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Eike Batista em visita ao ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada em 2010. | Fabio Rodriguez Pozzebom/Agência Brasil
Eike Batista em visita ao ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada em 2010.| Foto: Fabio Rodriguez Pozzebom/Agência Brasil

No início dos anos 2000, o empresário Eike Batista era mais conhecido como marido da modelo Luma de Oliveira – embora já fosse milionário. Em apenas uma década, ele subiria de status e passaria a ser mundialmente famoso.

Deixava as colunas sociais para estampar as páginas de economia dos jornais como exemplo de sucesso. Era dono de petroleira, estaleiro, portos, mineradoras, empresa de energia, companhias de entretenimento, entre outros empreendimentos.

A revista Forbes o colocou em 2012 como o 7.º homem mais rico do planeta, com uma fortuna de US$ 30 bilhões. Cinco anos depois, atolado em dívidas e cobranças de credores, Eike agora é alvo do noticiário de polícia e política – corrupção na política.

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A ascensão e queda de Eike Batista coincidem com a ascensão e queda do PT (2003-2016). Ele personificou a política dos governos Lula e Dilma de escolher os chamados “campeões nacionais” – empresas brasileiras que receberam generosos financiamentos do BNDES para se tornarem companhias de atuação global. O grupo empresarial de Eike (EBX), por exemplo, teria recebido R$ 10 bilhões do banco estatal para tocar seus projetos.

Hoje se sabe que, em grande medida, o desempenho de vários “campeões nacionais” era fruto de “anabolizantes” – corrupção. Pagavam propina a agentes públicos, davam agrados a autoridades (como a cessão de jatinhos para viagens) ou faziam doações eleitorais a políticos em troca de facilidades nos contratos com o governo e estatais. Eike Batista, por exemplo, doou R$ 5 milhões para o PT na campanha eleitoral de 2012 – ele nega que a contribuição tenha sido feita em troca de alguma contrapartida do governo.

Eike Batista prestou depoimento à CPI do BNDES em 2015.Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Quando a fonte secou, seja em função das investigações da Lava Jato ou da crise de caixa do governo, as “campeãs” passaram a ter de andar com as próprias pernas. Nessa época, o grupo de Eike Batista já enfrentava uma dificuldade adicional criada pelo próprio empresário: ele vendia “vento”.

Muitos dos empreendimentos do empresário não tinham lastro. Por exemplo: ele anunciava a descoberta de campos de petróleo, os investidores compravam ações de sua empresa, Eike se capitalizava. Mas o campo não era viável e dele não saía uma única gota. Os investidores saíam no prejuízo.

Quando a falta de credibilidade da palavra de Eike se espalhou pelo mercado, o valor de suas empresas na bolsa despencou. Foi sua ruína.

O início sob suspeita

A relação de proximidade de Eike Batista com o poder, embora tenha se tornado mais sólida durante a era petista na Presidência, já vinha de muito antes. O pai dele, Eliezer Batista, foi ministro de Estado e presidente da Vale (que era uma estatal federal antes de ser privatizada nos anos 1990).

Eliezer inclusive chegou a ser acusado de ter beneficiado o filho como presidente da Vale, ao repassar a ele informações privilegiadas: dados de minas que a estatal não tinha interesse em explorar, para que Eike entrasse no ramo da mineração nos anos 1980 sem o risco de ter de prospectar lavras que posteriormente se mostrariam improdutivas. A suspeita sempre foi negada pela família Batista e não foi provada. Mas o início da carreira de Eike como empresário de sucesso ficou manchada com a suspeita.

A tentativa de renascer: de “Viagra” a clone de gado

Apesar de ter perdido a maior parte de seu patrimônio e o status de homem mais rico do Brasil, Eike Batista atualmente tentava se recuperar no mundo dos negócios. Desde que entrou em derrocada, concebeu muitos os projetos empresariais: da produção de um genérico do Viagra a pasta de dente especial, passando pela clonagem de gado .

A produção da pasta de dente foi o projeto que mais avançou. O creme dental será à base de um mineral chamado hidroxiapatita, que promete regenerar o esmalte dos dentes e torná-los mais brancos. Em análise na Anvisa, foi batizada de Elysium. No Japão, existe um produto semelhante, vendido ao equivalente a U$ 30 dólares. Aqui, Eike quer vender o tubo da Elysium a R$ 1.

A produção de um medicamento que se dissolve embaixo da língua para combater a impotência sexual também foi uma forte aposta de Eike após sua derrocada. Um acordo de desenvolvimento teria sido firmado com uma empresa farmacêutica sul-coreana, mas o negócio não vingou segundo pessoas próximas ao empresário.

Na Coreia do Sul, Eike também encontrou uma equipe de cientistas dispostas a clonar animais. Segundo a agência de notícias Bloomberg, o empresário teria interesse em clonar gado no Brasil. Uma parceria com uma empresa brasileira de biomassa, que cultiva cana-de-açúcar, também chegou a ser discutida. A ideia seria exportar a biomassa para o Reino Unido, com objetivo de ser usada em usinas para gerar eletricidade.

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