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“Tenho dificuldade para fazer essa avaliação porque sou filho. Eu amo meu pai. Compreendo a curiosidade, mas para mim é difícil julgar", Sobre o pai, o ex-ministro José Dirceu | Albari Rosa / Gazeta do Povo
“Tenho dificuldade para fazer essa avaliação porque sou filho. Eu amo meu pai. Compreendo a curiosidade, mas para mim é difícil julgar", Sobre o pai, o ex-ministro José Dirceu| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Zeca Dirceu (PT) acaba de se tornar deputado federal. Não com a votação arrebatadora que projetavam os institutos de pesquisa, que o colocavam ao lado de Anthony Garotinho e ACM Neto como possíveis campões de popularidade no país. Mesmo assim não tem do que reclamar. Foi o segundo mais votado do partido no Paraná, com 109.565 votos, atrás apenas de André Vargas (151.769). O ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste, pequeno município no Noroeste paranaense, esteve ontem na Gazeta do Povo. Falou, entre outras coisas, do que pretende fazer em Brasília, da capacidade de atrair investimento, da prisão recente por boca de urna e da dificuldade de falar sobre o pai, o ex-ministro José Dirceu, um dos pivôs do caso Mensalão. "Compreendo a curiosidade, mas para mim é difícil julgar", afirmou.

O senhor foi preso no domingo em Campo Mourão acusado de fazer boca de urna. O que aconteceu?

Foi um grande equívoco, na verdade. Não sei se o promotor foi induzido ou se recebeu informações erradas. Não estava pedindo voto, distribuindo material. Simples­­­mente estava circulando, acompanhando a votação nos colégios. Chegaram e já pediram para me encaminhar à delegacia para prestar esclarecimentos. Não houve flagrante. Vou passar uma borracha, mas claro que fui prejudicado, injustiçado.

Em agosto, recebeu uma multa de R$ 5 mil por ter usado seu blog para fazer propaganda antecipada para Dilma Rousseff (PT).

De fato eu me exaltei um pouco. Pedi para a militância ir às ruas de forma pública. O juiz entendeu assim [pela aplicação da multa]. Não acho que atrapalha, é um mérito. Mostra que eu sempre me dediquei ao máximo, nunca achei que a eleição estava ganha. Para quem me apoia, o meu povo, só acrescenta, não me tira nada.

O Ministério Público também abriu investigação por suspeitar que o senhor usava a estrutura do Palácio do Planalto para beneficiar cidades do Noroeste do Paraná, ganhando com isso vantagens políticas.

Uma denúncia que já passou por várias instâncias e foi considerada inconsequente. Estou com razão. Fiz o que todo mundo faz, defender os interesses da cidade que eu tenho relação. Sempre dei muita publicidade ao que fiz.

Ainda sobre esse tema, entre 2008 e 2009 Cruzeiro do Oeste, a cidade que o senhor administrava, recebeu proporcionalmente mais recursos do governo federal do que São Paulo. A quem o senhor credita essa boa relação?

É um mérito que me orgulho muito. E que o Paraná daqui a algum tempo seja objeto deste mesmo questionamento. Que o estado receba mais recursos que a média nacional. Isso é fruto de vários fatores: relação política, esforço pessoal, boa equipe para preparar os projetos, boa percepção do que está acontecendo para aproveitar as oportunidades. É o que todos os parlamentares fazem. Vou fazer isso à exaustão.

Mas ser filho do José Dirceu, um dos expoentes do PT e com acesso quase que livre ao governo federal, não influenciou?

Tenho dificuldade para fazer essa avaliação porque sou filho. Eu amo meu pai. Compreendo a curiosidade, mas para mim é difícil julgar. Tenho minha história, meu caminho, minha trajetória. São coisas distintas.

Se o senhor puder então comparar o político Zeca Dirceu com o político José Dirceu. O que há de parecido?

A determinação, a disposição para o trabalho. Disposição para fazer política 24 horas.

E as diferenças?

Difícil, muito difícil. Não me peça para julgar meu pai, me sinto impedido.

Uma das frases que é atribuída a ele diz que, em uma reunião informal, teria dito que "quem manda neste país era o José Dirceu". Isso é verdade?

Isso não existe.

Qual a aspiração do seu pai no cenário político?

É um líder do nosso país, um político independentemente de suas relações com o PT. É um membro do diretório nacional que tem vivência do que aconteceu no país nos últimos 40 anos. A grande prioridade dele é ser julgado [foi cassado, perdendo o mandato de deputado federal e os direitos políticos por oito anos em 2005, no caso Mensalão]. Não faz nada enquanto isso não for resolvido.

O senhor se reuniu ontem com o senador Osmar Dias (PDT). Como ele recebeu a derrota na disputa pelo Palácio Iguaçu?

Não demonstrou mágoa alguma. Esses boatos maldosos também atrapalharam a candidatura dele, que vinha crescendo. Ele gostou da postura do PT, percebeu o grande empenho durante a campanha. Dentro do PT ele ganhou muito espaço, muita credibilidade. Fechou um pacto, uma aliança que vai durar muito tempo. O Lula e a Dilma são muito gratos a ele, pela coragem de sair candidato.

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