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Ex-presidente da República, o senador José Sarney (PMDB-AP) subiu nesta terça-feira (26) na tribuna do Senado para fazer campanha eleitoral em favor de Cláudia Lyra, ex-secretária geral da Mesa do Senado, candidata a deputada federal pelo Distrito Federal.

Sarney não tem como hábito fazer discursos na tribuna do Senado, mas disse que tinha um "dever a cumprir" ao pedir votos para Cláudia Lyra - filiada ao PMDB, partido do senador. A ex-secretária geral da Casa foi indicada para o cargo por Sarney, em 2007. Era servidora concursada do Senado e se afastou da função este ano para se candidatar a uma vaga na Câmara dos Deputados.

Em 2008, ano em que foram reveladas denúncias de nepotismo no Senado, Cláudia Lyra mantinha três parentes empregados na instituição: duas filhas e um cunhado. A mãe de Lyra é servidora aposentada do Senado e a irmã também é servidora efetiva da Casa, que está afastada.

Enquanto secretária-geral, Lyra também recebia salário acima do teto constitucional de R$ 26,7 mil. Ao deixar a secretaria-geral da Mesa, ficou lotada na Presidência do Senado, comandada pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado de Sarney. Lyra recebe mensalmente R$ 22,1 mil de remuneração no Legislativo.

A ex-secretária da Mesa também estava no cargo durante o escândalo dos chamados "atos secretos", não publicados pela instituição, que nomearam parentes de congressistas para o Senado - entre eles, do próprio Sarney.

Sarney discursou para um plenário esvaziado, com apenas três suplentes de senadores presentes, já que os congressistas estão liberados para fazer campanha eleitoral nos estados até outubro sem cortes nos salários. O peemedebista interrompeu o "recesso branco" para pedir que os servidores da instituição votem em Cláudia Lyra.

"Eu peço que todos aqui que são eleitores desta cidade procurem conhecer a história de Claudia Lyra, porque nós aqui, no Senado, os funcionários todos conhecem a maneira sempre correta como ela se conduziu, de maneira que nunca ninguém, em nenhum momento, teve senão oportunidade de louvar a sua personalidade e o seu trabalho", afirmou.

Sarney exaltou o fato da família de Cláudia Lyra ocupar cargos na instituição. "Quando eu fui presidente, minha chefe de gabinete também era irmã da Cláudia Lyra. Portanto, acho que é um orgulho para o funcionalismo da Casa ter uma pessoa de tamanha competência aqui." O senador disse que a ex-secretária geral do Senado vai "melhorar a sorte das pessoas" e "fazer alguma coisa para mudar até o mundo".

Sarney afirmou que, como o senador mais antigo da Casa e da "história da República", tinha que interromper o recesso para defender a servidora. O peemedebista ironizou sua condição de mais antigo ao afirmar que, na Academia Brasileira de Letras, todos os eleitores que o escolheram para a cadeira já estão mortos.

"Eu sou decano na Academia Brasileira de Letras, e significa também ser o mais antigo, mas não é uma boa coisa. Significa - na Academia, aqui não, graças a Deus -, na Academia significa que todos que votaram na gente já morreram. Então, a gente sente chegar a nossa vez, não é? Então é um caso diferente aqui do Senado Federal", discursou.

Ex-diretor geral do Senado, Agaciel Maia se elegeu deputado distrital em 2010. Ele foi o pivô do escândalo dos "atos secretos" por assinar grande parte das medidas não publicadas. Este ano, o parlamentar concorre a um novo mandato na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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