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A disputa para a prefeitura de Londrina está não só acirrada, mas também polarizada, segundo cientistas políticos. De um lado estão os eleitores cativos de Antonio Belinati (PP), a maioria deles composta por pessoas de renda mais modesta e menos escolaridade. Do outro, os que optam por Luiz Carlos Hauly (PSDB), geralmente de maior escolaridade e renda. A nítida divisão, segundo os estudiosos, deve-se mais à presença de Belinati no segundo turno do que a de Hauly, propriamente dita.

Ex-prefeito londrinense por três vezes, Belinati tem grande apelo entre as classes populares, conforme aponta o cientista político Mário Sérgio Lepre. "É uma divisão bem clara, uma característica do Belinati, especificamente. Se fosse outro candidato no segundo turno, como o do PT, seria a mesma divisão. Talvez mudasse com a presença de Barbosa Neto (PDT), que tem mais penetração na classe popular e poderia retirar votos de Belinati", explica. Lepre fala que o candidato tem consciência plena de seu eleitorado, tanto que foca seus esforços nele. "A sua campanha é feita para o seu eleitor, ele quase não busca outros nichos, pois sabe que seu eleitorado é fiel e tem peso para decidir uma eleição", afirma.

A tese é confirmada pelo também cientista político Elve Miguel Cenci, professor de ética e filosofia política da Universidade Estadual de Londrina (UEL). "Belinati tem essa percepção e a usa para formar um quadro antagônico, em que de um lado (do seu) estão ‘os pobres’, e do outro, ‘os ricos’. Tanto que a sua linguagem é mais popular e didática, e ele lança mão de um discurso populista, em que se coloca como protetor do povo". Cenci ressalta, no entanto, que não se pode esquecer que ele atinge também outros tipos de eleitores, de maior renda e escolaridade, o que pode fazer a diferença na hora da abertura das urnas. "É por isso que ele tem grande popularidade na Zona Norte (de Londrina), área que concentra indivíduos de diferentes classes sociais e níveis escolares, mas que são fiéis a ele até por ele ter seu nome à construção da identidade da região."

Hauly, embora tenha seu eleitorado específico – fortemente localizado no centro da cidade – teve um grande crescimento no segundo turno mais ligado à rejeição de Belinati do que à fidelização, diz Lepre. "O típico eleitor de Hauly é o de classe média instruída, extrato que sozinho não é capaz de decidir uma eleição. Mas no segundo turno ele absorve outras fatias, como o eleitor do PT e do (Luiz Eduardo) Cheida (PMDB), que votarão no Hauly porque não querem que Belinati vença", afirma.

O maior desafio do tucano, portanto, é garimpar votos em outros filões, argumenta Cenci – o que Hauly teria conseguido no primeiro turno, ao adotar uma estratégia fundamental. "A inserção de (Carlos) Camargo (apresentador de um programa policial veiculado em uma emissora local) na campanha de Hauly foi crucial para conquistar votos na camada mais popular, levando-o para o segundo turno."

O próximo obstáculo, segundo o professor, é tentar conquistar os indecisos, já que os que votam em Belinati dificilmente mudarão seu voto, independentemente dos ataques que Hauly possa coordenar. "A estratégia de ‘partir para cima’ certamente tem impacto, não entre os que votam em Belinati e sabem das acusações que foram feitas contra ele e encaram-nas, inclusive, como uma perseguição. É, provavelmente, dirigida entre os que estão indecisos ou que declararam voto branco ou nulo. É uma forma de Hauly convocar o eleitor de que seu voto pode ser o diferencial."

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