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| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Quem é

Gustavo Fruet – PDT

Foi vereador de Curitiba e deputado federal por três mandatos.Nasceu em 1963, em Curitiba.Disputou a eleição para o Senado em 2010.

Embora ainda faltem nove meses para a eleição, o ex-tucano Gustavo Fruet (PDT) parece já estar em clima de campanha. Pré-candidato à prefeitura de Curitiba, vive com a cabeça em 2012 desde o ano passado, quando começou a tentar se viabilizar como candidato. Como não encontrou espaço no PSDB – que deixou clara a opção pela candidatura à reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB) – saiu do partido e se filiou ao PDT.

Agora, o ex-deputado, que era referência de oposição ao governo Lula, vive uma aproximação com o PT. A ala majoritária do partido já indicou a intenção de apoiar Fruet, que luta para que essa aliança seja confirmada. Apesar da contradição, o ex-tucano acredita que essa situação não terá tanto peso para os curitibanos. "A eleição local tem outra característica. Ela é muito mais para discutir o futuro da mobilidade, da segurança, da saúde, que para debater questões que dominam a pauta no Congresso", diz o ex-deputado.

O senhor estava no PSDB e agora está no PDT, podendo ter o apoio do PT. Não é uma contradição?

Quando tomei essa decisão, deixei claro que estava recomeçando. É importante lembrar que eu fui vetado de assumir a presidência do diretório municipal do PSDB. Fui vetado pelo presidente da Câmara, João Cláudio Derosso. E houve um silêncio constrangedor das lideranças do partido. Evidente que não nego nenhuma postura e tenho uma expectativa imensa sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal em relação à denúncia do mensalão. Mas a coligação será em cima de pontos de convergência. Nunca desqualifiquei o PT como instituição, nunca generalizei.

O senhor tem medo de perder parte do seu eleitorado devido a essa aproximação com o PT?

Em política a gente tem de ter a capacidade de assumir posições com argumentos. O que não pode ser é uma relação fisiológica. Quem vai fazer esse julgamento é a população, mas em cima de princípios, de um diálogo e de muitos mais pontos de convergência. Com argumento, há uma compreensão. Evidente que a população vai marcar muito mais sua capacidade de indicar os caminhos para o futuro da cidade do que propriamente um debate ideológico e partidário. A eleição local tem outra característica. Ela é muito mais para discutir o futuro da mobilidade, da segurança, da saúde, que para debater questões que dominam a pauta no Congresso.

O senhor estaria disposto a ampliar as ciclofaixas?

Ampliar o máximo possível.

Qual a opinião do senhor sobre o projeto do metrô de Curitiba?

O importante agora é discutir o modelo econômico, financeiro e jurídico. Saber o preço da tarifa, quem vai pagar, qual o subsídio. Qual será a contraprestação do concessionário para operar o sistema. E o modelo jurídico é para saber se a concessão para o consórcio que vai implantar o sistema será a mesma concessão para o consórcio que irá operar o sistema. É importante abrir esse diálogo antes que seja lançado o edital.

Há muitas críticas ao projeto. Qual a sua opinião?

As críticas são procedentes, mas é sobre algo quase que inevitável. Os recursos [federais e do BNDES] são para esse projeto.

Como melhorar o transporte público?

É preciso haver mais canaletas. Pensar num novo modal não significa excluir os demais. Também não tem sentido Curitiba ainda não ter um sistema integrado de mobilidade. Não ter uma central de controle do sistema de transporte. Nós não conseguimos ainda sincronizar os ônibus com a sinalização. E são necessários investimentos físicos, com o desalinhamento [das canaletas] para a ultrapassagem segura [dos ônibus].

Qual sua opinião sobre o pedágio urbano para Curitiba?

Não é o caso.

O que mais irrita no trânsito?

A demora.

Quais metas sociais o senhor gostaria de atender?

É inacreditável que ainda haja em Curitiba algumas regiões com tamanho grau de miserabilidade. Claro que não podemos esperar que a cidade tenha só classe média e que transfira seus problemas para a região metropolitana. Mas penso em uma cidade equilibrada, com todos os níveis sociais tendo uma condição mínima.

