatro e dez pontos porcentuais.

"Todas essas últimas reuniões ocorreram a contragosto, mas devem servir para nos deixar mais unidos", declarou Beto. Inicial­­mente, a decisão deveria ter sido anunciada na última sexta-feira, mas foi adiada a pedido de Guerra.

"Não vejo razão para haver esse desespero, mas também acho que não há mais necessidade de mais medidas protelatórias", disse Alvaro. Por enquanto, os dois lados se esforçam para demonstrar que não há fissuras no partido. Na prática, porém, não conseguem esconder as rusgas.

Sorrisos e poucas palavras

Ambos saíram sorridentes do encontro de ontem, que durou cerca de uma hora e meia (entre as 9h e 10h30), no apartamento de Sérgio Guerra na Asa Sul de Brasília. Apesar disso, relutaram em comentar o teor da conversa. Mas garantiram que não vão questionar a decisão final.

O porta-voz da reunião, segundo eles, seria Guerra – que foi evasivo nas respostas para evitar problemas entre as duas partes. Richa saiu com pressa, alegando que tinha um voo no final da manhã para Curitiba, mas continuou na capital federal por algumas horas. Alvaro foi direto para a sessão da Comissão de Cons­­tituição e Justiça do Senado, mas voltou a conversar com Guerra por telefone.

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