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José Serra: crítica ao Banco Central pode ter custado  caro ao candidato | Sérgio Moraes / Reuters
José Serra: crítica ao Banco Central pode ter custado caro ao candidato| Foto: Sérgio Moraes / Reuters

Os candidatos à Presidência que não falam exatamente aquilo que o mercado financeiro quer ouvir podem ter problemas até mesmo para conseguir financiamento para sua campanha. Por isso o economista Décio Munhoz, professor da Universidade de Brasília (UnB) acredita que os candidatos têm feito discursos muito semelhantes.

Munhoz observa que o único candidato que ousou questionar a autonomia do Banco Central foi o tucano José Serra. "Ele disse que era necessário rever a independência do Banco Central e o mercado imediatamente torceu o nariz. Não é à toa que ele vem tendo dificuldades para financiar sua campanha", disse.

Os demais candidatos, de acordo com Munhoz, se apressaram em avisar que não pretendem fazer mudanças em relação à questão cambial, à política de juros e à independência do Banco Central. "O mercado gostou de ouvir isso", afirmou o economista, alertando para a situação ainda instável no contexto internacional.

Para Munhoz, a manutenção da política econômica implementada no Brasil nos últimos anos vem sendo a tônica das eleições presidenciais deste ano. Os recentes sucessos econômicos no país são vistos como motivadores do voto e, neste contexto, os candidatos se esforçam para dizer que nada, ou pouquíssima coisa, tem que mudar.

Para o especialista, no entanto, os desafios estruturais da economia precisam ser enfrentados. E o discurso atual dos candidatos pode representar uma posição insustentável diante da crescente deterioração do balanço de pagamento no Brasil.

"Nenhum governo, ou nenhum candidato vai falar sobre isso. Nenhum governo faz ajustes nesse sentido em ano eleitoral. Os candidatos estão falando o que o mercado quer ouvir e o mercado financeiro está preocupado em continuar ganhando dinheiro rápido e fácil. Mas se trata de uma situação insustentável", disse.

Crescimento

Fazer o Brasil crescer com uma inflação controlada será o grande desafio do próximo presidente da República, na opinião do economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas. Para Braz, trata-se de um desafio muito mais difícil de alcançar do que a antiga bandeira do combate à inflação, presente em todas as campanhas nos últimos 25 anos.

"O Brasil precisa crescer. E crescer mantendo a inflação em níveis adequados. Atualmente, estamos crescendo porque o Brasil e o mundo estão em uma fase de recuperação. Mas é necessário manter o ritmo. Isso é mais complicado", disse Braz, que também comparou com os níveis de crescimento durante a crise.

Para o economista Newton Rosa, o clima no mercado financeiro em relação às eleições para presidente da República deste ano é de "tranquilidade". "Não há nenhuma ameaça ao que já foi conquistado. Não há nenhum candidato com alguma ideia exótica ou mudanças radicais na economia. A tônica dessas eleições tem sido a continuidade", afirmou.

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