Um lugar favorito em Curitiba.

O prédio da Universidade Federal.

Quem é o curitibano?

Mais da metade dos moradores, atualmente, não nasceu aqui. Isso oxigenou aquele curitibano tradicional, que tem muito orgulho da cidade, que valoriza muito as suas questões. Hoje ele não chega a exacerbar a sua autoestima, mas nem chega ao ponto crítico do Dalton Trevisan.

O curitibano é fechado ou tímido?

A alma do curitibano é aberta, muito receptiva.

Do que mais gosta na cidade?

Gosto dos pontos tradicionais, o Largo da Ordem no domingo, ir à Confeitaria América tomar gengibirra, a Confeitaria das Famílias, um cafezinho na Boca Maldita.

Do que menos gosta?

A cidade passou a ter problemas que antes não marcavam Curitiba. A violência é um deles; a questão da mobilidade também.

Tem algo que o sr. viu em outra cidade que adaptaria a Curitiba?

A tendência de países ricos são cidades médias. No Brasil ainda estamos na contramão, num processo acentuado de crescimento nas regiões metropolitanas. É preciso ter uma desconcentração da cidade.

Costuma andar de ônibus?

Tenho feito uso com frequência como forma de manter contato com as pessoas de diferentes setores, de 3 a 4 dias por semana.

Quando a cidade é mais bonita?

Gosto deste período de férias em que a cidade fica mais tranquila.

Alguma lembrança de uma Curitiba que não existe mais?

Não é que não existe mais, mas tenho lembrança da minha infância, de ir ao Passeio Público com meu pai, ao velho Bar Pasquale, de ser mascote no jogo do Coritiba. Lembro de passear com meus avós aos domingos na Praça 29 de Março. Com minha avó materna, Olivia, ia à Sorveteria do Gaúcho, ao centro da cidade.

Onde o senhor estudou?

A maior parte no Santa Maria.

Algum local que pouca gente conhece que o se­nhor recomendaria a um amigo?

A Lagoa Azul, uma área de areal no Umbará. A cidade também preserva em algumas regiões características muito legais. No Campo de Santana, tem uma área de 15 alqueires rodeada por conjuntos habitacionais, com um sujeito criando galinha, carneiro, porcos e vaca leiteira.

Frequenta alguma feira?

Muitas. Vou muito ao Mercado Municipal e no sábado à Feira do Victor, atrás do Coritiba. Sempre ganho um pastel de graça, de queijo ou de palmito. E domingo vou à Praça 29 de Março.

Tem uma praça favorita?

A que mais me marcou na infância foi o Passeio Público. Na época não tinha o Zoológico [do Boqueirão]. Tudo [os animais] se concentrava lá. Então, para acalmar [os filhos] em casa, o meu pai e a minha mãe convidavam a gente para ir ao Passeio.

Costuma caminhar por Curitiba?

Caminho pelo Alto da XV. Quando eu morava na casa da minha mãe, era ali no Rebouças.

Algum personagem atual de Curitiba que o senhor destaca?

Há figuras em diferentes áreas. Na política, como prefeito, Jaime Lerner; na literatura, o [Cristovão] Tezza; no esporte também tem tanta gente promovendo a cidade. Também há pessoas anônimas que são importantes em suas comunidades. Por exemplo, o Chico Pereira lá no Campo do Santana. Em Santa Felicidade, a dona Flora Madalosso. Na imprensa, o [Luiz Geraldo] Mazza, com um tom crítico e experiência.

E histórico?

Na política, o Bento Munhoz da Rocha.

Como o senhor se define?

Autodefinição é sempre complicado. Como defeito, talvez, me dedicar demais à política. Mas com o tempo, isso veio com um choque de realismo. Entender que a política convive com os extremos, com o que há de pior e de melhor. Quem consegue administrar isso tem vida longa. Por outro lado, determinação. Vê isso como projeto de vida. Faço isso com paixão, paixão lúcida, e gosto disso, me dediquei a isso.

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Leia amanhã a entrevista com Rafael Greca (PMDB)

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